Agricultura digital: o caminho sem volta para um futuro mais sustentável, por Gustavo Taniguchi
O maior desafio que se impõe para a agricultura brasileira nos próximos anos é o de continuar produzindo cada vez mais e melhor, com qualidade e de maneira sustentável, não apenas no aspecto ambiental, mas também do ponto de vista da sustentabilidade do negócio. A cada ano que passa, o país não só concretiza o seu protagonismo global na produção de alimentos como deverá, num futuro próximo, salvaguardar a preservação dos recursos naturais que tornam a nossa agricultura tropical uma das mais competitivas e respeitadas do mundo.
Para que isso ocorra, uma das principais ferramentas que o produtor terá em mãos é a agricultura digital, não só por seu aspecto inegável, mas porque ela se tornará algo cada vez mais presente no dia a dia das propriedades rurais. Hoje, mais do que nunca, observamos que nossos clientes da New Holland já acompanham as cotações das commodities de maneira on-line, acompanham a previsão do tempo, negociam valores via WhatsApp e se comunicam constantemente pelas redes sociais. Ou seja, para eles já é natural ser digital para realizar diversas tarefas.
Quando menos percebermos, já fará parte das atividades diárias. Nosso compromisso é sempre trazer as soluções de forma simples e descomplicada, afinal, a digitalização tem de ser acessível a todos.
Estamos falando de máquinas 100% conectadas, autônomas, capazes de oferecer ao agricultor uma série de informações sobre o seu funcionamento, autodiagnósticos e detalhes pormenorizados sobre as operações agrícolas, com dados sobre as condições do solo, clima e aspectos do plantio e da colheita.
Atualmente, a agricultura se depara com o universo das chamadas megatendências da tecnologia, que devem ditar o ritmo do desenvolvimento nos próximos anos, como a digitalização, servitização, autonomia e propulsões alternativas, entre elas, por exemplo, a propulsão a biometano e a eletrificação das máquinas.
É notório que essas novas tecnologias já vêm provocando uma revolução no campo. Caminhando ao lado das boas práticas agrícolas, como o plantio direto e manejo adequado, além das inovações presentes nos insumos tais como sementes e fertilizantes, a agricultura digital aumenta a performance no campo, ampliando a produtividade sem necessidade de derrubada da vegetação para a abertura de novas áreas – outro ponto a favor da sustentabilidade.
Para o próximo ciclo (21/22), a expectativa é de que o Brasil vá colher uma safra de grãos de mais de
De qualquer forma, os novos produtores já estão mais conectados. Estamos entrando num novo momento da agricultura. As novas gerações que estão chegando ao campo naturalmente são mais antenadas e conectadas. Trata-se de um novo perfil de agricultor. Segundo a Embrapa, hoje 7 em cada 10 produtores estão de alguma forma conectados. Nos próximos 5 anos, no Brasil, o potencial de mercado para produtos voltados à agricultura digital é de nada menos do que R$ 590 milhões.
A tecnologia embarcada nas modernas máquinas permite ao produtor não só produzir mais, mas evitar desperdícios e reduzir os custos de operação. Um exemplo são os pulverizadores com tecnologia de controle de aplicação, que aplicam o produto na dose certa e no local certo, evitando sobreposições nos talhões e o uso excessivo de agroquímicos. Ou então os tratores de alta potência, que já saem conectados de fábrica e podem controlar a própria velocidade de operação e a rotação de trabalho ideal do motor, tornando a operação mais assertiva e com economia de combustível, o que significa menos CO2 na atmosfera.
E engana-se quem pensa que essas soluções são apenas para os grandes, aqueles mais capitalizados. Hoje temos tecnologias que, literalmente, cabem na palma da mão e não custam R$ 1 sequer. Uma delas são os aplicativos gratuitos que podem ser instalados em qualquer smartphone e servem para monitorar, por exemplo, a velocidade de operação da máquina, o giro ideal do motor ou então trazer informações sobre a previsão do tempo. Uma solução que pode ser usada em qualquer máquina, mesmo sendo mais antiga. Com isso, faz-se com que a máquina opere de forma mais eficiente e econômica.
Mercado aquecido
A demanda crescente por soluções tecnológicas também deve contribuir para aquecer ainda mais o setor de máquinas agrícolas. Estima-se que para 2022 a demanda no Brasil seja de algo em torno de 60 mil tratores e 8,5 mil colheitadeiras. Mas o produtor está mais exigente também. Quer máquinas que lhe tragam, na ponta do lápis, mais economia e rendimento na lavoura, com uma tecnologia assertiva, útil e fácil de usar.
Afinal, temos um mercado mundial para o agro brasileiro. A demanda por produtos agrícolas do país é estimada até 2050, pelo menos. Algo que vem ganhando corpo ao longo dos anos. Na última década, por exemplo, a participação brasileira no mercado mundial de alimentos passou de US$ 20,6 bilhões para US$ 100 bilhões e a expectativa é que essa participação siga crescendo. Um relatório da OMC mostrou que o Brasil se consolidou nos últimos 25 anos como o maior exportador líquido (diferença entre exportações e importações) de produtos agro do planeta.
Atualmente, o PIB agrícola representa quase 30% do PIB brasileiro e a estimativa é chegarmos a 2025 com uma produção de 336 milhões de toneladas de grãos e um aumento esperado de 23% no rendimento para o produtor. Nesse sentido, o maquinário agrícola, com mais tecnologia embarcada, vai ajudar a trazer esses resultados. Mas é importante frisar que só seguiremos crescendo e abrindo novos mercados se tivermos um agro produtivo, tecnológico e, sobretudo, sustentável.