Fala Produtor - Mensagem

  • Marcos da Rosa Canarana - MT 11/05/2009 00:00

    Meus amigos! temos que continuar alimentando a imprensa, porque os R$ 150 milhões que os frigorificos levaram no MT, de um total de R$ 800 milhoes no Brasil, ficarão apenas nos discursos e o roubo será oficializado como bom negócio.

    Produtores do município de Vila Rica, norte do Mato Grosso, avisaram: a pecuária brasileira esta falindo. A demonstração da falta de alternativa para a sobrevivência deste segmento da economia nacional é o que está acontecendo em varias cidades do Mato Grosso e outros Estados, que vivem ou não, exclusivamente da atividade pecuária.

    Cansados de esperar propostas viáveis para receber créditos atrasados por cinco meses do frigorífico Quatro Marcos (que possui unidade de abate naquela cidade, responsável pelo emprego de 300 pessoas), os pecuaristas de Vila Rica decidiram barrar o acesso ao frigorífico para entrada de bovinos e saída da carne armazenada nas câmeras frias por 27 dias, abrindo os olhos dos pecuaristas do Brasil na mesma situação, quanto à força que tem o produtor de matéria-prima, estendendo-se este movimento para o Mato Grosso do Sul, Nova Monte Verde-MT, São José dos Quatro Marcos-MT e recentemente Janauba-MG.

    Desde o mês de agosto o Quatro Marcos não paga 135 pecuaristas do município, cujas dívidas ultrapassam o valor de R$ 10 milhões, referentes a aproximadamente 11500 cabeças de gado fornecidas, que se transformaram em carne para consumo interno e externo, o mesmo acontecendo em outras unidade frigoríficos de algumas empresas que atuam no território brasileiro

    Afinal, existem 6 empresas frigoríficas importantes (exportadoras de carne) em recuperação judicial, onde os pecuaristas estão sendo os últimos na fila do recebimento e o mais difícil sem explicações por parte dos diretores. Os pecuaristas não estão aceitando entregar seu gado gordo sem garantias que a carne vai e o dinheiro vem para o produtor. O resultado é que, no mercado nacional, faltam bois para abate em plena safra.

    Em Mato Grosso este é o quadro atual de quatro frigoríficos (e que possuem unidades na mesma situação em outros Estados da Federação). Estas empresas, empolgadas com a demanda mundial pelo consumo de alimentos, e iludidos com o crédito farto oferecido irresponsavelmente pelos bancos, alavancaram recursos muito além da sua capacidade de pagamento e das garantias oferecidas.

    Quando surgiram as perdas substanciais no mercado de derivativos, com a inesperada valorização do dólar e desvalorização do real, essas empresas foram pegas de setembro em diante no contra pé da crise mundial e em sua deficiente gestão.

    A partir deste mês de junho de 2008, a ociosidade de suas unidades foi elevada pela falta de gado gordo para o abate. Este é o maior sinal de alerta, se estes que estão em recuperação judicial, estão sem caixa para honrar seus compromissos, os demais frigoríficos, que ainda estão operando aparentemente de maneira saudável, devem ter seguido a mesma cartilha administrativa e logo poderão pedir também a famigerada RJ, que nada mais é do que extensão de um calote legalizado, deixando o pecuarista em uma crise de credibilidade de onde abater seus animais gordos.

    Deste modo, a única vitima no processo para pagar esta conta é o isolado e esquecido pecuarista, mas que em Vila Rica resolveram dar um grito de alerta, em alto e bom som. Os heróicos e corajosos produtores de Vila Rica se forem derrotados, estão avisando que a falência do sistema financeiro e da comercialização praticada atualmente na pecuária brasileira, exterminará com o fornecimento do principal produto, que é a carne saudável, originada do boi verde, boi de capim.

    Por enquanto é o produtor que financia este processo (garante a alimentação nacional e mundial de proteína bovina), quando vende sua mercadoria com trinta dias de prazo e ainda fica sem receber o fruto de seu trabalho quando uma parte qualquer da cadeia pede falência por má gestão e esperteza. Este fato pode provado na certidão retirada do frigorifico Quatro Marcos no cartório de Juara matriculas 4.766 e 5679 do livro 2 onde esta registrado no dia 20 de fevereiro de 2008 a venda da unidade frigorífica pra a Sra. Susete Jorge Xavier por R$1.750.000,00 e o financiamento R$231.562.500,00 no dia 25 de março de 2008 com hipoteca desta unidade bem como, seus acessórios ao Banco ABN AMRO BANK M.V. em um contrato de pré pagamento de exportação com vencimentos anuais de cinco anos, o mesmo acontecendo na unidade de Vila Rica em datas e valores semelhantes de acordo com a matricula 1.077 co Cartório de 1* oficio daquela cidade.

    Fora isso, vemos ainda o grupo Arantes (com sede em São José do Rio Preto, SP, mas devedor em várias unidades da Federação, principalmente em Mato Grosso) captando, entre outros financiamentos, US$ 150 milhões em Euro-bônus em julho de 2008. E ainda outros financiamentos como exemplo o registrado no Cartório de Canarana (MT) de acordo com matricula 3.383 financiamento de contrato de crédito e pré-pagamento de exportação tendo como agente garantidor o Banco Bradesco S.A. o montante de US$90.0000.000,00(milhões) com garantias de três empresas que certamente não cobrem este valor, com vencimento da primeira parcela do montante principal pago em 8 de junho de 2009 e o final 11 de dezembro de 2011, entrando com recuperação judicial no dia 9 de janeiro de 2009. E de mau exemplo ainda temos o frigorífico Independência, considerado o quarto maior em 2008, endividando-se de um milhão de reais do inicio de 2008 à três milhões de reais até janeiro de 2009, deixando de recolher oitenta m

    ilhões de reais de Funrural, recorrendo a recuperação judicial no final de fevereiro de 2009. E quando vamos identificar os bens destas pessoas verificamos que todos vivem em casas caríssimas, jatos (no valor de R$12 milhões acima), veículos particulares (custo de R$ 300 mil), etc.

    Diante de tudo isto os pecuaristas exigem o pagamento imediato dos débitos que os frigoríficos, débitos estes que não chegam a superar a 6% das dividas com o setor bancário. Portanto, enquanto isto não ocorrer os pecuarista de Vila Rica e de outros municípios dificultarão ao máximo possível o acesso de gado gordo para as plantas frigoríficas e a saída de carne.

    Necessitamos a imediata redução do ICMS ( leste do Mato Grosso já foi beneficiado) e da pauta bovina para desovar a possível retenção de gado gordo nas regiões onde as plantas frigoríficas estão paralisadas, medida emergencial por tempo determinado, sendo, portanto esta uma medida eficaz e sem prejuízo para a arrecadação Estadual, além de manter a economia municipal saudável.

    Não ocorrendo o pagamento por parte dos frigoríficos, se faz necessário a partir desta semana uma forte pressão política, de nossas entidades representativas e populares, para que o fundo Federal carimbado para pagamento de pecuaristas que possuem créditos nos frigoríficos em processo de recuperação judicial (tão discutido no Governo e Congresso Nacional nas ultimas semanas), realmente aconteça. Afinal o BNDES possui em média 17% no capital de vários frigoríficos.

    No médio prazo é necessário um diagnóstico financeiro dos frigoríficos em operação, inclusive com a criação de uma comissão na Câmara Federal (mencionada em discurso no plenário pelo Deputado Homero Pereira (PR-MT)).

    Neste momento estamos correndo o risco real, mesmo na venda à vista, pois as unidades que estão em recuperação judicial, havendo qualquer erro de gestão, poderão ser decretada a falência total das empresas, com outros companheiros perdendo seu capital.

    Portanto, nós, pecuaristas, para ter a garantia de nossa atividade, temos que somente vender à vista, e lutarmos pela taxa de juro menor possível enquanto a referencia comercial forem trinta dias, pois nestes dias tumultuados chegamos a pagar 7,5% no desconto à vista. E, finalmente, juntos com nossas entidades FAMATO e ACRIMAT, trabalharmos a administração participativa nos frigoríficos em recuperação judicial, no sentido de oferecer uma maior segurança para quem abater seu gado.

    Marcos da Rosa.

    Engenheiro Agrônomo.

    Presidente Sindicato Rural de Canarana.

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