Produzimos carnes seguras, saudáveis e saborosas, por José Otavio Menten

Publicado em 23/03/2017 12:42
José Otavio Menten é Diretor Financeiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Vice-Presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da ESALQ/USP.

A maneira que foi divulgada a Operação Carne Fraca, que ocupou as manchetes dos principais veículos de comunicação e mídias sociais, do Brasil e de outros países, desde 17 de março de 2017, sexta-feira, foi apropriada? Quais serão as consequências para os consumidores, produtores, agro e para a economia do Brasil?

Foi uma grande surpresa a notícia sobre as irregularidades constatadas pela Operação da Polícia Federal neste 17 de março  de 2017.  O agro brasileiro vem incorporando inovações tecnológicas, sendo extremamente competitivo com outros países produtores e se destacando como principal fornecedor de alimentos no futuro próximo.

O agro brasileiro representa 22% do PIB, 21% dos empregos e 37% das exportações. O VPB (Valor Bruto de Produção) da agropecuária (“dentro da porteira”) é estimado em R$ 547 bilhões em 2017. Deste total, as carnes (bovina, frango e suína) representam R$ 137,3 bilhões (24,7% do VPB). Somos o segundo maior produtor de carne bovina, terceiro de frangos e quarto de suínos; e os primeiros exportadores de carne bovina e de frango e quarto de carne suína. Isto representa cerca de US$ 12 bilhões por ano.

Estamos trabalhando para mostrar à sociedade a importância do setor, através de campanhas como Sou Agro (2012) e Agro é tech, agro é pop, agro é tudo (2016).  Apesar de todo o avanço nos últimos 40, 50 anos, ainda temos muito que aprimorar para atendermos a expectativa da FAO, de sermos o país que mais vai aumentar a produção de alimentos até 2050.

Os problemas detectados na Operação Carne Fraca devem ser apurados com rigor, rapidez e transparência. Os culpados devem receber punição exemplar. É uma grande irresponsabilidade colocar em risco todo um trabalho que vem sendo desenvolvido com base em ciência e tecnologia.

A cadeia produtiva de proteína animal é uma das mais consolidadas no Brasil. Além de atender a demanda interna, exportamos para mais de 170 países como China, União Europeia, Arábia, Japão e Coréia do Sul.

As informações preliminares mostram que os problemas estão restritos a menos de 0,5% das unidades que processam carnes e a menos de 0,3% dos auditores fiscais federais. Portanto, não se pode generalizar o problema. Entretanto, deve ser investigado com todo rigor. A fiscalização agropecuária é um dos grandes desafios do agro brasileiro. Esta será uma oportunidade de se valorizar o setor e os servidores públicos. A qualidade, envolvendo certificação e rastreabilidade, é cada vez mais importante.

As manifestações de diversos especialistas têm demonstrado que não há risco sanitário de se consumir carnes produzidas no Brasil. O que não se pode admitir é que qualquer tipo de irregularidade não seja apurado e corrigido. É um direito de a população ter tranquilidade de adquirir carnes seguras, saudáveis e saborosas para seu consumo.

O posicionamento claro das autoridades do agro brasileiro vai reduzir os impactos negativos desta crise. A robustez do setor vai contribuir para a preservação do prestígio das carnes produzidas no Brasil.

Tags:

Fonte: CCAS

NOTÍCIAS RELACIONADAS

O início da safra de grãos 2024/25 e as ferramentas que potencializam o poder de compra do agricultor
Produção de bioinsumos on-farm, por Décio Gazzoni
Reforma Tributária: algo precisa ser feito, antes que a mesa do consumidor sinta os reflexos dos impostos
Benefícios da fenação para o bolso do produtor
Artigo/Cepea: Quebra de safra e preços baixos limitam rentabilidade na temporada 2023/24
O Biodiesel e o Biometano no Combustível do Futuro, por Arnaldo Jardim
undefined