O Brasil que coopera também supera, por José Luiz Tejon
O governo colocou três cobras venenosas na sala dos produtores rurais ao mesmo tempo: a cobrança indevida do Funrural, o aumento dos combustíveis via impostos (que deverá elevar em 5% os custos) e a criação de limites para créditos em cooperativas e integradoras.
Isso associado à queda de preços de commodities e a valorização do real com efeito no câmbio, que significa menos receita e mais custo na aquisição de insumos. Além disso, sabemos da falta de infraestrutura, logística, falta de seguro, etc.
Nas últimas semanas, o setor foi “agraciado” com o parcelamento de dívidas do Funrural, ou seja, foi tirada uma “cobra da sala”. O trágico assunto do Funrural, dívida a qual consideramos inapropriada e indevida, principalmente para um setor em que os fatores incontroláveis são imensos e onde o agronegócio perde competitividade e receitas por ineficiência de tudo o que ocorre no antes e no pós-porteira das fazendas.
Estrutura capenga do país, além das crises de corrupção que envolvem também o principal porto de escoamento de safras do Brasil, o Porto de Santos, presente nas acusações ao atual Presidente da República, Michel Temer.
Então, o que a Frente Parlamentar da Agropecuária celebrava naquela semana? Parcelamento de dívidas do Funrural, a diminuição da alíquota de 2% para 1,2% (que é apresentado como se o governo abrisse mão de mais de 5 bilhões de reais de impostos), e a arrecadação “apenas” um pouco mais de 2 bilhões de reais.
Mas continuam duas cobras venenosas e diversas cobrinhas em gestação. Surpreende-me ver parte do setor do agronegócio aplaudindo tudo isso, sendo que esse segmento que cresceu 13,4% no primeiro trimestre de 2017 e foi o único que salvou a economia e os políticos perambulantes de um colapso completo. Ali estava um sistema que não existe mais, comemorando a retirada de uma das cobras que foi colocada pelo próprio governo.
O agronegócio precisa cooperar entre si, fazer estudos sérios e integrados de custos, tributação, competitividade ao longo da cadeia produtiva inteira, e pagar impostos em juízo, ligados a realização de investimentos sagrados para que o setor não fique em pouco tempo asfixiado, estrangulado e morra envenenado.
Estamos órfãos de pai e mãe em Brasília. É hora de assumir a maioridade e a autogestão e determinação de toda uma categoria, e que as demais nos sigam.