Dicas do França Junior: Um resumo da soja na semana até 15 de maio

Publicado em 15/05/2015 16:07
Flávio Roberto de França Junior é analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria

Caros amigos. Os contratos futuros da soja na CBOT oscilaram bastante nesta última semana e acabaram fechando em queda no comparativo com a sexta anterior, voltando a testar o sólido suporte dos US$ 9.55 cents/bushel. No geral o mercado absorveu a divulgação do USDA da terça, quando caiu acentuadamente em função da previsão de estoques finais acima do esperado nos EUA e no Mundo para a safra nova. E seguiu pressionado pela combinação de tímidos números de consumo e clima favorável ao plantio e desenvolvimento da safra nos EUA. Mas em termos de safra velha o relatório USDA foi positivo aos preços, por apertar os estoques a mais do que o esperado.

As variáveis negativas dominantes na semana foram: clima favorável para a umidade dos solos e para o avanço do plantio da nova safra nos EUA; avanço forte do plantio nos EUA; clima favorável à colheita na América do Sul; tímidos relatórios de embarques e registros de exportação nos EUA; queda do petróleo na quarta e na quinta; estimativa Informa com área acima da estimativa do USDA; relatório USDA para a safra nova. As variáveis negativas gerais continuaram sendo o aumento de área nos EUA pelo segundo ano seguido; e com clima regular, novo aumento dos estoques na temporada 2015/16; diminuição da demanda dos EUA a favor da América do Sul; safra da América do Sul confirmando terceiro recorde seguido; falta de força no milho e trigo.

Por outro lado, a queda no período foi amenizada por: demanda nos EUA para a safra velha dando sinais de que ainda não está esgotada; firme demanda no óleo de soja; produtores norte-americanos se mostrando conservadores na oferta; excelente avanço do plantio do milho (impedindo transferência de áreas para a soja); queda do dólar na quarta e na quinta; relatório USDA para a safra velha. E em termos gerais se mantém algum suporte pela demanda global aquecida, favorecida pelos baixos preços e pelo avanço na produção de carnes.

No mercado financeiro, apesar da forte volatilidade, a semana se manteve no campo positivo. No petróleo, quedas na quarta e na quinta, por sentimento de excesso de oferta. Mas a expectativa de demanda maior e estoques mais fracos nos EUA deram suporte. No dólar, queda forte nos últimos dois dias, pois os indicadores divulgados na economia dos EUA vão adiando a possibilidade de juros aumentando nos EUA. E o índice Dow Jones também mostrou algum avanço na semana por números positivos no mercado de trabalho dos EUA. 

Nos mercados vizinhos, tanto o milho como o trigo experimentaram algum suporte nesta semana, especialmente no caso do trigo. Esse apoio veio pela combinação de impacto favorável da queda do dólar, com números positivos de demanda e preocupações com o impacto das chuvas sobre a safra nos EUA. Já o milho teve suporte pela forte alta do trigo, pelo dólar mais fraco e pela estimativa Informa para a área abaixo da estimativa do USDA. Mas segue pressionado pelo clima favorável para o plantio e pelas fracas exportações.

Variações do clima sobre a nova safra dos EUA devem trazer oportunidades de negócios para os vendedores nos próximos 3 a 4 meses. Também visualizamos suporte sobre as bases atuais pela retenção de oferta pelos produtores dos EUA e pelo posicionamento de estoques norte-americanos da safra atual agora apenas pouco superior à média. Mas sem problemas efetivos de clima/safra, o cenário fundamental para os contratos de safra nova seguem com viés de baixa. O que deve gerar abertura gradativa do spread entre os contratos de julho e agosto, para os contratos de novembro e janeiro. 

Para fechar o tripé de fatores formadores aos preços tivemos alguma melhora nos prêmios do mercado FOB de exportação do Brasil da safra atual e da nova, em cima da queda na CBOT e algum interesse de compra. Permanecendo com tendência geral positiva. No câmbio, tivemos semana também volátil, com dois dias de elevação e três de recuo. No lado externo, o vai e vem do dólar deixa a relação muito oscilante, e baixista no curto prazo pelos recentes indicadores menos otimistas sobre a economia dos EUA. Mas os números ruins da economia brasileira, e a instabilidade política doméstica devem impedir que a taxa fique abaixo dos R$ 3,00 por muito tempo. Tendência geral segue de alta.

A falta de suporte na CBOT, combinado ao câmbio momentaneamente mais frouxo, voltaram a derrubar os preços domésticos nesta última semana. Com isso entendemos que se estabelece novo momento dos vendedores optarem pela cautela nas suas negociações. Pontos de atenção no mercado internacional: a evolução da demanda EUA, evolução do plantio e definição da área nos EUA, e evolução do petróleo e dólar. No lado interno: as flutuações na taxa de câmbio e a definição final da safra na América do Sul.

Um “AgroAbraço” a todos!!!

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Fonte: França Junior Consultoria

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