Café: Volumes baixos e movimentos distintos, por Rodrigo Costa
Os mercados aguardam o desfecho da próxima reunião do FOMC, na quarta-feira dia 21 de setembro, com pouquíssimas apostas de um incremento de juros antes das eleições presidenciais americanas. Em minha opinião qualquer que seja a decisão os ativos de risco devem ceder, já que o elemento surpresa será negativo dado o posicionamento dos investidores.
Curiosamente pudemos notar em algumas sessões recentemente que as quedas de ativos têm se dado não apenas nos mercados acionários como também nos títulos de renda-fixa, expondo a dificuldade que enfrentam os gestores de dinheiro em um ambiente de excesso de liquidez.
Nos Estados Unidos os índices acionários foram salvos principalmente pela performance da ação da Apple que subiu 12% em uma semana – seguindo a divulgação do novo Iphone7. Na Europa a notificação de uma multa de 14 bilhões de dólares ao Deutsche Bank pressionou as cotações.
O índice do dólar (cesta de moedas contra o dólar americano) teve uma semana positiva fechando acima dos 96 pontos pela primeira vez desde o fim de agosto e causando baixa para grande parte das matérias-primas que compõe o CRB.
O café teve performances distintas dos dois lados do Oceano Atlântico, com Nova Iorque escorregando US$ 1.90 cents/lb desde a última sexta-feira e Londres fazendo novas máximas recentes subindo US$ 28 /tonelada no mesmo período.
A proximidade das safras dos países produtores de cafés suaves e uma maior disposição de venda no Brasil limitaram, por ora, as tentativas do arábica em acompanhar o robusta. Vale notar que os volumes de negociação nos mercados futuros foram baixos, já que os fundos mantiveram suas posições compradas em 38 mil lotes enquanto os comerciais aguardam uma queda do terminal para comprar alguns contratos.
Nos destinos a situação não tem se alterado, demanda relativamente fraca, procura no spot pontual, e no FOB as idéias de diferenciais afastam o interesse de venda. Exportadores e dealers esperam um comportamento diferente pré-inverno no hemisfério norte, com opiniões diferentes entre os que acreditam que os torradores têm uma cobertura razoável e os que vêem uma necessidade iminente de compras.
As exportações brasileiras de café em agosto totalizaram 2,692,282 sacas, abaixo das 2.91 milhões de um ano atrás, mas bem acima das 1.96 milhões embarcadas em julho. Segundo a CECAFÉ ajustes para maior ainda devem ocorrer, devido a lentidão da Receita Federal.
No Vietnã os embarques também foram elevados, com o total exportado em agosto finalizando em 2,544,633 de sacas, acumulando este ano 21.17 milhões de sacas, 40% a mais do que em 2015 – ano que os produtores daquele país seguraram seus cafés devido aos preços baixos praticados nos mercados internacionais.
Nos Estados Unidos os estoques caíram 110,467 sacas em agosto, estando agora em 6,198,110 sacas, acima das 6.12 milhões há um ano – segundo dados da Green Coffee Association.
Com o fim da colheita no Brasil os olhos agora estão voltados aos prognósticos de chuva no “cinturão de café”, com uma preocupação maior para o norte do Espírito Santo. A percepção do mercado é que os cafezais aguentam um tempo seco até o começo de outubro, opinião não-compartilhada por todos, já que uns dizem que o estrago já está feito, e outros acreditam que o tempo não tem estado completamente seco e as árvores podem se recuperar.
Na próxima semana estarei em Londres para participar de um debate na OIC - Organização Internacional de Café, aos que irão façam uma boa viagem e nos vemos por lá.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting