Nível de Atividade: do Pessimismo à Dura Realidade da Economia em Recessão, por Vera Martins da Silva

Publicado em 28/03/2016 11:57
Vera Martins da Silva é Economista e doutora pela USP.

O que já era esperado se confirmou e a desaceleração econômica desde 2014 se transformou em recessão em 2015, segundo informações do IBGE divulgadas no início de março de 2016: houve queda real de 3,8% em relação a 2014 do Produto Interno Bruto (PIB), estimado em R$ 5,9 trilhões, sendo R$ 5 trilhões devido ao Valor Adicionado gerado e R$ 849 bilhões relativos a Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios. Com essa queda, e com o crescimento da população, mesmo que com um ritmo mais moderado nas últimas décadas, houve redu- ção do PIB “per capita” de 4,6% em termos reais, que foi estimado em R$ 28.876,00 no ano.1 Em outras palavras, o que os dados oficiais indicam é apenas um reflexo da sensação de empobrecimento geral da nação e uma perspectiva muito sombria para 2016 e ainda mais nebulosa para os próximos anos. O Gráfico 1 permite a visualização do péssimo resultado da economia brasileira em 2015, destacando- -se que o processo já vem ladeira abaixo desde 2011, e nada garante que o futuro será de estagnação, retomada ou mesmo declínio ainda maior. O fato é que 2015 foi efetivamente péssimo, superando em muito os resultados negativos verificados no auge do período inflacionário do Período Collor e da Crise Internacional de 2008/2009.

A queda de 3,8% de 2015 em rela- ção ao ano anterior pode ser aberta em queda de 3,3% no Valor Adicionado a preços básicos, o que é a mensuração do que realmente é produzido, e de 7,3% nos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsí- dios: houve uma redução de 17% do Imposto de Importação e de 14% do Imposto sobre Produtos Industrializados − em ambos os casos, devido à redução da atividade industrial. De fato, o Valor Adicionado da Indústria apresentou queda de 6,2% em 2015 relativamente a 2014, havendo também queda no Valor Adicionado dos Serviços (2,7%) e apenas a Agropecuária apresentou crescimento no Valor Adicionado de 1,8%.

É bom lembrar que, apesar do sucesso do Setor Agropecuário na economia brasileira, seu peso relativo nas Contas Nacionais é pequeno, aproximadamente 6%, o que não consegue contrabalançar a queda dos demais setores. Além disso, o sucesso não é generalizado e ocorreu devido ao crescimento da produção das culturas de soja (+12%) e milho (+7%), mas também houve queda em algumas culturas como trigo (13%), café (6%) e laranja (4%), assim como fraco desempenho na pecuária e extração vegetal.

No caso da Indústria, o desempenho foi positivo na Extrativa Mineral (aumento de 4,9%) devido à ampliação de extração de metais, petróleo e gás. Todas as outras atividades industriais tiveram queda: 9,7% na Indústria de Transforma- ção, 7,6% na Construção e 1,4% em Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana.  

Leia a íntegra do artigo no site da Fipe.

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Fonte: Fipe

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