Na Folha: Sem alternativa, Dilma dobra a aposta, por Igor Gielow
Com um raro discurso articulado, a presidente Dilma Rousseff deixou clara a intenção de dobrar a aposta contra o que chama de "golpe" contra seu mandato.
Não só deu posse na Casa Civil a Luiz Inácio Lula da Silva, flagrado em movimentação para tentar influenciar o desfecho de apurações contra si, como chamou o juiz Sergio Moro para a batalha jurídica.
Foi o que restou, ainda que o estado de sítio político sob o qual vive já impeça de saída a execução do plano de ter Lula como detentor do poder real no Planalto como forma de livrar Dilma do impeachment e reformular o governo.
O fato de um outro juiz federal, este de Brasília, ter quase que imediatamente concedido decisão temporária suspendendo a posse de Lula apenas mostra que a aposta de confronto com o Judiciário não será pacífica.
No que tange à conversa polêmica com Lula da tarde de quarta (17), Dilma aferrou-se à história já divulgada de que tratava de uma mera formalidade burocrática. Neste caso, a tendência acabará sendo a de uma guerra de versões, uma vez que do ponto de vista probatório não parece haver muito espaço para contraditório.
Mas o mais importante do evento da posse dos novos ministros, Lula ao centro, foi a disposição aberta de Dilma em tentar qualificar Moro como o inimigo a combater, usando palavras fortes associando atos jurídicos a golpe de Estado. Há a promessa de dedicação do novo ministro da Justiça e do advogado-geral da União para contestar os passos do juiz.
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