Os desafios da Tecnologia de Aplicação nos EUA e no Brasil, por Vitor Anunciato

Publicado em 28/04/2022 11:17
Vitor Anunciato é Doutorando em proteção de plantas pela FCA-UNESP e Técnico de Desenvolvimento de Mercado em Tecnologia de Aplicação na BRANDT do Brasil.

A Tecnologia de Aplicação é um conjunto de práticas que visa a aplicação de um produto em um alvo da forma mais eficiente, utilizando todos os conhecimentos científicos da agricultura para aplicar apenas a quantidade necessária de produto, diminuindo os custos e, inclusive, a contaminação do meio ambiente. Por isso, é considerada uma aliada da agricultura de precisão.

Tecnologia de aplicação: diferenças entre os Estados Unidos e o Brasil e os principais tipos de perdas

Na safra de soja dos EUA em 2020, 98% da área total de cultivo foi tratada com herbicidas, enquanto esse número para fungicidas e inseticidas cai para 22 e 20% da área total tratada respectivamente. Cenário relacionado ao inverno norte-americano, que impede que insetos e fungos sobrevivam de uma safra para outra, reduzindo a pressão de infestação, o que resulta em menos aplicações para manejo de pragas e doenças.

No Brasil, quase a totalidade das áreas de cultivos são tratadas com herbicidas, fungicidas e inseticidas, devido à presença constante de plantas daninhas, insetos e patógenos nos campos de cultivo. Esse maior número de aplicações e de diferentes defensivos proporciona maior complexidade para a pulverização agrícola no Brasil. Diante disso, a utilização de novas tecnologias se torna fundamental na redução de perdas, resultando em uma melhor eficiência nas aplicações agrícolas.

Durante todo o processo de aplicação de defensivos agrícolas, existem perdas potenciais das quais podemos destacar: problemas relacionados à mistura em tanque de produtos e defensivos, processos de perdas de volume aplicado que não atingem o alvo, porém se mantem na aérea aplicada, tradicionalmente conhecido como escorrimento, fragmentação das gotas, endoderiva. Também existem outros processos de perdas como a evaporação da calda pulverizada e baixa cobertura do alvo a ser tratado. Esses fatores podem ser somados ou contribuírem para o processo de deriva externa e podem causar perdas em diferentes níveis, dependendo da interação do ambiente e do processo de pulverização.

O primeiro tipo de perda causada pela deriva externa é a perda do produto para o meio ambiente e o segundo tipo é a deriva para áreas vizinhas com culturas sensíveis, problema que tem se agravado muito com a utilização de herbicidas auxínicos. De qualquer modo, se o produtor investiu em um produto que não cumpriu a sua função, ou seja, não atingiu o alvo, ocorreram danos econômicos, pois uma praga pode não ser controlada e prejudicará a produtividade da cultura ou/e danos ambientais, ocasionando contaminações não previstas.

De acordo com o relatório do Midwest Center for Investigative Reporting, no estado de Indiana (EUA, 2017), foram contabilizadas perdas de 2,2 milhões de dólares causadas por esse tipo de deriva com o uso de herbicidas auxínicos. No Brasil, os eventos transgênicos que permitem o uso de herbicidas auxínicos estão sendo implementados com muita cautela, visando não repetir os erros que aconteceram com essas tecnologias nos EUA.

A Tecnologia de Aplicação vem ganhando destaque a cada ano, isso porque uma aplicação inadequada é sinônimo de prejuízo para o produtor, levando a perdas que podem ser invisíveis aos olhos, mas perceptíveis nos resultados da lavoura e que chegam a ultrapassar 90% do investimento. A BRANDT desenvolveu um novo conceito de adjuvantes agrícolas, o BRANDT Integras, que melhora os resultados das aplicações por meio da redução das perdas, permitindo que os defensivos expressem seu real potencial no controle de pragas, doenças e plantas daninhas.

Tags:

Por: Vitor Anunciato

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Plano Safra precisa ser ferramenta de apoio, não de abandono, por Coronel Fernanda Plano Safra precisa ser ferramenta de apoio, não de abandono, por Coronel Fernanda
Artigo/Cepea: A precificação de bioinsumos pelo Cepea: desafios e perspectivas para o estabelecimento de um mercado futuro
Tecnológico, o agronegócio se torna celeiro de novas oportunidades para os jovens, por João Marchesan
A ameaça da gripe aviária para humanos, por Décio Luiz Gazzoni
No Dia da Terra, um convite ao setor produtivo: cuidar da água é uma estratégia empresarial, por Jairo Trad
Mercado de capitais avança no Agro, por Pedro Saad Abud