Artigo: O brilhante futuro das sementes forrageiras, por Álvaro Peixoto

Publicado em 24/11/2020 08:18

Álvaro Peixoto

Diretor Geral da Barenbrug do Brasil

 

A evolução do Agronegócio brasileiro tem sido espetacular, a começar por uma agricultura tropical de alta tecnologia, representada pelo aumento de 250% na produção de soja e de 110% na produtividade do milho de segunda safra nas últimas duas décadas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Tudo isso foi possível pelo desenvolvimento do conhecimento, de pacotes tecnológicos, com advento de genética superior e a biotecnologia, e, recentemente, com a adoção da agricultura de precisão. 

Falando em pecuária, não é de hoje que se sabe da grandeza do Brasil, já que somos o segundo maior produtor mundial de carne bovina e maior exportador do produto, com 25% de market share do comércio global em 2020, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Em paralelo a este protagonismo na produção pecuária, uma verdadeira revolução silenciosa vem acontecendo no campo. O horizonte de ampla expansão horizontal de áreas para a atividade já não é mais possível. O aumento do custo de oportunidade em decorrência do maior preço da terra e a concorrência com a agricultura impelem a pecuária a se reinventar. A supervalorização do bezerro nos tempos atuais é só mais um indício e consequência de tudo isso.

Em âmbito nacional, nas últimas décadas, é evidente a tendência de redução na área de pastagens, seguida do melhor uso das áreas remanescentes, especialmente em regiões mais valorizadas, onde semi confinamentos, terminações intensivas a pasto e confinamentos são sistemas e termos cada vez mais comuns. Segundo os últimos dados do Rally da Pecuária, de 2011 a 2019, a produtividade média das fazendas visitadas pelo projeto aumentou expressivos 186%, uma prova inconteste da revolução tecnológica em curso para a atividade pecuária no país. Avanços na genética bovina, na nutrição e no manejo adotado explicam grande parte desse crescimento. 

Apesar dessas profundas transformações na agricultura e pecuária, algo fundamental ainda não é compatível com este cenário. Trata-se justamente do embrião da cultura que propicia a cobertura de solo para sistemas agrícolas, colaborando para a manutenção de sua produtividade, e representa a maior cultura do país em área, a base fundamental da produção animal tropical em pasto: a semente de forrageiras. 

Estamos prestes a dar um passo muito importante neste mercado, por conta de uma mudança proposta pelo Ministério da Agricultura (MAPA), submetida por meio de uma consulta pública. Pela nova Instrução Normativa (IN), serão revogadas as IN nº 30, de 21 de maio de 2008; IN nº 30, de 26 de outubro de 2010; IN nº 30, de 9 de junho de 2011; IN nº 59, de 19 de dezembro de 2011 e IN nº 25, de 5 de setembro de 2012.

Os principais pontos da proposta visam elevar a pureza mínima de espécies de Brachiaria para 80% (atualmente 60%), Panicum para 60% (atualmente 40%) e garantir que sementes revestidas tenham pureza mínima de 90%.

A Barenbrug apoia fortemente estas mudanças propostas pelo MAPA. A razão para isto é muito simples: trata-se de uma mudança que beneficia, sobretudo, o elo da cadeia mais interessado no assunto: o produtor rural. 

Desde o começo de nossa história no mercado brasileiro, sempre atuamos com índices de pureza superiores aos propostos pelo MAPA nesta consulta - comercializamos nossas sementes com, no mínimo, 95% de pureza para Brachiaria e 90% para Panicum. Reforçamos nossa opinião a favor do aumento da taxa de pureza mínima nesta consulta pública, tanto como Barenbrug do Brasil, quanto como CropLife Brasil (CLB), associação da qual fazemos parte, e que reúne especialistas, instituições e empresas que atuam na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para o Agronegócio brasileiro.

Não é plausível que em um país com os avanços tecnológicos citados anteriormente e com tamanha importância no cenário global, o agricultor e o pecuarista ainda tenham que conviver com uma oferta de sementes forrageiras com níveis tão baixos de pureza mínima. O produtor rural profissional não deseja semear sementes de espécies invasoras, torrões, ovos de cigarrinha ou nematóides em seu precioso solo. 

O uso de forrageiras de alta qualidade e produtividade, em suas variadas possibilidades, nos faz viver o presente e sonhar com um futuro ainda mais brilhante, produtivo e sustentável. Tudo começa com a semente! O Agronegócio brasileiro merece isso. 

 

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Por: Alvaro Peixoto
Fonte: Barenburg

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