Brasil é estratégico para a segurança alimentar mundial, por Murilo G. Schneider
O número de pessoas no planeta continua crescendo. Segundo a estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2050 a população mundial deve chegar a marca de 9,7 bilhões de pessoas. Isso significa que alguns pontos precisarão ser repensados e um deles é a produção de alimentos. Para atender a nova demanda populacional, será preciso aumentar a produção, tendo em pauta um assunto importante: a segurança alimentar.
Definida como um conjunto de regras e iniciativas para garantir o acesso a alimentos, o termo pode ser enxergado por duas óticas: qualidade e quantidade. Quando pensamos em segurança alimentar sob a perspectiva da qualidade, estamos falando de oferecer um alimento seguro para as pessoas, livres de agentes contaminantes que podem surgir durante o processo de produção, armazenamento ou transporte. Já em termos de quantidade, falamos sobre a quantidade de alimentos necessários para atender a demanda populacional, seja de um país ou do planeta.
Essas duas óticas precisam caminhar juntas para garantir que as pessoas estejam consumindo um produto com a qualidade nutricional necessária. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada pessoa deve consumir, em média, cerca de 250 kg de grãos por ano. Essa é a referência para saber se um país tem capacidade para manter sua segurança alimentar - divide-se o número de pessoas por 250 kg. Se a média for superior a necessidade básica, o país está em segurança alimentar.
Neste sentido, o Brasil é estratégico para a segurança alimentar do mundo. Segundo estudos realizados por importantes Órgãos mundiais (FAO, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial, entre outros) até 2050 a produção de alimentos precisará aumentar 61% para atender o novo número populacional e o País precisará atender 41% dessa demanda. Para isso, a tarefa de casa é aumentar a produção agrícola em 10% ao ano. Hoje, a expectativa para a safra 2021/2022, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) está em 288,61 milhões de toneladas, mas para atender a demanda populacional, nos próximos 30 anos esse número precisa subir para algo entre 620 a 630 milhões.
O desafio é grande, mas o Brasil tem capacidade para atendê-lo. Entretanto, para isso, alguns cuidados na produção são necessários, principalmente quando envolve a armazenagem dos grãos. Estratégico para o segmento agrícola, a armazenagem é importante para manter a qualidade do alimento por longos períodos, além de protegê-lo de fatores externos que podem comprometer a sua integridade e o investimento feito na safra. Além disso, armazenar é uma estratégia importante de comercialização, visto que a produção pode ser negociada em momento mais oportuno. Um produto mal armazenado está sujeito a contaminações biológicas, tais como insetos, fungos e bactérias, o que provoca perdas quantitativas e qualitativas do produto.
Para evitar esses transtornos, o investimento em tecnologias se faz necessário. Com isso, o produtor tem mais controle sobre sua produção nas etapas de pós-colheita e consegue garantir que o grão esteja dentro dos critérios de segurança alimentar e nutricional. Através do monitoramento dos dados gerados pelas soluções tecnológicas, é possível ter uma visão completa do produto armazenado: condições de temperatura e umidade relativa da massa de grãos, fatores que interferem em sua conservação, percentual de teor de água, operação adequada dos equipamentos. Tudo isso permite que as decisões que interferem no manejo dos grãos sejam realizadas de maneira rápida, segura e consciente, a fim de otimizar ao máximo o processo produtivo.
Para atendermos o desafio de suprir 41% da produção agrícola dos próximos 30 anos, os investimentos precisam ser feitos agora. A segurança alimentar do futuro, tanto qualitativa quanto quantitativa, depende das decisões que o agronegócio tomar hoje. E claro, os investimentos em tecnologias ainda auxiliam o setor a manter sua produtividade e competitividade, mantendo a sua importância para o desenvolvimento do nosso país.