O arcaico sistema da Conab e a politicagem da estimativa de safra divulgada pelo Mapa, por Valdir Fries

Publicado em 11/01/2017 09:16

Assistimos nesta terça-feira, dia 10 de Janeiro de 2017, mais um ARCAICO relatório da CONAB. O velho e tradicional "levantamento da estimativa de safra de grãos do Brasil", feito pela Companhia Nacional de Abastecimento e seus colaboradores. E o relatório traz, mais uma vez, coincidente ou não, em seu quarto levantamento números que diante das situações climáticas divulgadas no mesmo dia 10 de Janeiro, não cheiram lá tanta credibilidade. 

Veja os números da Conab:

>> Conab: Produção de grãos deve chegar a 215 milhões de toneladas

Ao tempo em que o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento alardeava os resultados de uma SUPER SAFRA, a imprensa trazia a notícia das intempéries climáticas, relatos dos quais você pode conferir em acesso desses sites aqui: https://www.noticiasagricolas.com.br/videos/milho/185233-no-oeste-da-bahia-estiagem-continua-e-lavouras-de-milho-ja-registram-perdas.html#.WHXxJxsrLIU

https://tempo.canalrural.com.br/noticias/2017-01-10/falta-de-agua-ja-mata-lavouras-em-tres-estados

É o tal governo. Entra governo, sai governo, e ao que se vê, é governo querendo conter a inflação com super estimativas. Desta forma, além de conter o avanço dos preços dos alimentos, a divulgação de uma “SUPER SAFRA” perante a comunidade internacional ajuda a garantir para o Governo a recuperação da confiança de novos investimentos, uma vez que, super safra agrícola, significa para o Brasil um avanço no superávit na balança comercial. Bom para o Brasil, péssimo para o produtor rural.

O que dizia a introdução da CONAB em sua estimativa de safra 2015/2016: ”Resumo executivo Safras 2015/2016: A produção de grãos para a safra 2015/16 está estimada em 210,5 milhões de toneladas. O crescimento deverá ser de 1,4% em relação à safra anterior. A área plantada prevista ficará entre 58,5 milhões de hectares, crescimento previsto de 0,9% se comparada com a safra 2014/15. Algodão: a produção será menor do que a safra passada afetada pela redução de área na Bahia, segundo maior estado produtor. Plantio iniciado. Amendoim: a estimativa é de redução da área em relação a 2014/15, porém com aumento da produção, fomentada pelo aumento de produtividade. Arroz: há perspectivas de redução de área em quase todos os estados produtores. Feijão: aumento da produção e produtividade do feijão primeira safra, mesmo com redução de área. Mamona: estimativa de aumento na produção, área plantada e produtividade. Milho: perspectiva de redução na área plantada e produção de milho primeira safra em comparação com 2014/15″.

E ao final…Quanto produzimos?

…186,5 milhões de toneladas de grãos. Lembrando que ainda em janeiro de 2016 o campo já contabilizava perdas de produção dado aos efeitos climáticos provocado pelo El Niño, o que não é diferente neste janeiro de 2017 ao que pudemos conferir no noticiário das reportagens acima.

O que diz a introdução da CONAB em sua estimativa de safra divulgada ontem???

"Resumo executivo Safra 2016/17: A estimativa da produção de grãos para a safra 2016/17 é de 215,3 milhões de toneladas. O crescimento deverá ser de 15,3% em relação à safra anterior, ou 28,6 milhões de toneladas. A área plantada está estimada em 59,1 milhões de hectares. O crescimento previsto é de 1,3% se comparada com a safra 2015/16. Algodão: a produção deverá ser superior em relação à safra passada, apesar da redução de área. Amendoim primeira safra: a estimativa é de safra de 390,7 mil toneladas, aumento de 0,5%. Preços favorá- veis impulsionaram o plantio de área, semelhante à safra passada. Arroz: apesar da queda na área de sequeiro, a retomada da semeadura nas áreas irrigadas deverá resultar numa produção de 11,6 milhões de toneladas. Feijão primeira safra: o forte incremento de área (14,6%) reflete numa produção 25,7% superior à safra passada. Tanto o feijão carioca, quanto o preto e caupi, apresentam ganho de área e produtividade. Milho primeira safra: após três anos consecutivos de queda, a produção deverá ser de 9,9% superior à anterior. Soja: projeção de crescimento de 8,7% na produção, atingindo 103,8 milhões de toneladas. Safra inverno 2016″.

Pois bem, em janeiro de 2016 que se passou, embora já o campo soubesse das perdas, a CONAB divulgou a super estimativa de produção, e neste ano acontece o mesmo. 

O que aconteceu no decorrer do início da safra passada até que se confirmasse as perdas de produção em relatórios da CONAB?

Aconteceu que os preços despencaram de patamares acima de R$ 70,00 a saca de soja, para preços de lousa pagos ao produtor abaixo dos R$ 55,00 a saca. Atualizada as estimativas de produção pela CONAB, no caso da soja os preços ultrapassaram os R$ 85,00 a saca a preços pago aos produtores paranaenses.

Ou seja, para nos reportarmos, sai governo entra governo e as coisas continuam acontecendo de forma arcaica. Está na hora do governo se modernizar e passou da hora de o MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO implantar um sistema on line de levantamento de safra com aplicativos que permitam, se não de forma instantânea, ao menos que os resultados sejam contabilizados e divulgados em prazo de 24 horas e não de 10 a 15, até 20 dias após coletado os dados de campo.

Não podemos admitir que um Secretário de Politicas Agrícolas venha a público divulgar resultados ultrapassados, diante de um noticiários de intempéries climáticas como aconteceu neste dia 10 de janeiro de 2017. 

Continuamos em um país com estimativas do passado diante de um mundo de mercado futuro globalizado. 

Parece que foi ontem, mas já se passaram alguns anos das reclamações neste sentido. 

O Brasil no mercado futuro com “estimativas” do passado.

VALE LEMBRAR: ACESSE

https://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/102004-o-brasil-no-mercado-futuro-com-estimativas-do-passado.html#.WHXkbxsrLIU

MENOS POLITICAGEM E MAIS AÇÃO POR PARTE DO MINISTÉRIO E SUAS COMPANHIAS E INSTITUIÇÕES certamente o produtor rural teria mais condições de sobreviver na atividade.

Quando sai a nova estimativa de safra da CONAB???

No ano de 2016, somente em ABRIL a CONAB foi admitir perdas de produção na safra de grãos, só em junho caiu na realidade de que as perdas seriam superior às inicialmente divulgadas, no mês de janeiro daquele mesmo ano. E AGORA EM 2017…

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Fonte: Valdir Edemar Fries

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