O papel dos biofertilizantes na prevenção do estresse abiótico em cultivos, por Guilherme Xavier
Mudanças climáticas extremas são cada vez mais frequentes, como as secas severas ou as chuvas intensas, que ameaçam o rendimento do setor agropecuário. Para um segmento no qual o clima é responsável por 30% do desempenho da produção, eventos como esses lançam desafios não apenas ao desenvolvimento dos cultivos, mas também impõem maior dificuldade para os produtores, sobretudo na maneira de como se planejar para driblar as intempéries.
Prognóstico divulgado recentemente pela Organização Meteorológica Mundial das Nações Unidas (OMM) serve como termômetro para medir os obstáculos sobre a produção de alimentos. O órgão alerta para um novo pico do aquecimento global com o provável retorno do El Niño, ainda em 2023, o que anteciparia o aumento da temperatura em 1,5ºC já para 2027. Nesse fenômeno natural, as águas mais quentes do
Pacífico aquecem a superfície do oceano, elevando as temperaturas.
Para prevenir ou amenizar o estresse à planta causado por ocorrências externas, cresce, entre os produtores brasileiros, o uso de biofertilizantes, produtos com base em matérias-primas orgânicas que ajudam no desenvolvimento das plantas. Segundo aponta o levantamento “Global Farmer Insights”, elaborado pela McKinsey & Company, o Brasil está na liderança global de adoção a esse insumo. Por aqui, 36% dos nossos agricultores recorreram aos biofertilizantes em 2022, bem à frente da média mundial (18%) e a dos EUA (12%). Essa posição de topo no ranking, se pauta, entre outros fatores, na percepção dos nossos produtores da importância da utilização de soluções agrícolas sustentáveis.
Além dos efeitos no sistema radicular, crescimento vegetativo, floração, enchimento dos frutos e dos grãos, um dos benefícios está justamente em conter e superar condições de estresse abiótico e biótico, da geada ao calor, do excesso de chuvas à seca. Isso acontece porque, na prática, os biofertilizantes atuam no metabolismo das plantas, promovendo melhor absorção e aproveitamento dos recursos do solo, o que traz mais resistência ao cultivo e influi diretamente na produtividade da lavoura.
O uso eficiente desse insumo requer, contudo, um bom equilíbrio nutricional. Insumos orgânicos originalmente “puros” ou não tem carga nutricional ou apresentam baixo nível de nutrientes. Para isso, o mercado dispõe de soluções que garantem esse balanceamento, unindo macro e micronutrientes essenciais às culturas, além do extrato de algas, possibilitando nutrição adequada e maior resistência em situação de estresse. Em outras palavras, o produto atua como um “seguro de vida”, com ação corretiva na recuperação do estresse e ainda como um estimulante biológico à planta, atuando preventivamente.
É fato que a ocorrência de eventos extremos climáticos traz consequências para o produtor, com impacto direto na produtividade. Por outro lado, é fato também que o agronegócio brasileiro tem se colocado na vanguarda ao desenvolver soluções agrícolas sustentáveis que ampliam o rendimento, sem degradação ambiental e que devolvem ao solo o que dele foi retirado. Essa é uma equação complexa e exige ação instantânea para um mundo que, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), exigirá aumento de 70% na demanda por alimentos até 2050.
Se faz necessário, portanto, uma atuação conjunta entre os diversos agentes do ciclo produtivo para responder rapidamente às mudanças climáticas e continuar movimentando a indústria alimentar de forma positiva para a natureza.
Guilherme Xavier é líder da linha YaraVita, da Yara Brasil