A GUERRA DE BOLSONARO PELO BRASIL - OS PRÓXIMOS PASSOS III, por Pinheiro Pedro
A eleição de Jair Bolsonaro representa a primeira vitória de uma longa série de batalhas, na assimétrica e multifacetada guerra que travará contra o establishment.
O objetivo deste artigo, o terceiro da série (*1), e de outros que se seguirão nos próximos dias, neste Blog, é compreender a natureza e a extensão das frentes de batalha que se avizinham.
Abordaremos o que demandará atenção nos primeiros momentos da formação da "cabeça de ponte" de Jair Bolsonaro, para consolidar a posição obtida nas urnas, ao aportar na cidadela de Brasília tomada ao inimigo.
Por óbvio que não pretendemos esgotar os assuntos ou esmiuçar planos de governo. A ideia é contribuir para a compreensão geral dos desafios, que de toda forma nos afetam também.
A frente das Relações Internacionais
O Brasil há tempos tornou-se meta geopolítica da chamada Nova Ordem Mundial.
No entanto, não é possível avançar uma linha no campo diplomático sem observarmos o que representa o Brasil em termos econômicos, no cenário mundial.
a) Afinal, o que somos?
1- Recursos Naturais Cobiçados
Nosso país é pródigo em recursos naturais essenciais à humanidade - das riquezas minerais à biodiversidade, da produção de fármacos à produção pesqueira, da exploração de petróleo e gás na plataforma continental à impressionante quantidade de água doce armazenada na superfície e no subsolo, em todo o território nacional.
Não há no planeta outro país de dimensões continentais com tamanhos "vazios" preenchidos por riquezas naturais e potenciais como o Brasil. Muito menos há território com tamanha diversidade geomórfica integrada por Bacias hidrográficas interligadas e com potencial logístico inexplorado como o nosso.
Décadas de governos servis e entreguistas, no entanto, permitiram o avanço dos interesses internacionais sobre o solo brasileiro.
Essa ameaça real não pode ser desconsiderada em qualquer governo que se pretenda soberano.
2- Um gigante financeiro a serviço do mal
Nosso país tem uma impressionante facilidade para superar períodos de crise, tornar a acumular reservas e atingir níveis de liquidez a partir de políticas econômicas eficazes. Nesse campo, porém, entra o grande inimigo - o establishment, com sua atuação antipatriótica, internacionalista e dilapidadora.
Governos emedebistas, tucanos e petistas, entre uma importante reforma econômica e outra - necessárias à estabilização institucional do país, trataram de desfazer o bem feito para parasitar as reservas recuperadas, dilapidando-as em prol da corrupção e dos interesses financeiras internacionais.
No período petista, o establishment comprometeu a enorme liquidez dos bancos de desenvolvimento públicos - BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica, para reforçar a infraestrutura de países bolivarianos e ditaduras africanas, atendendo a uma agenda exclusivamente ideológica, esquerdista, antissemita, anti-americana e levemente eurocêntrica.
Não por outro motivo, o Brasil tornou-se nas duas primeiras décadas deste século, a nova meca de radicais muçulmanos, traficantes de droga, comerciantes ilegais de armas e lavadores de dinheiro sujo. Ditadores de todos os matizes incluíram o Brasil em suas rotas de fuga (inclusive de capitais). Contaram, para tanto, com a "diplomacia altiva" dos governos lulopetistas.
No esforço de "venezuelização" de nossas relações exteriores, o governo brasileiro não apenas apoiou financeiramente países submetidos a governos esquerdizóides, como pretendeu transferir para estes territórios parte da indústria nacional. Exemplo mais lamentável foi o esforço da Presidente Dilma Rousseff, de orientar a indústria farmacêutica deixar o Brasil para instalar suas unidades no retroporto de Mariel, em Cuba...
3- Um grande concorrente adormecido
Um país de dimensões continentais, que possui a matéria prima, os insumos energéticos, mão de obra e capacidade tecnológica para produzir o que for preciso: de papel higiênico a reator nuclear, de proteína vegetal a proteína animal, de química fina a aciaria.
Se assim é, por que o Brasil mergulhou, nas últimas décadas, no pior processo de desindustrialização do planeta?
Grande parte da resposta se encontra no servilismo da classe dirigente, pública e empresarial, que forma o establishment nacional. Esse servilismo rende aos bancos a maior rentabilidade do mundo e as mais escorchantes taxas de juros do planeta.
A burocracia brasileira, por sua vez, além de barrar investimentos externos e desestimular o comércio internacional, parece ter sido construída para esmagar a iniciativa privada nativa e desestimular o empreendedorismo.
Ainda assim, o Brasil é forte concorrente internacional no agronegócio e na exportação de matérias-primas.
Só não consegue fazer o mesmo com a indústria de transformação, por conta da esmagadora burocracia e do servilismo diplomático militante, que faz o país se comprometer com qualquer acordo ou tratado que traga embutido barreiras comerciais não tarifárias - de ordem ambiental, social ou financeira, ao bel prazer dos interesses eurocêntricos de ocasião.
4- Uma potência energética
Dos quarenta países que dominam de alguma forma a tecnologia nuclear, somente oito países detém o domínio do ciclo completo da produção nuclear. Destes oito privilegiados, apenas três países possuem, no seu território, a matéria prima suficiente para produzir a energia. O Brasil é um desses três.
Não à toa, toda a militância "ecológica" e "desarmamentista" internacional toma de assalto corações e mentes dos incautos cidadãos brasileiros, visando impedir o uso da tecnologia e seu desenvolvimento no país - seja para fins medicinais, científicos, aeroespaciais, navais, agrícolas, de geração de energia ou militares.
O potencial hidroenergético sofre a mesma ação deletéria internacional. Um país com enorme potencial de extração mineral, não pode transformar o minério em seu território, pois está "proibido" de implantar um projeto firme de eletro intensividade. (*2)
Projetos hidrelétricos, idealizados há décadas para a região amazônica, que é detentora de 70% do potencial hidroenergético nacional, simplesmente não saem do papel.
Essa guerra burocrática e judicializada nada tem a ver com o proselitismo étnico-ambiental declarado nos processos e moções firmados por pressurosos jusburocratas ou ativistas de ONGs. Essa guerra é internacional e protagonizada pelos países que seriam diretamente prejudicados na concorrência comercial com a nova postura transformadora brasileira.
Esse conflito é de quarta geração. Não se faz, ainda, com forças militares e, sim, com forças militantes - militantes das causas ambientais, étnicas, de patrimônio cultural, direitos humanos, do politicamente correto, etc.
A ação deletéria aos interesses nacionais pode ser auferida pelo prestígio conferido pelo establishment a líderes contratados por ONGs financiadas internacionalmente e jusburocratas de plantão, engajados, formados, orientados e festejados pelos países estrangeiros interessados em impedir o disparo do potencial energético e industrial brasileiro.
Segundo a "Nova Ordem Mundial", devemos continuar enviando o minério bruto e recebendo pouco por tonelada... para consumir o produto acabado , pagando muito por quilo ou mesmo grama, no retorno. Em verdade, a questão ambiental, pouco importa, pois o interesse é evidentemente econômico e estratégico.
5- Um Gigante Cristão... que nega seus valores
Como um grande "bobo alegre", o corpo diplomático brasileiro insiste em ser conivente com qualquer moção ou resolução "progressista" urdida pelas franjas "vanguardistas" internacionais.
Da mesma forma com que concordou, sem pestanejar, por anos, com as listas seguidas de produtos condenados no bojo da Convenção de Combate ao Poluentes Orgânicos Persistentes - chamados POPs, quase todos, diga-se, usados pela agricultura e indústria eletro-eletrônica do Brasil - desenhadas as listas conforme os interesses comerciais eurocentristas, a diplomacia brasileira correu a adotar posturas que parecem apontar para a concordância irrestrita do aborto ser conceituado como um "direito humano" (e não uma excepcionalidade moralmente complexa e eventualmente compreensível), da intolerante ideologia de gênero e sua miríade de "opções" desprovidas de qualquer base científica - atingindo até mesmo direitos das crianças a serem devidamente protegidas pelos pais da sexualidade precoce, como o único sucedâneo à tolerância devida à diversidade sexual e, não menos preocupante, à manutenção de posturas omissas quanto à efetiva desobediência aos preceitos já consagrados de defesa dos direitos humanos, em relação a países e movimentos que pregam a intolerância religiosa muçulmana, Estados que reprimem segmentos em nome de interesses identitários e ditaduras populistas de esquerda.
Por óbvio, portanto, devemos enfrentar com objetividade essas questões que parecem nos definir, para assumir nosso tamanho continental, não apenas como um fenômeno geográfico, como também como Nação.
b) Enfrentando o rol de pretextos difusos para assumir asoberania afirmativa
Nossa postura servil no cenário internacional, estimulou o intervencionismo “politicamente correto”, praticado pelas potências eurocêntricas. O pretexto sempre é a pacificação ante o descontrole territorial ou defesa de garantias fundamentais em caso de agressão a direitos humanos ou meio ambiente...
Novos marcos regulatórios internacionais são aceitos pelo Brasil sem que se busque questionar o risco estratégico para o país, ou para o desenvolvimento equânime das relações diplomáticas com blocos econômicos e regionais de nosso globo.
No âmbito das relações internacionais, tem vigorado o que já há tempos denominei Soberania Afirmativa. (*3)
Tratados e convenções internacionais não adotam mais um conceito formal de autodeterminação, não usam soberania nacional como um termo que dispensa adjetivos. Agora, os diplomas internacionais utilizam o conceito difuso de “direitos de soberania”, vinculando o exercício da soberania a provas materiais de efetivo controle do Estado sobre seu território.
Desmandos e desleixos no trato do controle territorial e econômico dos nossos recursos ambientais, bem como a dificuldade de impor autoridade na resolução dos conflitos étnicos, sociais e no combate à criminalidade, podem, em tese, segundo essa ótica, vir a justificar medidas intervencionistas no país.
A ameaça é real. Já fora denunciada pelo próprio Ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, e ignorada pela diplomacia "altiva", no mesmo período... sem qualquer reação digna de nota.
Disse Jobim, em 2010, em um seminário em Portugal:
"Ainda em 1999, publicou-se o novo conceito estratégico da Aliança Atlântica. O novo conceito ampliou o escopo e o raio de atuação da Aliança – não mais restrito ao teatro europeu. Uma interpretação literal desse conceito nos leva a afirmar que a OTAN passaria a poder intervir em qualquer parte do mundo. Os pretextos para operações poderiam ser vários: antiterrorismo; ações humanitárias; tráfico de drogas; agressões ao meio ambiente; ameaças à democracia; entre outras." (*4)
Essa capacidade eurocêntrica é similar à Doutrina de Segurança Regional norte americana, moldada sobre o conceito não declarado de "soberania afirmativa".
O Brasil, hoje, está "cercado". Há bases das forças especiais norte-americanas no entorno do território brasileiro, desde as Guianas até o Paraguai. A Colômbia, por sua vez, foi admitida como membro efetivo da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) - com o detalhe geográfico da Colômbia estar situada em pleno equador e ter sua costa voltada predominantemente para o oceano pacífico, restando uma pequena parte voltada ao Mar do Caribe (o que justificaria estar no tratado do Atlântico Norte).
Venezuela, hoje, está sob a tutela militar efetiva de Rússia, China e Cuba. Sua estrutura interna de poder - absolutamente ruinosa, justifica-se à base de eleições pontuais de inimigos internos. O ditador "Maduro", que ali reina absoluto, cercado de uma ordem militar sem honra ou dignidade, deve ser considerado um fator de risco à segurança regional. O crime organizado, por outro lado, articula esforços com organizações terroristas importando armamentos pesados, pagos com o tráfico de drogas, visando atividades subversivas desestabilizadoras.
É importante, portanto, o resgate do controle territorial e adoção de um planejamento econômico acorde com o conceito de soberania afirmativa.
A diplomacia brasileira deve de pronto repelir o proselitismo de relativização da soberania nacional em nome de interesses politicamente corretos ou ecológicos. Essa relativização é sinérgica - estende-se para conceitos como a indigitada “Justiça Ambiental”, que no âmbito internacional inclui aspectos e conflitos de natureza ideológica, étnica, social, religiosa e fundiária, ao contrário da visão unicamente ecológica, reduzida e estreita, praticada no Brasil.
Soberania Afirmativa, portanto, é postura que deve ser adotada como reação à Soberania Relativa - aplicada pelos novos tratados internacionais, que entendem haver direito à soberania como um bem a ser reclamado e não mais respeito à soberania como um fato jurídico presumido. Destarte, respeito implicará em afirmação material de um controle soberano do Estado sobre o seu território.
c) Compreendendo os grandes eixos continentais sul-americanos
O eixo continental sul americano tem no Brasil sua base e também o seu ponto de inflexão. Nele podemos destacar duas frentes de batalha importantes - muito vinculadas à superação logística dos nossos entraves geográficos continentais.
1- Hidrovia Paraguai-Prata
O eixo é consolidado, porém ainda muito pouco utilizado. Esse eixo hidroviário responde pelo escoamento da produção boliviana, brasileira, paraguaia, uruguaia e argentina.
Por essa hidrovia circulam, diariamente, duas mil barcaças, transportando commodities agrícolas, minérios e produtos químicos.
Um reforço diplomático na atualização das regras de uso da hidrovia seria de fulcral importância para o desenvolvimento intra continental, com enormes reflexos nas exportações brasileiras de minério e grãos, que se tornariam menos dependentes das rodovias e ferrovias e agregariam maior competitividade com a redução de custos.
2- Hub Logístico Amazônico - trans-pacífico
Outro eixo, ainda pouco explorado, embora planejado há quarenta anos, inclui uma ferrovia leste-oeste, a partir do Porto de Ilhéus, na Bahia, a hidrovia do Solimões e Amazonas, envolvendo as hidrovias do Rio Madeira, Tocantins, Tapajós e Teles-Pires e, também, as rodovias federais BRs 163, 174, 230, 364 e 319, que integrariam toda a região e abririam caminho para polos de exportação integrando os portos brasileiros, no Atlântico, com os portos de Perú, Equador e Chile, no Pacífico.
Esse impressionante hub logístico demanda sobretudo um esforço diplomático do governo brasileiro. A falta de integração com os demais países sul americanos e a impressionante pressão internacional para que essa integração jamais ocorra, sempre contou com a submissão da diplomacia brasileira às pressões ambientalistas e proselitistas eurocêntricas e norte-americanas.
A América do Sul, de fato, é um continente isolado geograficamente. Localiza-se fora do eixo econômico ocidental-oriental, concentrado acima do equador, seja no Oceano Atlântico ou no Oceano Pacífico. A única forma de suplantar esse problema geográfico será a integração dos eixos logísticos de exportação, permitindo a passagem de bens e pessoas pelo continente, de leste a oeste, de um oceano a outro.
Esses dois pontos de concentração do esforço diplomático - com reflexos inequívocos no ambiente institucional interno do Brasil, já bastariam para modificar o isolamento geográfico e econômico Brasileiro.
No mais, sobra um Mercosul que ainda não disse a que veio, e só sairá do papel e dos intermináveis discursos em eventos idem... se a diplomacia trabalhar duro para firmar acordos de livre-comércio que sejam respeitados e harmonizados com as respectivas legislações nacionais.
A UNASUL merece denúncia e rejeição oficial. Hora de sair dessa organização.
d) Inserindo-se no eixo oriental China-Japão-Coreia-Brasil
A China é o maior parceiro comercial do Brasil. O Brasil ainda mantém relações fortes também com Japão, Coreia e Taiwan.
A China é o grande catalisador dos recursos produtivos asiáticos e, também, brasileiros. O Japão, por sua vez, mantém a liderança tecnológica na fabricação de insumos sofisticados, bem como a Coreia, cujo investimento na indústria pesada e eletro-eletrônica, a torna forte competidora no campo automobilístico, eletrônico e naval.
A integração asiática dinamiza o sistema produtivo mundial. Porém, guarda características predadoras, graças ao superpopuloso mercado interno e intensa competitividade industrial regional.
O "isolado" continente sul americano, no entanto, é de relevante interesse estratégico para as potências asiáticas, daí o enorme intercâmbio econômico hoje desenvolvido com a região, em especial com o Brasil.
Mas é preciso muito mais. Uma diplomacia inteligente buscará reforçar o posicionamento diplomático com a China, e atrair para o solo brasileiro os polos industriais e a tecnologia chinesa, tal qual já se procura fazer com a Coreia do Sul e já se fez, há muito tempo, com o Japão.
Em verdade, é necessário resgatar todos os valores perdidos em décadas de diplomacia desleixada para com a região. Esse desleixo fez com que a Coreia hesitasse em instalar várias indústrias no território brasileiro, com exceção das montadoras automotivas. O Japão, por sua vez, parece estar literalmente batendo em retirada, tamanhos os entraves e conflitos surgidos no campo da regulação e na implementação dos projetos estruturantes, nos últimos dez anos, no Brasil.
Por sua vez, o agronegócio ditou regras à diplomacia, visando apenas a exportação. Dessa forma, o país perdeu a chance de estimular uma relação intra-industrial tecnologicamente importante - incluso no campo nuclear.
A China, ao perceber a intenção de Bolsonaro de incrementar as vendas com o Brasil, "sem vender o Brasil", já reagiu positivamente. Declarações com ameaças veladas revelam reconhecimento da capacidade da parte contrária, de interferir estrategicamente na relação. Cara feia não assusta.
De fato, a parceria comercial com a China ocorre por conta de uma demanda desesperada de importação em larga escala de alimentos, matéria prima mineral e insumos energéticos do gigante asiático. Não há, necessariamente, um comércio equitativo de nos demais campos - tecnológico e industrial.
Assim, é possível desenvolver um esforço diplomático que eleve o tom das relações entre esses países.
e) Reforçar o eixo Norte-Sul, EUA-Brasil
Os EUA formam a segunda parceria comercial mais importante com o Brasil.
Ao contrário de outros países, os americanos investiram pesadamente, por décadas, na instalação de unidades de suas empresas em território nacional, transferindo tecnologia e absorvendo também a nossa.
Décadas de estranhamentos no campo do agronegócio e no comércio de produtos industrializados levaram á perda do protagonismo norte-americano nas relações comerciais com o Brasil. No período lulopetista, esse estranhamento avançou para o campo geopolítico e ideológico.
O Presidente Donald Trump pôs recentemente o dedo na ferida ao reclamar das "tremendas" barreiras tarifárias impostas aos produtos americanos pelo Brasil.
Os EUA têm razão. Relatório de março deste ano (2018), do Banco Mundial, afirma a baixa competitividade brasileira deve-se, dentre outros fatores, à "falta de concorrência interna, graças a um ambiente de negócios que favorece empresas já estabelecidas, dificulta a inovação e a entrada de novas empresas; e a externa, devido às altas barreiras tarifárias e não-tarifárias ao comércio e a políticas públicas que se concentram em subsídios a empresas já existentes, distorcendo os mercados de capital e trabalho".
A diplomacia brasileira, tradicionalmente articulada com os interesses comerciais do País, deve servir para articular uma ampla rodada de negociações, visando afastar os entraves e resgatar as boas relações comerciais com o setor produtivo dos EUA. Algo para muito além das relações parasitárias entre bancos... que degradam ambas as economias.
f) Agir para além da mediocridade pragmática...
O Brasil foi o primeiro país no mundo a reconhecer o Estado de Israel. Está gabaritado, portanto, a transferir a embaixada para a Cidade de Jerusalém, reafirmando a Soberania Afirmativacontra a regra de relativização que hoje contamina o eurocentrismo e a própria ONU.
Práticos, os norte americanos já optaram pela realidade material e adotaram o princípio da "soberania afirmativa", reconhecendo a soberania israelense a partir do efetivo controle demonstrado por aquele Estado sobre o território.(*5)
No mundo repleto de relativismos, expressados até mesmo em tratados internacionais, o instrumento da "soberania afirmativa" revela-se importantíssimo para resolução de conflitos assimétricos e legitimação territorial em guerras híbridas, envolvendo interesses de ordem difusa, nacional, religiosa e cultural.
A afirmação de soberania é, ao mesmo tempo, um contra-conceito à ideologia de "globalização" e um arma de reivindicação de domínio territorial face à "Nova Ordem Mundial". Assim, o reconhecimento de Jerusalém como sede o Estado de Israel mostrará aos demais países o fim da relativização da soberania no próprio território brasileiro e a afirmação da base judaico-cristã-ocidental como marca da civilização brasileira e seus valores.
Essa afirmação deverá servir também para eliminar de vez o engajamento mundialista, dissimulado e esquerdista, que descredenciou o Brasil de ser escolhido membro do Conselho de Segurança da própria ONU. Os efeitos dessa mudança de postura , portanto, serão sentidos não apenas no Oriente Médio e próximo... mas, principalmente, na América do Sul e central...
Haverá um forte e simbólico efeito da mudança de atitude diplomática do Brasil junto à Organização das Nações Unidas, cuja fundação se deve também á operosa atuação da diplomacia brasileira no pós-guerra. O Brasil estará ajudando EUA, Rússia, e vários outros países a enterrar a nefasta ideologia da "Nova Ordem Mundial".
A "Nova Ordem Mundial" explica as sucessivas invectivas da própria ONU contra as ações de afirmação de soberania do Estado de Israel, contra as iniciativas brasileiras de ocupação racional do espaço amazônico, contra a formação de uma organização africana independente e resolutiva e contra ações mais efetivas para por fim às ações terroristas no campo internacional.
g) A "Nova Ordem Mundial" e a "Diplomacia de Resultados"
O establishment brasileiro é súdito da "Nova Ordem Mundial", que tem o Brasil como alvo principal. O Brasil tornou-se todos esses anos, um grande laboratório para experimentos intervencionistas - patrocinados por Organizações Não Governamentais confessadamente postas a serviço dos interesses mundialistas.
Esse intervencionismo é muito sentido na pressão internacional gerada sobre o uso sustentável de nossos recursos naturais, com destaque para o que chamei tempos atrás de "Diplomacia do Termostato", oriundo do Acordo de Mudanças Climáticas de Paris. (*6)
A propósito, expressa a declaração da Comissão das Nações Unidas para o Governo Global, de 1999:
“O conceito de soberania nacional têm sido imutável, por um principio sagrado das relações internacionais. É um principio que cederá lentamente e enfaticamente aos novos imperativos da cooperação ambiental global.”
Assim, se há um organismo que tem mudado a postura, contrariando a estabilidade e gerando insegurança jurídica no campo das divisões políticas internacionais, é justamente a Organização das Nações Unidas, cujo intervencionismo dissimulado encontra eco em legiões de quadros inoculados na jusburocracia brasileira, incluso o Poder Judiciário.
Em especial no campo das relações de cunho ambiental e ecológico, a troca de discurso se faz urgente. É preciso abandonar a postura envergonhada e defensiva pela atitude afirmativa de soberania, trocando o proselitismo ambientalista pela diplomacia de resultados.(*7)
O fracasso do acordo "termostato" de Paris, revela a necessidade de sairmos do "biquíni" climático para adotarmos medidas que realmente tragam benefícios para a população brasileira, no campo da defesa civil e da produção de alimentos. Abandonar o principiologismo "construído" teleologicamente, para atingir os interesses nacionais do Brasil, para só adotar os princípios extraídos deontologicamente, com base na experiência reiterada com resultados comprovados. Essa medida passa pela substituição dos doutrinadores proselitistas e baba-ovo, pelos cientistas e juristas realmente engajados em buscar soluções práticas e realistas para as grandes questões que envolvem a cooperação internacional. E eles existem, apesar do patrulhamento acadêmico efetuado pelos globalistas, aqui e lá fora.
A diplomacia de resultado deveria, também, rever a utilidade do bloco chamado BRICS, que reuniria os "emergentes" Brasil, Russia, Índia, China e África do Sul. De fato, o grupo é uma invenção retórica com a qual, sem a qual, apesar da qual, tudo fica tal e qual. Índia e China realmente teriam o que tratar com o Brasil, diretamente e sem qualquer necessidade de atuação neste bloco.
Conclusão
Se o governo de Bolsonaro firmar claramente essas diretrizes em sua política de relações exteriores, veremos em breve ressurgir a estrela do Brasil no firmamento dos grandes players internacionais.
Continua...
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