A ciência por trás da cultura do tabaco

Publicado em 07/10/2024 11:11
Por Ezequiel de Oliveira - Gerente Global de Ciência Agronômica da Alliance One International

Cada vez mais, o campo da pesquisa e do conhecimento técnico, dentro do agronegócio, notabilizam-se pelo advento de tecnologias que possam enfrentar as intempéries do nosso tempo, como as mudanças climáticas e outras adversidades. Em muitas culturas, a cadeia de atores envolvidos, desde o produtor rural até a comercialização do produto, já enxerga as benesses trazidas pela ciência e entende os seus avanços como essenciais a fim de se manter atualizada com as melhores atividades no campo. 

Indo ao encontro disso, é assim que acontece com o tabaco, por exemplo, mais especificamente com relação ao desenvolvimento de novas sementes – um exercício que alia profissionais altamente qualificados de diferentes áreas, como agronomia e biologia molecular. No curto prazo, essa prática científica implica no menor uso ou, até mesmo, na não utilização de agrotóxicos, além de aliar qualidade a uma maior produtividade, resultando na melhor conservação do solo, da água e dos recursos naturais em geral. E na ponta, é o produtor que sai ganhando, cuja remuneração também cresce.

Se falarmos em benefícios no longo prazo a partir do estudo de sementes desta cultura, a lista aumenta de tamanho: maiores sustentabilidades ambiental e econômica, uma vez que se evita a aplicação de defensivos e adubação química em excesso; maior sustentabilidade financeira ao produtor, tendo em vista que as sementes produzem culturas mais tolerantes aos extremos climáticos (secas, excessos de chuvas, calor, etc.) e manutenção das pessoas no campo, pois a cultura se torna uma ótima fonte de renda para a família e oportuniza qualidade de vida.

Há muita dedicação, conhecimento, recursos e tempo aplicados ao desenvolvimento de novas cultivares e sementes. Muitas vezes, se leva mais de uma década de desenvolvimento e aplicação de tecnologias para desenvolver uma nova semente. São anos de pesquisas de campo, em várias regiões do sul do Brasil, em vários tipos de solo e clima, para testar e selecionar plantas superiores que retornarão ao produtor e à indústria como um todo. A semente que chega ao produtor é certificada sob o guarda chuva do Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), do Ministério da Agricultura e Pecuária, que gere toda a produção, armazenagem, beneficiamento, análise, comercialização e uso de sementes no país, e isto engloba centenas de itens de diferentes legislações a fim de garantir que o produtor receba uma semente vigorosa e com alta germinação e sobrevivência no campo.

Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor de tabaco e, há 30 anos, é o maior exportador de tabaco em folha, onde encaminha remessas para mais de 100 países por ano. Isso já dimensiona a importância do país nesse segmento, onde o mundo depende e é muito influenciado pelo produto brasileiro. Com rastreabilidade, sustentabilidade, integridade física e química e estabilidade da sua cadeia de produção, o valor do produto brasileiro conquistou o mercado internacional. E grande parte se deve à pesquisa científica.

Fonte: Ezequiel de Oliveira

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Milho segunda safra tem potencial para dobrar a produtividade no Brasil
Intervenções do Bacen no câmbio funcionam? Por Roberto Dumas Damas
Abacaxi no Maranhão: Principais pragas, manejo integrado e uso correto e seguro de pesticidas agrícolas
Smart farming: como a IoT pode destravar o problema de conexão rural no Brasil?
Artigo/Cepea: Produtividade e renda dos trabalhadores no Brasil: uma análise intersetorial
Milho sob ameaça: mancha bipolaris pode se confundir com outras doenças e trazer prejuízos para a safrinha
undefined