Seca nas áreas de pastagem: os desafios do manejo de plantas daninhas de difícil controle

Publicado em 19/07/2024 11:19
* Por Luan Borges - Agrônomo de Campo da Linha Pastagem da Corteva Agriscience

Historicamente, o Brasil passa por um período de seca de junho a setembro. Neste momento, as áreas de pastagem, que são de aproximadamente 160 milhões de hectares (ha), segundo a Embrapa, são impactadas, já que o capim reduz drasticamente sua produção por causa do déficit hídrico e a redução do fotoperíodo. Em algumas regiões do país, principalmente no Centro-Oeste e Norte, a chuva fica sem aparecer de 90 a 120 dias. Além desses fatores, as plantas daninhas de difícil controle são um desafio para o pecuarista, já que o pasto é a fonte de alimentação do seu rebanho e, consequentemente, responsável pela produtividade de carne e leite. 

Para aproveitar ao máximo as pastagens, pecuaristas precisam intensificar sua gestão com o objetivo de produzir mais arroba (@) por hectare. Com o clima seco, para a fazenda não perder a sua capacidade produtiva e, para que o pecuarista não tenha gastos desnecessários na suplementação alimentar para o rebanho, são necessárias estratégias para que não falte forragem durante o ano todo e, principalmente, agora. Para um pasto produtivo, de qualidade e rentável, ele precisa estar livre da matocompetição com plantas daninhas. Apesar de ser mais difícil o surgimento de invasoras de folhas largas na seca já que não há umidade para elas germinarem, existem plantas daninhas lenhosas ou perenes, que possuem um sistema radicular muito volumoso, e por isso conseguem “atravessar” a temporada seca. Essas invasoras são de difícil controle e para o manejo, o pecuarista precisa de estratégias diferenciadas. Entre elas, o método de aplicação adequado e herbicidas com alta tecnologia e eficácia   

No período seco este espectro de plantas daninhas apresentam um aumento de espessura na sua cutícula foliar, o que dificulta muito a entrada de herbicidas por aplicação foliar. Esse aumento é justamente um mecanismo de defesa da planta para atravessar o período seco. Com essa cutícula grossa, ela evita perder umidade. Portanto, a melhor opção de controle é a aplicação no toco. Com a umidade baixa, temperaturas elevadas e muito vento, é necessário aplicar o produto o mais próximo possível da raiz, para que ele consiga chegar até todos os pontos de crescimento e tenha sua ação eficiente de controle. 

Para a aplicação no toco, é importante fazer um corte após o último nó ou caule, que é a altura em que a invasora foi roçada na última vez e a partir daí rebrotou. Geralmente, o herbicida tem dificuldade de ultrapassar esse nó. Por isso, é preciso cortar abaixo dele. Dependendo da planta, ele deve ser realizado abaixo do solo. Outro ponto fundamental, é o corte ser na transversal, além de fazer golpes para que o toco fique bem “machucado”, assim haverá uma maior área de absorção do herbicida. O manejo no toco é uma aplicação planta a planta, por isso é importante utilizar uma ponta com bico regulável no pulverizador costal. Assim, o aplicador, seguindo a bula, as recomendações de um engenheiro agrônomo e as boas práticas agrícolas, não atinge a forrageira, caso tenha alguma na área. É importante destacar, que esse método de aplicação, demanda mão-de-obra treinada, e devido a necessidade de cortar a planta abaixo do último nó e, muitas vezes do solo, o rendimento é baixo, porém, para muitas plantas de extrema dificuldade de controle, a aplicação no toco é a única forma eficiente. 

As plantas daninhas, em qualquer período do ano são um desafio para o pecuarista, e na temporada seca não é diferente. O manejo no toco é também uma estratégia eficiente no planejamento da fazenda como um todo, pois quando chegar o período de chuvas, o pasto estará livre das invasoras de difícil controle e o capim poderá crescer e expressar seu alto potencial produtivo. Temos uma expressão bem forte no campo que diz: “o pasto que é manejado na seca terá dianteira competitiva quando a chuva começa, pois, a forrageira crescerá mais rápida e vigorosa, já que não precisará competir por água, luz e nutrientes”. Para que a pecuária seja competitiva e rentável, faz-se necessário investimentos para elevar a produtividade das pastagens, o que possibilitará maior produção de carne e leite por hectare 

Por: Luan Borges
Fonte: Corteva Agriscience

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cooperativa digital com inteligência artificial: para um mundo cada vez mais analógico, por José Luiz Tejón
Seca nas áreas de pastagem: os desafios do manejo de plantas daninhas de difícil controle
Como a “hiperpersonalização” impacta o agronegócio
Uma nova abordagem no controle de doenças de plantas, por Décio Luiz Gazzoni
Cacau, o fruto da resiliência, por Aline Lazzarotto e Ingrid Tavares
A importância do setor privado no auxílio às vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul