Artigo/Cepea: Qual é a diferença entre o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 e os preços regionais do Cepea?
*por Gabriela Garcia Ribeiro, pesquisadora do Cepea
O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 tornou-se, ao longo dos seus mais de 27 anos de divulgação diária ininterrupta, uma informação muito importante no dia a dia dos agentes do mercado pecuário. Em um País com extensões continentais, a grande diversidade produtiva tornou os outros 30 preços regionais – também calculados e divulgados diariamente pelo Cepea – referência indispensável na negociação dos animais para abate por todo Brasil.
Assim, no caso do estado de São Paulo, além do Indicador do boi gordo CEPEA/B3, o Cepea divulga média de preços de cinco praças regionais, são elas: Araçatuba, São José do Rio Preto, Bauru/Marília, Presidente Prudente e Vale do Paraíba.
E aqui vem um ponto importante ao qual os agentes do mercado devem se atentar: o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 é calculado com base em toda a amostra de preços levantada no estado de São Paulo, mas ele NÃO é resultado das médias das cinco praças paulistas divulgadas pelo Cepea. Mas, afinal, por que não?
O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 é regido por uma metodologia publicada no site do Cepea (veja aqui), em que se definem todos os parâmetros, métodos e regras para sua geração e divulgação. Como destaque, o Indicador CEPEA/B3 é uma média de preços ponderada pelo número de cabeças por negócio declarado a cada preço por agentes colaboradores do Cepea do estado de São Paulo. Ressalta-se que a metodologia do Indicador também descreve processos estatísticos para validação de dados obtidos e métodos que evitam a concentração de amostra.
Já as médias de preços das regiões divulgadas pelo Cepea são aritméticas, ou seja, são médias simples de dados de preço coletados para uma praça específica, sem considerar o número de animais por negócio. E essa é uma importante diferença entre o Indicador ponderado e médias aritméticas regionais. Essas médias regionais também atendem a critérios estatísticos de validação da amostra coletada.
Outro ponto que merece atenção é que, enquanto o Indicador CEPEA/B3 tem como base todos os dados de preço levantados pelo Cepea em todo o estado de São Paulo, os valores de uma determinada praça são formados pelos dados levantados naquela determinada região. Um exemplo: os preços mínimo, máximo e médio da praça de Araçatuba são resultados dos dados levantados nos municípios que fazem parte dessa região paulista.
Nesse sentido, pode acontecer de, eventualmente, o número de informações levantadas numa determinada região seja insuficiente para elaboração da média da mesma naquele dia. Ainda assim, esses dados dessa região sem média divulgada naquele determinado dia podem ser considerados para o cálculo do Indicador.
Apesar de a metodologia ser fundamental neste processo, é também essencial poder contar com uma amostra representativa. Assim, a participação dos colaboradores (frigoríficos, pecuaristas e escritórios de comercialização) é a melhor ferramenta para um Indicador que represente o mercado de forma transparente.
Para finalizar, é preciso mencionar que em todos esses processos o Cepea não tem, evidentemente, qualquer influência sobre os níveis de preços negociados entre as partes no mercado. Procura, sim, coletar esses preços conforme reportados pelos agentes de mercado para compor tanto os preços médios regionais como o Indicador CEPEA/B3.