Avicultura Gaúcha, atividade pujante mas em estado de alerta
Por José Eduardo do Santos
Presidente Executivo
Organização Avícola do Estado do Rio Grande do Sul
Associação Gaúcha de Avicultura - Asgav
Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas do RS - Sipargs
Ano 2020, um cenário mundial extremante delicado, em movimentos ocasionados pelo distúrbio da pandemia que, além de ceifar vidas, afetou mercados e fluxos econômicos que sempre oscilavam dentro de uma realidade absorvível. A avicultura manteve-se firme na produção de alimentos em meio a todas as exigências de adequação conforme protocolos de saúde e segurança no ambiente laboral. E nessas adaptações reside um dos grandes ganhos do setor: mais de 90% de queda de casos de Covid-19 no ambiente de frigoríficos. No auge da pandemia, segundo dados recentes dos órgãos de saúde do Rio Grande do Sul, as plantas frigoríficas registraram cerca de 34% do total de surtos de covid-19 no Estado, número que, em outubro, caiu para 3%. Este resultado reflete o compromisso do setor com os cuidados e adaptação às medidas de saúde e segurança. Assim, a avicultura vem sustentando seu compromisso com a produção de alimentos em larga escala, de fácil acesso à população e de alto valor nutricional.
Essa é uma vitória em prol da vida e que pretendemos manter no nosso trabalho. Porém, o cenário segue muito conturbado para a avicultura. Dessa vez, a alta alarmante e fora de controle dos preços dos grãos, milho e soja, está deteriorando as condições de competitividade e sobrevivência do setor avícola. Clamamos por uma atenção especial dos nossos governantes e do próprio setor , que já vem adotando ações cabíveis para suportar este momento. Esse momento pode levar muitos produtores de aves e ovos à abdicarem de suas atividades e, consequentemente, diminuir a produção de alimentos, gerar ociosidade nas indústrias e no meio rural. O efeito dominó acaba sendo inevitável, uma vez que, havendo uma possível baixa na produção há sérios riscos de queda na contribuição tributária imposta ao setor, movimento que está diretamente ligado às condições de sobrevivência e manutenção de nossas atividades.
Pedimos a atenção do governo do estado e dos parlamentares para que no mínimo se mantenham as condições e dispositivos de incentivos fiscais atuais para ajudar a garantir que nossas agroindústrias e produtores mantenham suas atividades e continuem empreendendo em nosso Estado. O momento é delicado, o ano muito difícil, não há mais espaço para o surgimento de qualquer ônus que implique em aumento de custos, perda de isonomia ou até mesmo aumento de carga tributária.
O ano é 2020, em número deveria refletir um ano imponente de combinação elegante, mas na realidade um cenário deturpado pela pandemia, estiagem e pelos distúrbios e descontrole econômico em alguns setores.
É momento de atenção, de reflexão e definições sobre onde podemos e queremos chegar. Não paramos de produzir alimentos durante a pandemia, por compromisso, por necessidade e por responsabilidade. Agora, se a situação de custos elevadíssimos e fora do comum perdurarem e outros ônus surgirem, iremos parar por falta de condições sustentáveis que garantam o fluxo normal e real de nossas atividades.