Fala Produtor - Mensagem

  • Armando Matielli Espírito Santo do Pinhal - SP 02/06/2009 00:00

    Caro Manoel Bertone,

    Segundo o sr. João Abrão, pres. do sindicato de Altinópolis, SP, o senhor anda muito irritado com os nossos comentários e reivindicações constantes de quem representa boa parte dos cafeicultores brasileiros. Reivindicações estas que são feitas para a viabilização dos pontos que ficaram sob sua responsabilidade no grupo de trabalho, emanados da Carta de Varginha, oriunda do SOS Café, onde e ficou estabelecido que:

    a) negociação do endividamento da cafeicultura, transformando a divida em sacas de cafe, para pagamento em 20 anos;

    b) preço minimo condizente, e

    c) opções publicas com preços minimamente remuneradores.

    Infelizmente muito pouco ocorreu, ou melhor, praticamente nada alterou a situação dramática vivida pelos cafeicultores, mas garantiu ao comércio a perspectiva de continuar comprando/explorando a preços baratos nossa mais-valia, enquanto nossos concorrentes vendem pelo dobro do preço o produtor do nosso trabalho.

    Por exemplo, a Colombia está comprando 600.000 sacas, principalemnte do Brasil, para abastecer o mercado interno e cumprir suas cotas de exportações pelo dobro do preço que nos pagam, sendo nossos cafés arabicas de igual ou de superior qualidade aos colombianos. Os nossos concorrentes estão vendendo pelo dobro preço o nosso café, sejam eles a Colombia, os Centrais e a Índia. Além disso temos:

    -- importação dos paises compradores em média 8.0 milhões de sacas/mes, sendo por volta de 2,5 milhões de robusta e 5,5 milhões de arábicas.

    -- dos 5,5 milhões de arábica estamos exportando praticamente a metade, pela metade do preço...

    Ou seja ,está faltando arábica e estamos entregando literalmente o nosso café a R$ 250,00 a saca, aproximadamente, de prejuízo. Isso é inacreditável. Exportando 2.500.000 milhões de sacas/mes, estamos acumulando um prejuízo na nossa balança comercial de R$ 625.000.000,/mes e no total do ano teremos um acumulado de R$7.500.000.000, ´

    Por que isso? qual a estratégia de marketing do ministério da agricultura? um país pobre como o nosso deixar escapar essa possibilidade, enquanto nós, cafeicultores, estamos implorando para negociar as nossas dividas transformando-as em sacas de café... e nada disso anda. Onde está o patriotismo? chega de morosidade, enrolação, desrespeito conosco e com a Pátria.

    Sei que o senhor Silas Brasileiro que há poucos dias manifestou-se publicamente contra o movimento S.O.S. Cafeicultura, que tem como foco o individamento e as renegociaçoes das dividas dos cafeicultores..., isso demonstra claramente o desinteresse do Ministério da Agricultura, e também o da secretaria da produção (seu setor) em resolver o nosso problema... e agora o senhor está adiando as decisões. Por que isso?

    Atualmente os nossos cafeicultores estão colhendo e entregarão a qualquer preço o café colhido para pagar as despesas com a mão de obra. É justo isso? Enquanto isso, nada é decidido, e como disse diversas vezes o dep. Carlos Melles;´´estamos entregando mais uma safra quase que de graça``.

    Isso é falta de gestão pública. Portanto, tenho direito como sindicalista de contestar e lutar para sairmos desse anacronismo e essa indolência do setor público. Estamos, graças a Deus, num país democratico e temos sindicatos, (alguns são muitos capachos do sistema), mas o nosso sindicato está estruturado num conceito limpo e sem ``rabo preso`` para lutar em prol dos nossos cafeicultores. E a cada dia que passa, com essas indolencias do ministério da agricultura/sec. da produção (seu setor), mais acirradas tornam-se nossas ações.

    Hoje estamos recebendo apoio oriundos de diversos locais e setores como cooperativas, outros sindicatos e outros segmentos, dado ao nosso jogo aberto e verdadeiro em prol da cafeicultura. Por isso, peço-lhe o favor de diferenciar o Armando Matielli, pessoa fisica, do sindicalista Armando Matielli.

    atenciosamente,

    A. Matielli.

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