Como a pecuária pode contribuir para a correção da acidez do perfil do solo em sistemas integrados? Por Amanda Posselt

Publicado em 02/10/2015 15:45
Amanda Posselt Martins é Engenheira Agrônoma, Mestre, Doutoranda em Ciência do Solo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultora Ad Hoc da Integrar – Gestão e Inovação Agropecuária.

A calagem em sistemas conservacionistas de manejo do solo

A adoção de sistemas integrados de produção (que pode ser realizada entre os componentes lavoura, pecuária e floresta), como já abordado no Informativo Integrar Nº 2, é prática chave para a intensificação sustentável da produção de alimentos em todo o mundo. No entanto, ela precisa estar alicerçada em um sistema conservacionista de manejo do solo, como o plantio direto. E, a partir da mudança do preparo convencional do solo, com aração e/ou gradagem, para o plantio direto, muitas práticas agrícolas necessitam serem revistas, alteradas e reestudadas. A correção da acidez do solo pela calagem é uma delas.

No preparo convencional, essa prática é realizada com a incorporação do corretivo na camada de 0 a 20 cm do solo. Isso porque a rocha calcária, o corretivo mais utilizado na agricultura, caracteriza-se como de baixa solubilidade e um dos mecanismos para aumentar a sua eficiência é justamente o aumento da área de contato entre o solo e o corretivo (Figura 1). Com a adoção do plantio direto, o calcário começa a ser aplicado sobre a superfície do solo. Desse modo, há a formação de uma frente de correção da acidez, cuja ação corretiva, ao longo do perfil, depende de uma série de fatores que podem ser manejados ou não. Assim, a grande questão da aplicação de calcário na superfície é a eficiência do processo na correção do perfil do solo. 

A "lenda do casaco"

Além do menor contato solo-corretivo que ocorre na aplicação superficial de calcário do plantio direto (que teoricamente diminui a sua eficácia de correção em profundidade), a adoção dos sistemas integrados esbarra, na questão da calagem, no temor de que o pisoteio animal possa restringir a descida das partículas finas do calcário por efeito de uma possível compactação do solo (Figura 2) e, assim, diminuir ainda mais a eficiência da correção da acidez no perfil do solo.

Por isso, em 2001 estabeleceu-se um experimento no Planalto do Rio Grande do Sul, em uma parceria público-privada entre a UFRGS e a Cabanha Cerro Coroado, que teve como um dos principais objetivos responder à questão do impacto da pecuária na correção do solo em profundidade após a aplicação superficial de calcá- rio. O experimento testa um sistema com soja cultivada no verão e uma pastagem mista de aveia preta + azevém durante o inverno, com diferentes alturas de manejo do pasto durante o pastejo hibernal, sendo: 10, 20, 30 e 40 cm, além de áreas sem pastejo. As diferentes alturas do pasto acarretam em diferentes intensidades de pastejo, sendo: 10 cm = pastejo intensivo (1300 kg PV/ha); 20 a 30 cm = pastejo moderado (770 kg PV/ha); 40 cm = pastejo leve (340 kg PV/ha). Para fins de adubação e calagem, a área já era considerada como plantio direto de longo prazo (8 anos) e, a partir do estado de acidez do solo no início do experimento (pH em água menor que 5,5 e saturação por bases menor que 65%), foi efetuada uma aplicação de 4,5 t/ha de calcário (PRNT 62%) ao final do primeiro pastejo (novembro de 2001), que corresponde à dose recomendada pelo Manual de Adubação e Calagem do RS e SC.

Clique AQUI para ler o artigo na íntegra no site da Fundação Agrisus. 

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Fonte: Fundação Agrisus

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