A mulher no agronegócio, por José Zeferino Pedrozo

Publicado em 28/08/2018 16:44
José Zeferino Pedrozo é Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

É notório que, nas últimas décadas, ocorreu uma crescente participação feminina nas atividades econômicas e profissionais, nas entidades associativistas e nas organizações de intermediação social. A mulher tornou-se agente de mudanças e transformações. No campo, essa situação também é visível. A participação de mulheres como responsáveis pelos estabelecimentos rurais cresceu no País, segundo conclusões preliminares do Censo Agropecuário 2017: a direção de 18,6% dos estabelecimentos rurais estava nas mãos exclusivamente de mulheres entre 2016 e 2017. Houve evolução, pois, em 2006, o número de estabelecimentos chefiados somente por mulheres representava 12,7% do total. A participação delas na direção dos estabelecimentos rurais (18,6%), quando adicionada às mulheres que administram os estabelecimentos junto aos seus esposos (16,4%), faz com que o percentual de dirigentes do sexo feminino no agronegócio atinja a expressivos 35%.

No contrafluxo desse movimento, Santa Catarina registrou o menor percentual de propriedades gerenciadas por mulheres (10,2%). Mas isso está mudando, porque é visível que os Sindicatos, as Cooperativas, os clubes, as escolas, as associações em geral – sejam de natureza econômica, laboral, cultural ou política – estão se tornando ambientes da presença atuante da mulher. Esse fenômeno também se verifica nas instituições do universo rural. Em assembleias de cooperativas agropecuárias e de Sindicatos de empregadores ou de trabalhadores rurais festeja-se a onipresente participação feminina. As mudanças no meio rural são mais lentas e os papéis sociais exercidos pelo homem e pela mulher, definidos por costumes mais rígidos. Para vencer a inércia e o preconceito de uma estrutura patriarcal, a mulher rural superou obstáculos maiores que a urbana. Sua postura mudou: hoje ela divide a chefia da família com o marido, quando ela mesma  não assume sozinha esta função.

A busca por aperfeiçoamento por parte delas é muito grande. Nos cursos realizados pelos sindicatos Rurais em convênio com o SENAR a participação da mulher é muito maior, frequentemente ultrapassando os 50%. Por isso, muitas mulheres acreditam que seu maior desafio é fazer com que o homem não fique para trás nesta evolução, em face da proverbial dificuldade de conscientização masculina da importância da busca do conhecimento e do aperfeiçoamento.

Outro fator importante é a capacidade de agregação e conciliação da mulher. Quando focalizamos a propriedade rural e principalmente a pequena propriedade, que é basicamente familiar, o grande desafio está em resolver os conflitos que existem entre as gerações, pois normalmente os filhos são inovadores e revolucionários e os pais são conservadores e centralizadores.

É reconhecida a eficiência que ela ostenta na propriedade rural, onde passou a interessar-se pela contabilidade de custos e resultados, pela questão previdenciária, pelos investimentos e pela viabilidade econômica. No plano social, comprova-se, hodiernamente, que  a mulher agregou qualidade e dinamismo às instituições as quais passou a participar. Sua presença contribuiu para harmonizar as diferenças, atenuar as tensões, fortalecer os pontos de convergência e realçar os interesses comuns.

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Fonte: MB Comunicação

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