O agronegócio está cada vez mais tech, por Herlon Acosta

Publicado em 16/12/2021 09:51
Herlon Acosta é Diretor de Contas da Ninecon

O surgimento abrupto da maior pandemia dos últimos 100 anos jogou nossas perspectivas em um mar de insegurança nunca visto em nosso tempo. As tentativas de contenção da proliferação do vírus e o alto grau de incerteza sobre com o que exatamente estávamos lidando, impactaram diretamente a economia mundial e, no caso brasileiro, a retração no PIB foi de 4,1% no ano anterior, segundo o IBGE. Voltamos a enfrentar o fantasma da recessão.

No entanto, o Agronegócio brasileiro remou contra essa maré de instabilidade e se destacou, obtendo um respeitável crescimento total de 24,3% em 2020, passando a responder a mais de um quarto do PIB do Brasil, com base nos dados divulgados pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CECAP).

Embora o Brasil disponha de fatores naturais que contribuem com esse cenário, quando olhamos pelo retrovisor observamos os diversos desafios e dificuldades superadas no segmento ao longo destes anos e notamos que o bom resultado em pleno período de pandemia não foi um acaso. O aumento de produtividade precisa ser amparado por uma estrutura que garanta os insumos adequados, com a quantidade e qualidade necessárias, adaptada à realidade de cada setor e região. Precisa fundamentalmente das escolhas certas, da visão empreendedora necessária para transformar os resultados técnicos do campo em valor agregado em toda a cadeia produtiva, não apenas alimentando uma parte representativa da população mundial, mas também gerando valor para todos os envolvidos.

Aqui entra a tecnologia. A adoção de instrumentos modernos de gestão tem permitido criar modelos sofisticados de planejamento abrangendo a ampla cadeia produtiva do setor. Da compra de insumos até a comercialização de alimentos, matrizes de planejamento têm permitido o acompanhamento e controle dos investimentos e dos movimentos planejados nas diversas áreas que compreendem as iniciativas das agroindústrias e demais empresas do segmento.

Os desafios são relevantes: as barreiras fitossanitárias, as regras tributárias, as questões regulatórias do setor, os efeitos da globalização, as variantes climáticas, a mudança no perfil de consumo e a suscetibilidade à dinâmica global de uma era marcada por mudanças constantes, tornam cada vez mais complexo o processo de tomada de decisão. É necessário: o Agro precisa ser cada vez mais tech.

Para apoiar este processo decisório, as empresas têm avançado no conceito de projeção de cenários através de modernas ferramentas que avançam alguns passos à frente do processo de planejamento tradicional. Dessa forma, é possível montar mecanismos de simulação baseados nos principais fatores de impacto dos resultados, abrangendo todo o ciclo da cadeia produtiva e demonstrando qual o resultado esperado para cada cenário. Estas ferramentas são estrategicamente importantes para muitas empresas do agronegócio, a exemplo das cooperativas, que possuem múltiplos negócios inter relacionados, da comercialização de grãos à industrialização e fomento. É onde as escolhas precisam ser feitas com o objetivo de encontrar um ponto de equilíbrio viável entre todos os negócios, ou a identificação de ações de mitigação em determinado setor.

As ferramentas de projeção baseadas no próprio processo de planejamento não são novas, mas passam a ser mais adotadas em função da dinâmica dos mercados e dos fatores que têm facilitado seu acesso, a exemplo das aplicações em nuvem (cloud), que têm permitido cada vez mais empresas terem acesso a custos menores.

As perspectivas do agronegócio brasileiro são muito favoráveis, mas o processo de tomada de decisão se torna cada vez mais complexo e de maior impacto. Adotar instrumentos que ajudem a projetar e analisar antecipadamente o resultado de suas decisões é, certamente, uma das primeiras escolhas a se fazer.  A tecnologia é a maior aliada para que os resultados apresentados pelo setor em 2020 sigam em trajetória ascendente.

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Por: Herlon Acosta

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