Soja – Uma fase de transição, por Andrea Cordeiro
E como daqui pra frente o mercado estará cada vez mais voltado ao que acontece lá nos Estados Unidos, vamos acompanhar semanalmente a evolução dos trabalhos de plantio na famosa região do Meio-Oeste, afinal os fundos de investimento monitorarão simultaneamente os aspectos de oferta da safra sul e norte-americana e os de demanda do mercado asiático e europeu.
Se ainda é cedo para saber quais serão as áreas destinadas para o cultivo de soja, milho e trigo, e como serão as condições climáticas para esta nova temporada que inicia, acompanhar o ritmo dos trabalhos em campo é um bom termômetro para identificar possíveis movimentos de preços e com isso oportunidades de proteção.
Anote aí: o grande questionamento que o mercado agrícola mundial fará e que alimentará uma bolha especulativa no mercado financeiro diz respeito sobre o tamanho das áreas estimadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA no fim de março. Esse questionamento vale milhões e milhões de dólares e vai para o bolso de alguém.
Aqui uma observação pessoal: Como a matemática é básica, e no mercado de futuros as operações em bolsa são casadas, se alguém está ganhando, autenticamente existe uma contra perdendo. Então, olhos abertos pessoal! Não apenas para não perder oportunidades, mas também para não se posicionar da maneira errada.
Caso a projeção da soja de área seja menor que a inicialmente cogitada em fevereiro durante os trabalhos do Agricultural Outlook Forum, a temporada não pode sofrer qualquer percalço climático, considerando o ritmo de exportação e os baixos estoques norte-americanos projetados.
Na primeira segunda feira de abril, o USDA divulgou que 2 % da área projetada para o milho já tinha sido semeada. Na segunda, dia 12, eram 4% frente a 3% em 2020. O órgão também divulgou que o plantio de trigo de primavera acumula 11% versus 3% da semana passada 5% em 2020, o que significa uma boa evolução dos trabalhos.
Embora estejamos apenas no início de uma nova temporada, os fundos começam a especular sobre possíveis adversidades climáticas. Entre elas, uma onda de frio que poderia atrasar os trabalhos e retardar a germinação e a recente ampliação das condições secas nas Planícies do Norte. No mapa semanal de condição de solo, áreas nos estados da Dakota do Norte e Dakota do sul que concentram produção de trigo, soja e milho, reportaram aumento de estiagem.
Embora a maior parte do Meio-Oeste apresente condições favoráveis, o fator climático começa a ser processado de forma mais usual nos corredores de Chicago, ainda mais quando alguns modelos trabalham mais adiante com possibilidades de temperaturas mais altas que as normais.
Então, novamente o famoso mercado climático ou “Weather Market” vai ditar alguns dos trabalhos em Chicago nos próximos meses. Portanto, estejamos bem atentos às previsões climáticas e às atualizações dos principais modelos mundiais. Embora a maioria das casas de investimentos utilize consultorias com o modelo americano e europeu, os modelos australiano e japonês também foram bastante utilizados nas últimas safras, adicionando componente a esta equação já complexa.
Vamos acompanhando de pertinho, ok?
Um forte abraço,
Andrea Cordeiro.