Cooperação e superação: O exemplo da Chapecoense, por Mário Lanznaster
O Brasil e o mundo foram impactados pela tragédia que se abateu sobre a Associação Chapecoense de Futebol e vitimou jogadores, dirigentes, comissão técnica, jornalistas, ex-presidentes e tripulação do voo Brasil-Colômbia. Além da perplexidade pela imensa perda humana no momento de máxima ascensão do clube, a indagação geral é: como uma equipe nova, de história recente, com modesto orçamento do interior de Santa Catarina conquistou lugar na elite do futebol brasileiro e já disputava a final de uma Copa Sul-Americana.
A resposta emergiu há dez anos, quando empresários, torcedores, patrocinadores e lideranças locais assumiram as rédeas do clube, sanearam suas contas, implantaram um sistema de gestão transparente e participativo com a cooperação da amplos setores da coletividade.
Cooperação é, exatamente, a chave que explica essa nova fase que vive a Chapecoense. O primeiro desafio foi zerar um preocupante passivo, fruto de muitos anos de insucesso. Em seguida, recursos humanos, técnicos e financeiros foram mobilizados em várias frentes para infraestruturar uma equipe que saiu da Série D para a Série A do campeonato brasileiro de futebol. Muito trabalho, dedicação e perseverança em todos esses anos pavimentaram essa trajetória de sucesso.
Uma aguçada visão empresarial e um eficiente gerenciamento impregnaram a administração do Clube, restabelecendo a confiança de todos os parceiros e reavivando a fé do torcedor. Genuínos valores do cooperativismo – esse mesmo cooperativismo que faz o sucesso mundial da agroindústria catarinense – foram empregados na reconstrução da Chapecoense: gestão democrática e participativa, adesão voluntária, interesse pela comunidade etc.
Nesse momento em que todos manifestam sua dor e sua solidariedade pela perda desse admirável capital humano parece fazer sentido lembrar que a cooperação fundamentou as bases da infraestrutura e do crescimento da Chapecoense na sua transição para um Clube de êxito na gestão e de sucesso nos campos do Brasil e da América do Sul. Essa mesma cooperação – emoldurada pela solidariedade – pode ser a catapulta da superação e da mitigação da dor que nos aflige.
Com cooperação e solidariedade será menos difícil viver sem a alegria que essa admirável equipe proporcionava aos catarinenses e brasileiros com seu futebol criativo e com sua trajetória corajosa, que a conduziu ao topo do desporto verde-amarelo.