Técnicas de fertirrigação e manejo de nutrientes no cultivo de hortifrúti: relevância, benefícios e cuidados, por Wilson Goto
O Brasil está entre os três países com a maior produção mundial de frutas, com cerca de 45 milhões de toneladas ao ano, e deste total 65% são consumidas no mercado interno, segundo dados da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Ainda de acordo com o órgão, o mercado nacional de hortaliças fica concentrado na produção de batata, tomate, melancia, alface, cebola e cenoura, alimentos em que a agricultura familiar é responsável por mais da metade da produção nacional.
Todos estes alimentos têm em comum a alta necessidade hídrica, como em grande parte das frutas e hortaliças, que concentram água em sua composição. Um tomate, por exemplo, tem 93,5% de água e, durante o seu processo produtivo, necessita de 13 litros de água, o que demonstra a necessidade hídrica destas culturas.
Com a irrigação apenas 1% da água permanece nas plantas e o restante que é absorvido se perde por evapotranspiração, um processo importante para a hidratação, controle de temperatura e transporte dos nutrientes às plantas. Já o excesso de água elimina os nutrientes do alcance das raízes e prejudica a plantação. Por isso, o conhecimento adequado das características do solo e das necessidades hídricas de cada cultura são importantes para o uso eficiente da irrigação agrícola.
Pensando nisso, há de se considerar as vantagens, bem como as premissas, para uma boa fertirrigação, técnica de aplicação de fertilizantes junto com a água de irrigação para a nutrição da planta e auxílio na produtividade e qualidade do cultivo.
Os benefícios desta técnica podem trazer aumento da produtividade e, por consequência, a lucratividade, gerar incremento de qualidade da produção, otimização dos recursos como mão de obra, água e fertilizantes, além da sustentabilidade, uma vez que a fertirrigação utiliza fontes adequadas de nitrogênio (N) que reduz as emissões de óxido nitroso (N2O) na atmosfera, gerando menor impacto ambiental.
Diversas pesquisas e experimentos acerca da fertirrigação trazem dados importantes em relação ao aumento da produtividade dos alimentos. Alguns comparativos em hortaliças revelam ganhos de 50 a 60% em produtividade em folhosas, como a alface, por exemplo. Já em culturas como tomate e pepino, o uso adequado da fertirrigação pode trazer um aumento de produtividade de mais de 100%.
Além das características do solo e seus nutrientes, quando o assunto é a fertirrigação, é fundamental considerar também a distribuição uniforme da água de irrigação, sem esta uniformidade a eficiência da fertirrigação fica comprometida.
Em um sistema recém implantado, por exemplo, a uniformidade de distribuição de água fica em torno de 90%, que é considerado excelente, mas, com o passar do tempo, as tubulações e emissores podem ficar obstruídos, fazendo com que a quantidade de água que foi prevista no projeto inicial seja alterada. Esse problema pode diminuir a uniformidade na distribuição de água e, consequentemente, dos nutrientes que são aplicados via fertirrigação.
Quando se adota fertirrigação em um sistema com baixa uniformidade, além de existir o risco de algumas plantas sofrerem por estresse hídrico e outras por excesso, o problema pode ser potencializado com a ocorrência de deficiências nutricionais, como por exemplo a diferença de crescimento de plantas do mesmo talhão.
A fertirrigação é um dos métodos mais avançados e eficientes de aplicação de fertilizantes que garante nutrição diretamente à zona raiz da cultura durante todo o período de cultivo. Por isso, para uma boa fertirrigação de campo é importante que haja um bom planejamento da cultura, a implementação correta da técnica, o monitoramento constante para os ajustes sempre que necessários e, sobretudo, a recomendação adequada sobre os nutrientes necessários para adubação de cada cultura.