Temperatura do solo como indicador de manejo, por Afonso Peche Filho
A temperatura do solo é um importante parâmetro para avaliar o manejo do solo e das plantas. É o parâmetro que mede o desempenho do manejo no controle das condições hidrotérmicas do solo. É um fator crítico no controle de grande número de atividades físico-químicas, biológicas e microbiológicas, bem como todo movimento de água no interior do solo é governado grande parte pela amplitude térmica. Compreender como a temperatura do solo varia no tempo e no espaço ajuda na tomada de decisões de manejo, lembrando que qualquer grande flutuação pode resultar em sérios problemas e causar diversos danos às espécies cultivadas.
Na agricultura de sequeiro, a temperatura tem influência preponderante na ecologia do solo, interferindo significativamente nas relações de fatores abióticos (físicos ou químicos) e bióticos (organismos vivos). Na agricultura irrigada, o regime térmico condiciona a taxa de respiração no perfil, fator fundamental para a qualidade da produção agrícola e para uma melhor gestão do conteúdo de água do solo.
O monitoramento do regime térmico do solo pode ser realizado a partir de medições diretas (uso de termômetros no campo) ou usando métodos indiretos, como modelagem matemática associada ao sensoriamento remoto. O regime térmico de um solo é determinado pelo aquecimento e resfriamento da superfície. Durante o dia, a superfície se aquece, gerando um fluxo de calor para o interior. Durante a noite ocorre um fluxo inverso com o resfriamento da superfície, por emissão de radiação terrestre.
O manejo da temperatura está intimamente relacionado com o tipo de solo, com a textura, estrutura e teor de matéria orgânica. Os solos arenosos tendem a apresentar maiores amplitudes térmicas diárias nas camadas superficiais e menores em profundidade. Os solos argilosos, por sua vez, apresentam maior eficiência na condução de calor, tendo menor amplitude térmica diária.
Em ambientes tropicais, a qualidade da cobertura vegetal (morta ou viva) condiciona a capacidade produtiva em função da estabilidade térmica da lavoura. Solos sem cobertura ficam sujeitos a grandes variações térmicas diárias nas camadas superficiais, prejudicando o desempenho fisiológico das plantas. Mesmo em solos cobertos, quando ocorre falta de uniformidade e regularidade da “manta protetora”, a grande variabilidade térmica interfere negativamente na otimização tecnológica, podendo comprometer a rentabilidade da lavoura.
* Afonso Peche Filho é pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas