Fala Produtor - Mensagem

  • Antonio de Pádua Coutinho Ferreira Monte Carmelo - MG 14/05/2009 00:00

    João Batista, no dia 17 de abril deste ano foi divulgado em Atlanta, nos Estados Unidos, durante a conferência e feira de cafés especiais da SCAA (Specialty Coffee Association of América) o resultado do concurso, onde o Brasil teve a alta qualidade de seu café mundialmente reconhecida. Ficou em 4º lugar no campeonato Rainforest Alliance Cupping 2009, do qual participaram fazendas certificadas de 11 países. Com uma pontuação global de 82,42 (em uma escala de 0 a 100), o Brasil deixou para traz os concorrentes como Colômbia, Nicarágua, Honduras, México, Panamá, Etiópia, etc. A pontuação brasileira foi de apenas 1,41 abaixo do 1º colocado, a Guatemala, que teve nota global de 83,83. Em 2º e 3º lugares ficaram, respectivamente, El Salvador (83,30) e Costa Rica (82,58). As provas de seleção foram realizadas em março, nos EUA, por Júri Internacional.

    João Batista, o Brasil cada vez mais vem provando a qualidade do seu café e, no entanto o cafeicultor vem recebendo cada vez menos pelo seu produto. Como pode o café colombiano custar praticamente o dobro do preço do café brasileiro com a alegação de melhor qualidade? Alguma coisa tem de errado. Onde está o nosso governo que nada faz?

    Em minha opinião, outra grande injustiça que se faz com o cafeicultor brasileiro vem do próprio mercado. Os compradores fazem uma série de exigências em relação a produção com sustentabilidade, ou seja, respeito ao meio ambiente, condições dignas para o trabalhador, qualidade do produto, e por aí vai. E com relação ao pagamento de um preço justo para o produtor, a condições de vida decente para o produtor e sua família, há alguma preocupação ou eles querem que também os cafeicultores brasileiros “se lixem”. Eu concordo com as exigências do mercado, mas é preciso que o mercado também enxergue que também o cafeicultor precisa de sustentabilidade, e não o considere “escravo do mercado”.

    O nosso governo não pode ficar alheio aos problemas que afetam a cafeicultura brasileira e precisa urgentemente realizar o lançamento dos contratos de opção com vencimento ainda este ano e de no mínimo 5 milhões de sacas, transformar a dívida dos cafeicultores em café para pagamento em 20 anos, com entrega em 5% ao ano e implantar uma política que realmente remunere a atividade. Acorda Brasil, acorda Governo e vamos em frente.

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