Dicas do França Junior: Um resumo da soja na semana até 22 de maio
Caros amigos. Os contratos futuros da soja na CBOT caíram forte nessa última semana, consolidando o rompimento do forte suporte técnico dos US$ 9.55/bushel na posição spot, e nesta sexta, quebrando também o novo suporte dos US$ 9.30. O tripé da pressão recente está ancorado na combinação de clima até aqui amplamente favorável à nova safra dos EUA, safra da América do Sul fechando em patamares superiores ao esperado pelo USDA e demanda gradativamente perdendo força nos EUA.
As variáveis negativas específicas da semana foram: clima favorável para a umidade dos solos e para o avanço do plantio da nova safra nos EUA; avanço forte do plantio nos EUA; clima favorável à colheita na América do Sul; queda do petróleo na segunda, terça e sexta; alta do dólar na segunda, terça e sexta; embarques e registros semanais de exportação tímidos nos EUA. As variáveis negativas gerais continuam sendo o aumento de área nos EUA pelo segundo ano seguido, e com clima regular, novo aumento dos estoques na temporada 2015/16, diminuição da demanda dos EUA a favor da América do Sul, safra da América do Sul confirmando terceiro recorde seguido, e falta de força no milho e trigo.
A pressão foi suavizada no período por: demanda firme interna nos EUA e ainda avançando na exportação (mesmo que mais lentamente); produtores norte-americanos retendo produto pelos baixos preços; avanço do plantio do milho (impedindo transferência de áreas para a soja). E mais genericamente, a demanda global se mantendo aquecida, favorecida pelos baixos preços e pelo avanço na produção de carnes.
No mercado financeiro, a semana começou mais para o lado negativo, passou a ser mista na quarta e na quinta, e fechou a sexta de novo mais para o lado negativo. No petróleo, quedas na segunda, terça e sexta, se recuperando na quarta e quinta, e fechando a semana quase estável. Pressionado pela alta do dólar na maior parte do período, teve suporte com redução nos estoques dos EUA acima do esperado e pelo aumento da atividade industrial na China. O dólar segue sem direção definida no curto prazo, oscilando para cima e para baixo de acordo com o movimento das notícias diárias. Firmeza em relação ao euro pelo aumento da liquidez imposto pelo Banco Central Europeu. Mas pressão com a tendência de aumento de juros nos EUA sendo afastada para o segundo semestre. O índice Dow Jones também fechou próximo da estabilidade na semana. Suporte por números coorporativos positivos nos EUA e pelos indicadores melhores na China. Mas pressão com alta do dólar.
Nos mercados vizinhos, tanto o milho como o trigo experimentaram queda na segunda, terça e sexta, mas fecharam o período de forma diferenciada. No trigo, apesar da volatilidade, a semana ainda fechou melhor, por suporte com as chuvas ocorridas na semana e previsão de mais forte volume nos próximos dias sobre as Planícies do Sul, ameaçando a safra de inverno dos EUA. Mas pressão pela demanda fraca. Já o milho teve suporte vindo das especulações climáticas do trigo, mas seguiu pressionado pelo clima favorável para a nova safra dos EUA.
Variações do clima sobre a nova safra dos EUA ainda devem trazer oportunidades de negócios para os vendedores nos próximos 3 a 4 meses. Suporte pela retenção de oferta pelos produtores dos EUA e pelo posicionamento de estoques norte-americanos da safra atual com previsão de novo corte. Mas sem problemas efetivos de clima/safra, o cenário fundamental para os contratos de safra nova seguem com viés de baixa. O que vai gerando abertura gradativa do spread entre os contratos de julho e agosto, para os contratos de novembro e janeiro.
Para fechar o tripé dos fatores principais de formação dos preços domésticos tivemos alguma redução nas bases de prêmios FOB de exportação da safra atual, em cima de demanda um pouco mais frouxa. Já para a safra nova, houve melhora por mais interesse de compra. Mas a tendência segue de melhora. Já no câmbio tivemos recuperação na semana. No lado externo refletindo as oscilações do dólar no mercado internacional, mas com predomínio de elevação. E no lado interno as especulações com as dificuldades do governo na aprovação do ajuste fiscal, mais a divulgação de indicadores negativos para a economia brasileira. Também aqui a tendência segue de alta.
A queda na CBOT, combinado ao câmbio volátil de curto prazo manteve os vendedores na defensiva em termos de oferta e os compradores indicando preços mais baixos na semana. Ainda assim, de forma bastante diferenciada de uma praça para outra. Pontos de atenção no mercado internacional: a evolução da demanda EUA, evolução do plantio e definição da área nos EUA, e evolução do petróleo e do financeiro. No lado interno: as flutuações na taxa de câmbio e a definição final da safra na América do Sul.
Um “AgroAbraço” a todos!!!
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