Esquerda não gosta do misto de produtividade e sustentabilidade do agronegócio
NOVO MUNDO RURAL: É O AGRONEGÓCIO QUE SEGURA O BRASIL EM PÉ
Em meio à maior crise, política e econômica, de sua história, o Brasil está obtendo uma safra agrícola recorde. É sensacional. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), serão colhidas cerca de 228 milhões de toneladas de grãos, uma expressiva alta de 22% em comparação à produção anterior. Bom para o agricultor, melhor para o país: é o agronegócio que segura o Brasil em pé.
Mesmo sofrendo com as trapalhadas da operação Carne Fraca e com as delações da JBS, que depreciaram a pecuária de corte, a roça trabalha no azul. No primeiro trimestre deste 2017, a produção rural cresceu 13,4%. Se não fosse o vigor da agropecuária, o PIB brasileiro continuaria no vermelho.
A dinâmica positiva da produção agrícola se reflete no emprego: até maio, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), 77 mil novas vagas foram geradas nas atividades rurais. Além de abastecer o mercado interno, segurando os índices de inflação, o agronegócio turbina o comércio exterior: respondeu por 43% das exportações nacionais, gerando um superávit de US$ 21,4 bilhões. É o campo que paga as importações da cidade.
Quem estuda a modernização da agropecuária nacional sabe que há muito tempo o agro deixou de ser o palco do latifúndio. O termo nem cabe mais. Símbolos históricos do atraso social e da baixa produtividade, nos últimos 50 anos os latifúndios foram sendo substituídos pela agricultura de base tecnológica, capitalista, vinculada aos mercados urbanos. Pequenos produtores se associaram em gigantes, e competentes, cooperativas. O rural, antes isolado, se tornou complexo, integrado com as agroindústrias. Caipira, sim, mas globalizado.
O Brasil se tornou um dos gigantes globais na agropecuária. Sua receita tropicalizada permite colher, com crescente produtividade, 2 a 3 safras na mesma área, misturando lavoura com pecuária e florestas. Assim nossa agricultura se tornou admirada mundo afora. Curiosamente, porém, nem sempre aqui dentro tal performance é devidamente reconhecida. Decorrente de uma visão antiga, percebe-se uma espécie de preconceito urbano que menospreza a virtude do campo.
Em 2015, quando lançamos nosso livro “Novo Mundo Rural” (Editora Unesp), Zander Navarro e eu chamamos atenção para essa curiosa, e patética, dissintonia entre a realidade e sua interpretação. Motivados por um duradouro ranço ideológico, certos acadêmicos e lideranças políticas de “esquerda” julgam pernicioso nosso modelo de produção no campo. Defendem um retrocesso contra o agronegócio, para favorecer a pequena produção independente, familiar. Imaginam alimentar a população mundial com base no campesinato europeu do século 19. É bucólico.
A história, porém, não conhece marcha-a-ré. Os problemas atuais, e eles existem, somente poderão ser equacionados com mais, e não menos, tecnologia. Pouco importa o tamanho da produção: é o conhecimento que abre a chave do futuro. Com sustentabilidade. Se o Brasil não tivesse se modernizado no campo e elevado sua produtividade, teria de ocupar hoje 92 milhões de hectares a mais (150% de acréscimo) para produzir o mesmo volume da safra agora colhida. Ou seja, o desmatamento teria estourado. Existe uma aliança da produtividade com a ecologia. Florestas adoram o avanço tecnológico do agro.