Solubilização de fósforo e outros benefícios dos biológicos de alta performance, por Reinaldo Bonnecarrere
A busca pela rentabilidade nas lavouras nunca foi um assunto tão comentado como agora. O produtor rural sempre esteve em busca das melhores práticas e insumos que ajudassem a aumentar os ganhos de produtividade. Porém, com a recente crise dos fertilizantes, o tema se tornou uma questão ainda mais imprescindível. Várias soluções foram sugeridas para que o agronegócio continue a produzir os alimentos que o mundo precisa. Dentre elas, os produtos biológicos de alta performance têm sido bastante citados por seus diversos benefícios, como a solubilização de fósforo.
De acordo com a Embrapa, a maioria dos solos agriculturáveis do Brasil é ácida ou pouco ácida. Neste tipo de solo, o fósforo se liga ao ferro e ao alumínio, tornando-se indisponível para as plantas. Por ser um dos macronutrientes primários mais requeridos para que as plantas completem seu ciclo de vida, o fósforo se torna primordial na busca por produtividade nas lavouras e, por ser escasso naturalmente nos solos brasileiros, o agricultor precisa lançar mão de insumos que tornem esse componente disponível.
Alguns produtos biológicos de alta performance têm o poder de produzir ácidos orgânicos que são responsáveis por causar a solubilização do fósforo. Os microrganismos presentes nesse tipo de produto, como o Bacillus simplex, conseguem disponibilizar o fósforo para a planta, possibilitando então que ela absorva este importante nutriente, tornando-se mais produtiva e também mais preparada para enfrentar possíveis situações de estresse.
No contexto de crise de fornecimento dos fertilizantes, trazer os biológicos como possível solução para a solubilização de fósforo é importante, mas não podemos esquecer que os produtos de alta performance oferecem muitos outros benefícios que também vão impactar diretamente na produtividade das lavouras. Por exemplo, o maior aporte de nitrogênio na fase inicial das plantas também as ajudará a se tornarem mais robustas e vigorosas em função do Aminociclopropano carboxilato (ACC) presente na rizosfera. Microrganismos como o Bacillus simplex conseguem quebrar o ACC em duas substâncias, sendo uma delas a amônia, que é fonte de nitrogênio e passa a ser usada pela planta e pelo próprio microrganismo de forma benéfica, resultando em maior arranque inicial das plantas.
Outro ponto de destaque de biológicos de alta performance é a tolerância ao estresse hídrico devido ao incremento de raízes secundárias e pelos radiculares que ocorre por conta do maior aporte de nitrogênio citado anteriormente, e também por conta da produção de fitormônios. Com um aumento significativo no volume da raiz, a planta consegue buscar água e nutrientes em maior profundidade, o que proporciona melhor aproveitamento do recurso, deixando-a mais preparada para uma possível situação de seca no futuro. Além disso, plantas fortes e resistentes se tornam mais tolerantes a doenças porque estão bem-preparadas para sintetizar substâncias de defesa como enzimas, fitoalexinas e proteínas mais rapidamente e em maior quantidade, combatendo o ataque de patógenos de forma mais eficiente.
Em culturas como a da soja, um benefício extra do uso de biológicos de alta performance é o incremento na nodulação. Isso porque a soja retira entorno de 85% do nitrogênio necessário para seu desenvolvimento do ar por meio dos nódulos, ou seja, quanto mais nódulos, mais a planta estará bem nutrida. O incremento na nodulação ocorre devido à presença de mais pelos radiculares, que por sua vez proporcionam a formação de mais nódulos de maneira antecipada.
Todos esses benefícios são comprovados não apenas por meio de testes em laboratório, mas também diretamente no campo. Em 2021, a Indigo conduziu diversos experimentos em lavouras de milho e soja para o lançamento do inoculante e bioestimulante biotrinsic Simplex. Os resultados mostram que o uso do microrganismo Bacillus simplex na lavoura levou as plantas a apresentarem aumento de 12,5% de peso de raiz, 14 centímetros de comprimento radicular e 18% de massa de raiz, o que garantiu produtividade do milho safrinha em 4 sacas a mais por hectare e da soja em 3,1 sacas a mais por hectare.
É importante destacar ainda que os biológicos também trazem impactos positivos para o meio ambiente, já que os microrganismos e bactérias contidos neste tipo de produto ajudam a melhorar a saúde do solo, auxiliam no melhor uso da água e estimulam a biodiversidade. Ou seja, além de garantir ganhos de produtividade e rentabilidade, os agricultores que lançarem mão do uso de biológicos de alta performance ainda estarão contribuindo para uma agricultura mais sustentável.
*Reinaldo Bonnecarrere é engenheiro agrônomo, doutor pela USP em fisiologia dos cultivos agrícolas e diretor LATAM de biológicos da Indigo