Procafé: Trincha ajuda no aproveitamento da matéria orgânica na lavoura de café
A lavoura de café se comporta como uma mata ou floresta, num ambiente de cobertura permanente do solo e com dinâmica de reciclagem constante, da folhagem e ramos finos dos cafeeiros, que caem ao chão. Também, a cobertura com ervas daninhas, nas ruas, e o seu controle, em seguida, produz material orgânico, o qual deve ser aproveitado, afinal esse material vegetal foi produzido a custa de extração de nutrientes na área, do solo ou dos adubos aplicados. Sua reciclagem fornece nutrientes na forma de lenta liberação, portanto, melhor aproveitados pelos cafeeiros.
No aproveitamento desses resíduos orgânicos, seja oriundo dos cafeeiros, seja do mato, entra um implemento que tem seu uso crescente na cultura cafeeira. Trata-se da trincha, um equipamento composto por um rotor munido de martelos e acionado pela TDF do trator, que faz um efeito de triturador dos restos vegetais.
A trincha, em muitos casos, substitui, com um serviço melhor, a roçadeira, podendo, caso necessário, passar mais rente ao solo.
Um uso especial para a trincha, com um bom trabalho, tem sido no pós-poda, pra limpar a área e facilitar as operações de tratos posteriores na lavoura, livrando as ruas de galhos ou outras porções de cafeeiros podadas. Ao mesmo tempo, triturando essas partes, mesmo lenhosas, dos cafeeiros, acelera a sua decomposição, pois quanto menores forem os resíduos, maior vai ser sua área de exposição aos micro-organismos, que vão decompor estes materiais orgânicos.
Nas podas de esqueletamento, recepa ou decote, a passagem da trincha, uma ou duas vezes, vai depender da grossura do material cortado dos cafeeiros e depositado nas ruas da lavoura. Caso seja muito grosso, deve-se fazer uma primeira passada, com a trincha mais alta do solo e, depois, uma segunda, mais baixa, pra terminar o serviço.
Um inconveniente da trincha tem sido o desgaste das laminas/martelos. Isso vem sendo contornado, atualmente, pelo uso de materiais metálicos que sofrem menor desgaste, e, ainda, pelo recondicionamento desses componentes nas próprias fazendas.
J.B. Matiello – Eng Agr Fundação Procafé e Celio Landi Pereira, Eng Agr Fda Santa Helena