Falta de Chuvas pode impactar janela do algodão safrinha, por Bruna Stewart e Eduardo Santiago

Publicado em 13/10/2023 14:21
Bruna Stewart é corretora de algodão da Agrinvest Commodities e Eduardo Araújo Santiago é corretor de algodão e sócio da Santiago Cotton

Após atingir a produção de 3,23 milhões de toneladas de algodão em pluma na safra 22/23, a safra 23/24 promete ser ainda maior. É o que apontam os números da Câmara Setorial do Algodão, que em seu primeiro levantamento para a próxima colheita traz a previsão de 3,29 milhões de toneladas. Há rumores circulando no mercado de que esse número pode ultrapassar as 3,5 milhões de toneladas, podendo se aproximar até mesmo de 4 milhões nas visões mais otimistas. 

O relatório USDA de setembro de 2023 também já reflete o aumento da safra brasileira e aponta o Brasil ultrapassando os EUA na produção de algodão. O país agora aparece como o 3º maior produtor global da comodity, com China e Índia ocupando o primeiro e segundo lugar, respectivamente.

Um dos principais fatores que impacta diretamente no aumento da área de produção do algodão para a safra 23/24 é a rentabilidade mais atrativa desta cultura na comparação com o milho – seu principal concorrente especialmente para as regiões que estão aptas ao cultivo de safra e safrinha. O principal ponto que vai definir se isso irá se concretizar, ou não, é o clima.

A irregularidade das chuvas e o clima quente nas últimas semanas vêm atrasando o plantio da soja na grande maioria das regiões do estado do Mato Grosso (responsável por mais de 70% da produção brasileira de algodão em pluma). Produtores têm relatado sentir os efeitos dessas condições climáticas, que já está gerando atrasos na semeadura dos grãos. 

Isso porque o plantio tardio e a duração do ciclo da soja devem inevitavelmente dificultar o plantio do algodão safrinha dentro da janela ideal de tempo, podendo afetar a produtividade e em alguns casos até mesmo inviabilizar essa cultura.

Além disso, os meteorologistas estão preocupados com a possibilidade de um “Super El Niño”, com condições agravadas. Naturalmente, o El Niño marca um ano em que as chuvas tendem a ‘cortar’ mais cedo nas regiões produtoras de algodão, podendo trazer graves consequência ao desenvolvimento da cultura se plantada tardiamente. 

A pluviometria nos próximos dias será determinante para a área plantada de algodão na Safra 23/24. Os mapas abaixo mostram o acumulado de chuvas em novembro e a previsão de temperatura para dezembro no Brasil.

 

Fonte: Agrinvest Commodities e Santiago

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