Dicas do França Junior: Um resumo da soja na semana
Prezados amigos. De volta após algumas semanas de intensos compromissos profissionais, apresento a seguir um breve resumo dos principais indicadores para a formação dos preços da soja nesta última semana, e suas principais tendências.
Mas não sem antes trazer dois recados:
* Primeiro, é renovar o convite a todos os brasileiros de bem e que não suportam mais o atual estado de coisas no país, a sair novamente às ruas no próximo domingo, dia 12 de abril. Traga sua bandeira verde e amarela e leve junto alguém que por um motivo ou outro não pode comparecer no dia 15 de março. Vamos mostrar à nossa classe dirigente que não estamos para brincadeira.
* Segundo, é lembrar a todos os interessados que ainda restam vagas (poucas) nos Cursos de Introdução à Comercialização de Soja que a França Junior Consultoria está promovendo nos próximos dias 15 e 16 de abril em Curitiba e 29 e 30 de abril em Cuiabá. Para maiores informações podem acessar o site www.francajunior.com.br.
A semana se mostrando ladeira abaixo para os contratos futuros do complexo soja, desta vez furando momentaneamente a forte linha de suporte dos US$ 9.60/bushel. E a pressão foi trazida principalmente pela retração na demanda, combinado com a expectativa de novo aumento de área na safra 2015 dos EUA e pelo aumento das vendas pelos produtores dos EUA para conseguir recursos para o custeio da nova safra. O mercado dos subprodutos acompanhou o grão nesse momento de pressão.
Variáveis negativas específicas da semana: aumento das vendas pelos produtores dos EUA para levantar recursos para o plantio da nova safra; cenário de oferta global em crescimento, notadamente com os melhores números vindos da Argentina; números fracos de exportações nos EUA nos relatórios de embarques e registros, especialmente com os cancelamos divulgados na quinta.
Variáveis negativas gerais: segue a indicação de aumento de área nos EUA pelo segundo ano seguido, e em caso de clima regular, a tendência mais estoques na temporada 2015/16; tendência de continuidade na diminuição da demanda para exportação nos EUA; safra da América do Sul seguindo para recorde histórico; boas vendas no Brasil pelo câmbio valorizado; falta de força no milho.
A queda só não foi ainda maior pela atuação de algumas variáveis positivas gerais: a demanda global segue aquecida; tendência de retenção de venda por parte dos produtores norte-americanos quando os preços recuam; firme tendência para a demanda mundial e norte-americana por farelo (apesar do recuo recente); recuperação do petróleo; relatório USDA confirmando redução nos estoques de soja nos EUA.
No mercado financeiro, o dólar perdeu um pouco de valor com a ata do FED ainda não definindo momento de aumento dos juros nos EUA. Mas acabou se recuperando por indicadores divulgados nos EUA e pela queda do euro. O petróleo WTI em Nova York teve alta na semana, em cima do aumento nos preços praticados pela Arábia Saudita, e pelas incertezas sobre acordo nuclear entre EUA x Irã. Já o mercado de ações subiu combinando bons resultados de empresas e estabilidade dos juros nos EUA.
No trigo tivemos pressão pelas fracas exportações da semana nos EUA e, pela diminuição na preocupação com o clima na região das Grandes Planícies. O milho acompanhou os recuos do trigo e da soja, com pressão vinda da alta do dólar, da expectativa da melhora do clima para permitir o plantio, e pela aumento nos estoques globais divulgado pelo USDA.
O rompimento do suporte dos US$ 9.60/bushel estabelece uma nova meta técnica aos preços de US$ 9.30. Mas a retenção pelos produtores deve voltar a puxar os preços para cima. No lado da alta, seguimos com a resistência principal dos US$ 10.00, sendo a secundária de US$ 10.60.
Atenções agora se voltam para o comportamento do clima nos EUA, o que certamente trará bolhas especulativas aos preços, trazendo novas oportunidades de negócios aos vendedores. Considerando o enxugamento dos estoques nos EUA e a fraca disposição de venda pelos produtores norte-americanos quando os preços recuam, ainda temos espaço para alguma melhora nas cotações da CBOT em relação aos preços atuais. Mas sem problemas efetivos de clima/safra, o cenário mais provável é de aumento leve, mantendo os preços bem abaixo da média.
No mercado FOB, semana de prêmios mais firmes, respondendo a boa presença do interesse comprador e negócios. Seguiu a complicação para a chegada do produto em Santos. Estima-se o atraso de 400 mil t de embarques entre soja e farelo. No câmbio, a semana foi de pressão. No lado externo, o dólar chegou a ensaiar algum recuo. E no lado interno, pela melhora no ambiente de articulação política entre o executivo e o legislativo, aumentando a possibilidade de aprovação do ajuste fiscal.
Com a soma dessas variáveis, especialmente o derretimento do câmbio, os preços domésticos perderam bastante força nos últimos dias, travando a realização de negócios. As quedas na semana variaram de 2,5% a 6,0%, dependendo da região e da necessidade local dos vendedores. No caso dos vendedores, momento de aguardar.
Um “AgroAbraço” a todos!!!