Dia do Citricultor: a resiliência para o controle do greening e o Brasil protagonista da produção de Citrus
Neste 8 de junho, celebramos o Dia do Citricultor, o responsável por fazer do Brasil um dos maiores exportadores de frutas cítricas do mundo, sendo o principal no segmento de suco de laranja. Nossa produção, força do trabalho de milhares de produtores e profissionais do setor, está presente em todo o planeta. Os desafios do Citricultor são diários na lavoura, seja com a operação da produção ou até mesmo no controle de pragas e doenças que atingem os pomares brasileiros. Nos últimos anos, a principal problemática da cultura vem tirando o sono do citricultor: o psilídeo (Diaphorina citri), inseto vetor da bactéria Candidatus Liberibacter spp., que causa o greening, uma doença de difícil controle.
O que é o Psilídeo?
O psilídeo é um inseto que impacta o pomar - porém, ele em si não é o problema, sendo que o que afeta a cultura é o fato de ser o vetor que carrega a bactéria que pode infectar a laranja, o limão, a tangerina e a lima, entre outras culturas, com a doença que causa o greening. Essa bactéria fica alojada no aparelho digestivo do inseto, que ao picar a planta a introduz no sistema de condução, se distribuindo por toda a estrutura rapidamente. Com a infestação, o sistema de defesa da planta age nos vasos condutores, que são como se fossem “veias” e começa a acumular um amido que causa entupimento no canal. Com isso, a planta não distribui os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento em todo o corpo. As consequências são manchas amareladas nas folhas, um dos primeiros sinais de que o produtor identifica a doença.
Outro ponto é que, com a ausência de transmissão de nutrientes pelo corpo da planta, os frutos começam a ficar assimétricos, com coloração diferente, entre outras características. Esses sinais não são vistos de imediato, mas apenas de uma safra para a outra. O momento de brotações do pomar é o mais favorável para o psilídeo, é quando a ninfa e o adulto se alimentam dos ramos jovens. O cenário mais crítico é quando há um volume intenso de brotação, que acontece em todas as plantas, independente da sua idade, já que a idade média brasileira dos pomares é de 15 a 20 anos. As árvores novas são um prato cheio para o psilídeo, pois até a muda crescer fica apenas vegetando, não dando fruto, apenas folhas.
Quais caminhos o citricultor deve seguir?
Já há citricultores trocando de localidade, até mesmo de estado para plantar novos pomares, pois o seu foi acometido e só o arranquio das árvores e a substituição por outra cultura deixa a área produtiva novamente. Uma vez identificado o greening no pomar, não há o que fazer. Por isso, prevenção é a palavra de ordem. O produtor deve investir em um manejo preventivo com inseticidas em todo o período da cultura. Ainda assim, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), com base no estudo do Laboratório de Resistência de Artrópodes da Esalq/USP, realizado em quatro microrregiões do cinturão citrícola do Estado de São Paulo, do Triângulo e do Sudoeste Mineiro, identificou a resistência a inseticidas dos grupos químicos piretróide e neonicotinóide no controle da praga. Com isso, os especialistas passam a recomendar o manejo com soluções mais eficazes, como espinosinas e sulfoxaminas. Mais um detalhe que o Citricultor deve observar ao fazer a prevenção.
Impactos para a Citricultura
De acordo com estimativas do Fundecitrus, o greening deve causar uma redução de 24% na produção de laranja na safra 2024/25, totalizando 232,8 milhões de caixas, o menor volume das últimas dez safras. Ainda segundo o órgão, a doença está presente em todas as regiões citrícolas do Estado de São Paulo e em pomares de Minas Gerais e Paraná, além de países da América do Sul e Estados Unidos. Só a citricultura paulista exporta US$ 2 bilhões por ano, em cerca de 9,6 mil propriedades, que geram cerca de 200 mil empregos, ainda segundo o Fundecitrus.
Por trás destes números, que movimentam a economia do Brasil e de diversos setores, vemos a força do trabalho do Citricultor. Ele luta diariamente implementando melhorias processuais, técnicas e tecnologias na lavoura, principalmente, no controle de pragas e doenças, seguindo com um pomar produtivo e de qualidade. O comprometimento e seriedade do produtor tem gerado e consolidado ao Brasil respeito e referência na produção de frutas e sucos de altíssima qualidade, com alto valor agregado. Tudo isso, gerando emprego e movimentando toda a cadeia. Neste Dia do Citricultor, não poderíamos deixar de homenageá-lo e ressaltar sua luta diária no controle do greeening e por uma citricultura cada vez mais produtiva e sustentável, que seguirá sendo protagonista no país e no mundo, atingindo números expressivos, como já acontece hoje.