As cooperativas e a conduta social na pandemia, por Luiz Vicente Suzin
O agravamento da pandemia do novo coronavírus associado à crise econômica gerou um cenário de incerteza e pânico. A covid é uma doença traiçoeira que, sobre ela, ainda sabe-se pouco, apesar do avanço da ciência e da descoberta de vacinas em vários países. No ano passado acreditou-se que a pandemia entrava em linha descendente, razão pela qual muitas estruturas foram desarticuladas, com hospitais de campanha desmobilizados e leitos de UTI fechados. Então veio um recrudescimento, uma nova onda cuja celeridade foi potencializada pela maior capacidade de transmissão das novas variantes do vírus – estabelecendo-se um quadro ainda mais grave e perigoso.
Não cabe analisar aqui erros e acertos das políticas públicas de enfrentamento da covid, pois o desconhecimento mundial sobre esse letal inimigo levou setores públicos e privados a avanços e retrocessos. A cada dia se aprende algo novo sobre essa traiçoeira doença. Entretanto é consenso que, no atual estágio da pandemia, governo e autoridades médicas mobilizam todo o arsenal de recursos disponível para atender à explosão da disseminação que ocorre em praticamente todo o País.
Santa Catarina emerge nessa contextura em situação preocupante. O número de casos não pára de crescer e os incessantes investimentos na ampliação da estrutura de saúde (médicos, enfermeiros, leitos em UTI e enfermarias, insumos hospitalares etc.) não conseguem acompanhar o assustador aumento da demanda em hospitais, clínicas e ambulatórios.
Um poderoso fator que pode auxiliar na mitigação dessa conjuntura – para o qual as cooperativas podem dar expressiva contribuição – é a conduta das pessoas. É consenso que o contínuo e reiterado cumprimento das regras por todas as pessoas vai barrar ou desacelerar essa escalada de adoecimento e morte. A explosão de casos é resultado, em grande parcela, do generalizado desrespeito das pessoas em relação às orientações clássicas de prevenção.
As cooperativas de todos os ramos, dentro e fora de suas atividades laborais/empresariais, foram parceiras de primeira hora na orientação para uso de máscara, higienização constante das mãos, isolamento social e distanciamento de todo tipo de aglomeração. As 251 cooperativas catarinenses registradas na OCESC orientaram seus mais de 3 milhões de cooperados (associados) sobre todos os aspectos da pandemia, implementando centenas de atividades assistenciais, orientacionais e de auxílio material aos necessitados. Ações sociais e assistenciais ditadas pela solidariedade no atendimento a idosos, doentes, deficientes e crianças em situação de risco se misturaram às atividades de proteção aos negócios locais.
O cultural e histórico desinteresse dos cidadãos por normas de segurança, a desinformação promovida por maus brasileiros e a incessante veiculação de notícias falsas (as famigeradas fake news) nas redes sociais são fatores que atrapalham a conscientização e o engajamento das pessoas. Para neutralizar esses deletérios efeitos, as cooperativas colocaram em marcha um intenso esforço de informação e esclarecimento do público, iniciativa reforçada pelas empresas privadas e pelos meios de comunicação.
É notório que os cooperados, em todos os ramos de atividade, são mais propensos ao envolvimento em causas de interesse coletivo. Isso se deve à cultura organizacional das cooperativas, aos princípios e postulados da doutrina associativista, às campanhas desenvolvidas no interesse da comunidade do entorno de cada cooperativa – enfim das práticas cidadãs que tem forte poder educacional sobre os cooperados.
Assim, as cooperativas atuam na defesa de uma conduta social responsável por parte de todos, pois é o caminho para estancar a pandemia.