Café: Fundos desmontando parte de suas posições, por Rodrigo Costa
As bolsas de ações deram uma pausa nas apreciações acentuadas que tiveram durante o mês de novembro e retraíram nos Estados Unidos e Europa.
Os investidores aguardam o resultado do referendo Italiano de hoje, dia 4 de dezembro, cuja derrota da sugerida reforma constitucional causará a queda do atual governo e com isso levará a instabilidade financeira.
O desemprego americano em novembro caiu para 4.6%, o menor nível desde agosto de 2007, ainda que o número de posições criadas tenha sido revisado para baixo em outubro e ficado dentro da expectativa no mês passado.
Os índices das commodities deram um salto nos últimos cinco dias puxados pelos ganhos das matérias-primas energéticas após a OPEP ter acordado em cortar produção entre seus membros. O contrato de petróleo WTI teve alta de quase 15% em dois pregões.
O café em Nova Iorque foi o componente do CRB que mais cedeu, perdendo 7.71% na semana, enquanto Londres conseguiu recuperar para o mesmo nível da sexta-feira retrasada após perdas iniciais.
A fraqueza do terminal tem como principal motivo o desmanche das posições compradas dos fundos em um cenário que fundamentalmente praticamente não se alterou com o movimento que levou Nova Iorque de 150 a 180 centavos e que trouxe os preços dos 180 para os atuais 145 centavos.
Há sim um fator que estancou a alta em um momento onde os comerciais estavam sendo “squeezados”, que foi a mudança dos juros dos títulos americanos provocando a desvalorização da moeda brasileira. Fora isso tem a infindável crise política no Brasil que só nos dá desgosto a cada dia com as espúrias e desrespeitosas atitudes do congresso e do atual presidente, que se finge de morto envergonhando ainda mais nosso país.
No mercado físico o fluxo de café diminuiu no Brasil enquanto nas origens produtoras de “suaves” a negociação foi mais franca. Diferenciais de reposição estreitaram como normalmente acontece quando o terminal cai. As ofertas no FOB não sofreram grandes alterações dado a demanda moderada e o posicionamento de exportadores comprados em diferenciais mais baratos.
Por sinal não custa lembrar que a performance do contrato “C” no começo de novembro permitiu aos agentes recompor o “pipeline”, ou seja, antes da alta de Nova Iorque podíamos esperar um primeiro trimestre de 2017 mais apertado em ofertas e disponibilidade, com estreitamente do basis e supostamente uma necessidade maior de compra de exportadores, importadores e torradores. O rally soltou bastante café, prova disto é os 70% que se acredita ter sido negociado da safra atual, desta forma o volume de embarques devem se manter elevados o suficiente para não permitir uma queda dos estoques nos países consumidores e, portanto uma garantia de abastecimento por pelo menos três ou quatro meses.
Os embarques de café brasileiros em novembro, a serem divulgados pela CECAFÉ, devem ficar acima de 3 milhões de sacas novamente, seguindo as indicações da estatística da SECEX. No Vietnã as exportações de 2 milhões de sacas, também em novembro, contribuíram para acumular um volume de embarque nos onze meses de 2016 superior em 37.7% do mesmo período de 2015, ou um total de 27.33 milhões de sacas. Na Indonésia a queda é significativa de Janeiro a Novembro, este ano ficando em 3,571,617 sacas comparadas com as 5,385,450 sacas do ano passado.
O arábica da ICE falhou na sexta-feira em sustentar a tomada de lucro rápida que teve, mantendo o sinal negativo tecnicamente. O relatório do Commitments of Traders também mostrou os fundos com uma posição comprada ainda grande o suficiente para imaginarmos que mais liquidações ainda devem acontecer. O mercado tem esta mania de exagerar tanto para cima como para baixo.
A média-móvel de duzentos dias, em US$ 141.50 centavos por libra, é o suporte mais importante a ser respeitado para evitar o teste da mínima de agosto a US$ 137.85 cts e depois US$ 134.60 cts. Um respiro das baixas deve ser esperado sendo que um fechamento acima de US$ 153.80 é necessário para afugentar a pressão vendedora dos fundos.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting