Embrapa: um Instituto de Pesquisa Global, por Alan Bojanic

Publicado em 27/11/2018 10:36
Alan Bojanic é Representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil

Apontado como o futuro abastecedor de alimentos do planeta, o Brasil tem um compromisso ainda maior: é peça vital na elaboração de uma agricultura de referência mundial, eficiente e sustentável. Os estudos e as pesquisas desenvolvidas a partir da década de 1970 tiveram um impacto tão grande na produção agrícola nacional que foi inevitável não tornar a disseminação desse conhecimento em um compromisso global.

Assim, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), responsável por tais avanços, não apenas é capaz de devolver aos brasileiros R$ 11 para cada real nela investido, e considerando apenas um conjunto de tecnologias, como se tornou uma instituição a serviço da agricultura e do desenvolvimento sustentável de todo planeta, principalmente para os trópicos. Por consequência, contribui para a agenda de trabalho da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pelo fortalecimento da agricultura familiar e a erradicação de todas as formas de má nutrição.

Por meio de uma vasta rede de cooperação internacional nos âmbitos técnicos e científicos, a Embrapa transforma a realidade rural de países tropicais em desenvolvimento e realiza intercâmbio de conhecimentos com comunidades técnico-científicas de todos os continentes.

Mais do que um instrumento de desenvolvimento socioeconômico mundial, as cooperações científicas são um importante posicionamento estratégico, tecnológico e comercial para o Brasil: uma das chaves para o aumento da qualidade da produção e dos produtos nacionais dos pequenos e dos grandes produtores.

Junto à Agência Brasileira de Cooperação (ABC), a Embrapa troca experiências tecno-científicas com mais de 55 países. São 180 acordos de cooperação bilateral e 15 acordos multilaterais, com mais de 126 instuições internacionais.

Ao disseminar saberes para o melhor cultivo e manejo agrícola de nações em desenvolvimento, as cooperações técnicas realizadas - algumas em parceria com a FAO, como o acordo de cooperação de especialistas, transformam a vida de comunidades rurais mundo afora. Além disso, impactam diretamente o potencial de crescimento de países da África, Ásia, América do Sul e Caribe – muitos deles se recuperando de guerras civis e de grandes desastres naturais.

As cooperações científicas com instituições internacionais fazem a troca de conhecimentos de ponta que promovem o avanço da agricultura brasileira. O Programa de Laboratórios Virtuais no Exterior (Labex), criado pela Embrapa, identifica demandas e direciona o fluxo de conhecimento científico para assuntos de interesse da agricultura, norteando a agenda de cooperações.

Para além das questões socioeconômicas, a troca de conhecimento científico tem papel fundamental na elaboração de uma agricultura ecologicamente responsável. O setor responde por uma complexa corrente de responsabilidades que, hoje, dependem de pesquisa e de soluções tecnológicas para o cumprimento da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: na erradicação da fome e na agricultura sustentável (ODS2), fazendo frente à mudança global do clima (ODS13), na garantia de trabalho decente e do crescimento econômico (ODS8) e na produção e consumo responsáveis (ODS12), entre outros objetivos relacionados, de forma direta ou indireta, à agricultura.

O Brasil e a Embrapa têm um grande desafio pela frente: manter o ritmo que levou o país da posição de importador para a de celeiro mundial de alimentos, e seguir desenvolvendo pesquisas e técnicas que tornem a agricultura de todo o planeta mais eficiente. E o que é mais importante, em consonância com uma agenda pautada por encargos sociais e ambientais, a Embrapa se torna imprescindível para o desenvolvimento sustentável do planeta.

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Fonte: Embrapa

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