Maior consumo de carnes no mundo aumenta necessidade de incremento na produção de grãos
Nesta quinta-feira (5), os preços encerraram negativos para o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT), no entanto, a quarta-feira foi marcada por uma alta de 20 cents na soja puxada pela alta do farelo, principalmente devido aos alagamentos e as chuvas na Argentina - com algumas localidades recebendo mais de 300mm.
Hoje à tarde, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA) divulgou em seu boletim que a área de soja da Argentina deverá ter uma queda de 300.000 hectares. O analista Marcos Araújo, da Lansing Trading Group, lembra também que o clima adverso em regiões do Brasil, como o estado de Goiás, também pode ter influenciado nos números.
O analista mostra também alguns dados que demonstram ao aumento do consumo de carnes no mundo a partir de 2006. A carne de frango cresceu 39%, a suína, 39% e a carne bovina, 5%. Ele lembra que os fenômenos da urbanização e o aumento de renda fez com que houvesse uma mudança de alimentação mundial. Como a soja e o milho são a base da alimentação de suínos, isso gera também uma maior demanda por grãos, que aumentou em 20% para o trigo, 41% para o milho e 46% para a soja no mesmo período.
Na China, especificamente, o crescimento da produção de carne suína é expressivo. O país asiático representa mais de 50% da produção mundial da carne, sendo que cada habitante consome 37kg per capita da carne. Um aumento de consumo da carne de frango, que atualmente é de 9kg por habitantes, poderá fazer com que o país seja mais dependente da importação de grãos.
A Índia, por sua vez, ainda não é um grande player do mercado, especialmente por parte de seus habitantes serem adeptos da cultura hindu, mas parte da população consome carnes halal. Logo, o analista vê um grande potencial no país, que pode chegar a ser um player mais importante do que a própria China.
90% da exportação mundial de soja é proveniente de apenas quatro países: Estados Unidos, Brasil, Argentina e Paraguai. No caso do milho, 85% da produção vem dos Estados Unidos, Brasil, Argentina e Ucrânia.
Dicas para o produtor rural brasileiro
Araújo destaca que "o produtor rural brasileiro evoluiu muito nos últimos anos", mas que "você vê uma evolução técnica do produtor rural, mas falta a preocupação do produtor em dedicar e investir na comercialização de grãos". Com a valorização recente do real frente ao dólar, o preço da soja caiu R$5 por saca. "O produtor que não participou deixou de garantir uma receita de R$250 por hectare", diz. "É importante dedicar mais tempo e conhecer esses mecanismos de gerenciamento de risco de preços".
De acordo com um estudo da Embrapa Dourados, houve uma disparada nos custos fixos para a produção de soja, que superam os R$700 por hectare. No entanto, com base nos mesmos estudos, o retorno financeiro da soja no Mato Grosso é positivo.
Para o milho safrinha, por sua vez, o custo também está aumentando. Cabe ao produtor estar atento porque, no momento, o milho safrinha só está garantindo bons preços para os produtores do Paraná. Os preços que vêm sendo praticados para exportação no Mato Grosso não cobram os custos de produção. Este ano, o custo médio de produção pode ficar em R$324 por hectare.
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