Intenção aponta novo avanço na área de soja no Brasil, por Flávio França Jr.
Caros amigos. Nesta semana a França Junior Consultoria (FJC) concluiu o seu tradicional levantamento de intenção de plantio para a safra brasileira 2015/16 de soja e milho. O texto completo, com as tabelas, análises detalhadas e o impacto no seu negócio você pode acessar em www.francajunior.com.br. Mas neste texto apresentamos um resumo das conclusões extraídas deste levantamento, que apontou o nono ano consecutivo de incremento na área de soja e novo decréscimo na área de milho para a safra de verão. Na soja, de uma área plantada de 31,72 milhões de hectares na safra 2014/15, estamos passando agora para 32,92 mls, com aumento de 4% e a garantia de novo recorde histórico para o país.
No milho, a área na safra de verão foi estimada em 6,26 mls de ha neste próximo plantio, 5% inferior aos 6,61 mls ha da safra atual. Já para a safra de inverno de 2016, embora com números bastante preliminares, a tendência aponta para novo incremento da área semeada. No total Brasil temos projeção de área em 10,88 mls de ha, 8% acima dos 10,04 mls de ha deste ano. Considerando também a hipótese de normalidade climática, mas limitações na utilização de tecnologia, a primeira safra de milho tem potencial de produção de 28,95 mls de t, 2% inferior aos 29,60 mls de t da revisada safra atual. Para a segunda safra seriam 59,60 mls de t, 7% acima dos 55,45 mls de t da safra atual. No total das duas safras o Brasil tem previsão de área em 17,14 mls de ha, 3% acima dos 16,65 mls de ha deste ano. E produção potencial de 88,55 mls de t, 4% acima dos 85,05 mls de t da revisada safra atual.
A exemplo dos anos anteriores, embora com algumas importantes restrições e algumas dúvidas, os fatores de incentivo ao cultivo da soja estão dominantes e devem prevalecer na decisão dos produtores. Como fatores de estímulo destacamos: positiva lucratividade bruta da safra atual; preços médios domésticos recebidos novamente bem acima da média; demanda interna e externa aquecida; cenário de preços domésticos em 2016 parecidos com os deste ano, impulsionados pela tendência de firmeza para a taxa de câmbio; aumento das vendas antecipadas; expectativa de lucratividade bruta ainda positiva em 2016; e, com importante peso, as dificuldades de avanço na área de culturas alternativas, como o milho e algodão, por preços e custos de produção mais altos.
Como fatores de desestímulo ao cultivo da soja, destacamos: menor disponibilidade de crédito oficial com juros controlados; menor disponibilidade de crédito privado em função do agravamento da crise econômica e da alta nas taxas de juros; forte aumento nos custos de produção; possibilidade de retração no uso de tecnologia por custos mais altos e crédito mais escasso; cenário de preços ainda conservadores na Bolsa de Mercadorias de Chicago para o próximo ano caso a safra mundial se confirme novamente cheia na temporada.
Positiva também é a sinalização de que teremos desta vez a atuação em um El Nino de forte intensidade até o início de 2016, pois traz a tendência que tenhamos clima favorável para a formação da nova safra, talvez até melhor do o observado na safra atual. Ou seja, pode haver problemas isolados provocados pela irregularidade das chuvas, mas, a princípio, com um padrão melhor do que o observado no início de 2015. Mas por outro lado temos dificuldades nesta nova safra para aumento no nível tecnológico das lavouras, em função do aumento nos custos de produção e no aperto na oferta de crédito.
Para efeito deste estudo, chegamos a uma sinalização inicial de produtividade potencial de 3.080 kg/ha na média do país, um pouco acima dos 3.019 kg alcançados na safra atual. Dessa combinação de área e produtividade resulta uma produção potencial inicial de 101,39 milhões de toneladas, 6% superior ao recorde atual de 95,59 mls de t da revisada safra colhida este ano.
De um modo geral o aumento de área de soja deve acontecer em todo o país, mas de forma mais intensa nos estados da região Norte e Nordeste. Basicamente a soja avança sobre áreas de milho da safra de verão, que deve apresentar nova retração, sobre o algodão na região central, sobre o arroz no Rio Grande do Sul, sobre a cana-de-açúcar na região central, sobre áreas de pastagens e áreas de abertura de cerrados, notadamente na região do MAPITOBA (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).
Em termos de estoques de soja para o Brasil, primeiro observamos a revisão para cima na safra 2014/15, passando pelo aumento na estimativa de exportações, e chegando a um estoque de passagem recuando de 4,43 mls de t da estimativa passada, para os atuais 3,73 mls de t. Para a safra 2015/16, levando em conta essa sinalização inicial de produção maior, temos uma montagem preliminar de um quadro de oferta & demanda para o complexo soja brasileiro ainda mais folgado em termos de estoques de passagem do que já está sendo o atual. Mesmo combinando incrementos de 6% no processamento e nas exportações, o aumento da produção e dos estoques de ingresso levariam os estoques para a casa dos 6,56 mls de t.
Não há dúvidas de que o principal impacto dessa sinalização preliminar de novo incremento da área plantada e da produção de soja no país está na dificuldade de estabelecer uma tendência de recuperação das cotações no mercado internacional. É importante lembrar que no Brasil esse será o nono aumento seguido da área de soja. E que já temos o acúmulo de três safras recordes consecutivas na América do Sul, e em caso de confirmação de clima normal em tempos de El Nino, poderemos estar falando no quarto aumento seguido. Esse sentimento de sobre-oferta mundial é consolidado pela obtenção de safra recorde nos EUA em 2014 e pela indicação de área maior e ainda de safra cheia também nesta nova produção norte-americana.
Um “AgroAbraço” a todos!!!
www.francajunior.com.br e francajunior@francajunior.com.br