Porque vou às ruas no dia 16 de agosto - Parte III
Publicado em 14/08/2015 18:25
Caros amigos. Os inúmeros afazeres de uma vida itinerante pelo país afora tem me impedido algumas vezes de escrever este texto que originalmente tinha a pretensão de ser semanal. Mas para que não me entendam mal, não é uma questão de falta de assunto. Principalmente com tudo o que está acontecendo no país. É simplesmente a velha questão da falta de tempo mesmo. Mas nessa semana não posso deixar de aproveitar este espaço para fazer uma nova convocação a todas as pessoas de bem desse país, e que não aguentam mais o estado de coisas a que o país está sendo submetido, que se organizem e compareçam às ruas no próximo dia 16 de agosto. É fundamental a presença de cada um para darmos mais um recado aos governantes de plantão, que não estamos felizes. E que não iremos nos acomodar. E queremos mudanças.
E antes que me venham falar em golpe, de governo legitimamente eleito, reafirmo meu compromisso com a democracia e com a legalidade. Já disse nesse espaço que lutei toda a minha vida para conquistar a liberdade desse país e é o que pretendo fazer até o final dos meus tempos. Mas lutar pela queda de um governo corrupto e ineficaz não é golpe e sim a busca da legalidade. Ser eleito democraticamente não dá ao partido governante carta branca para roubar, extorquir, ludibriar as instituições e a população. E neste caso a afronta é tão grande, a falta de escrúpulos é tamanha, a sensação de impunidade é tão assumida, que podemos escolher por qual motivo esse governo precisa cair: se em função do crime de responsabilidade fiscal por conta do assalto aos cofres públicos implementado nos últimos quatro anos; ou se pelo crime de corrupção e extorsão com a montagem do esquema de pagamento de propinas da Petrobrás e assemelhados, que irrigaram as recentes campanhas do Partido dos Trabalhadores.
Se fossemos um país sério, nessas alturas do campeonato estaríamos discutindo com um novo governo também democraticamente eleito o que fazer para sair desse buraco sem fundo onde o país foi colocado. E para reavivar na memória as motivações que me levaram a assumir publicamente essa postura em relação ao atual governo, passo abaixo uma atualização da lista que apresentei nesse espaço nas vésperas das duas últimas passeatas. Quer saber porque vou às ruas no próximo domingo? Então vamos lá, mas já aviso que a lista não para de crescer:
1) Escândalo 1: o escândalo do Mensalão. O começo de tudo. Mas que depois do Petrolão, virou processo para o tribunal de pequenas causas;
2) Escândalo 2: o escândalo do Petrolão (Operação Lava-Jato da Polícia Federal). Apesar da tentativa de abafamento por parte do governo através do procurador geral da república, as investigações continuam e a cada semana novas prisões vão sendo feitas;
3) Escândalo 3: no meio das investigações da Operação Lava-Jato, a Polícia Federal encontrou outro escândalo paralelo, ainda sem “apelido”, que passou a ser investigado através da Operação A Origem. São contratos milionários e fraudulentos de publicidade envolvendo a Caixa Econômica Federal e o Ministério da Saúde;
4) Escândalo 4: a Operação Zelotes da Polícia Federal encontrou fraudes milionárias por grandes empresas do país na sonegação de impostos através do pagamento de propinas;
5) Escândalo 5: ainda dentro da Lava-Jato, a Polícia Federal anunciou esta semana que encontrou outro golpe contra os cofres públicos em esquema de pagamento de propinas encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores dentro do Ministério do Planejamento.
6) Escândalo 6, 7 e 8? As investigações sobre as contas dos Correios, da Eletrobrás e do BNDES avançam na direção de novos escândalos. É, nunca na história desse país ... tão poucos, roubaram tanto, de tanta gente, de forma tão escancarada.
7) Congresso 1: compra de votos na aprovação do orçamento da união no final de 2014;
8) Congresso 2: aumento dos próprios salários enquanto o país mergulha no abismo econômico e moral. Você sabia que um deputado federal chega a ser 30 funcionários?
9) Congresso 3: em tempos de recessão, o Congresso segue trabalhando para a aprovação de novos aumentos ao funcionalismo público;
10) Congresso 4: presidentes da Câmara e do Senado investigados por crimes de corrupção;
11) Mentiras de Campanha: mensalão, economia, petrolão, arrocho, etc...
12) Economia 1: inflação fora de controle – em agosto a inflação oficial vai se aproximando dos dois dígitos;
13) Economia 2: PIB zero em 2014 e previsão de -1,5 a -2,0% em 2015, o menor desde 1990. E os números de
2016 vão sendo revisados e começam também a apontar para o lado negativo.
14) Economia 3: absoluto descontrole das contas públicas. Governo tentar distribuir a conta para a parte da sociedade que paga impostos e que sustenta esse devaneio. Os números de junho nos mostraram que além de não conseguir economizar, o governo segue aumentando seus gastos. Boa parte do mercado já trabalha com a hipótese de déficit primário em 2015 (ou seja, é o governo não conseguindo economizar nem para pagar os juros da dívida pública);
15) Economia 4: pior nível na criação de emprego desde 2002; desemprego também caminhando para os 10%;
16) Economia 5: aumento de impostos, mesmo com o país entrando em recessão;
17) Economia 6: aumento de juros para 14,25%, maior em 9 anos. Com o país sem demanda, juro maior é só para atrair capital especulativo;
18) Economia 7: tarifaço nos combustíveis – mesmo com o petróleo caindo de US$ 100 para US$ 50/barril;
19) Economia 8: tarifaço na energia elétrica – a somatória dos recentes ajustes chegou até 80%!!!;
20) Economia 9: dívida externa, lembra? Aquela mesmo, que nós tínhamos acabado durante o governo Lula?
Mais uma vez, não foi bem assim: em 2010 estava em US$ 352 bilhões e em junho de 2015 havia crescido quase 50%, passando a US$ 524 bls. Isso para reservas atuais de US$ 379 bls;
21) Economia 10: a taxa de câmbio ultrapassa os R$ 3,50 e já é a maior em 12 anos;
22) Pesquisas: apenas 8% dos brasileiros avaliam atualmente o governo Dilma como bom ou ótimo. Agora abaixo da inflação, do desemprego e da taxa de juros. Onde estão os outros 43% que a reelegeram? Levy, manda a “fatura do cartão” para eles!
Fiz as seguintes perguntas em 12 de abril e faço agora de novo: Quantos outros fatores virão? A que número chegaremos no próximo texto? Com uma lista como essa, não podemos esmorecer e nem desanimar. O desgoverno e a falta de moral é tão grande, que temo estar entrando no que chamei no início do ano de banalização da corrupção. Ou seja, ao se tornar sistemática e institucional, daqui há pouco corremos o risco de achar que tudo o que está acontecendo no país é normal. Só que não é!
Um “AgroAbraço” a todos!!!
Flávio Roberto de França Junior
Analista de Mercado, Consultor em Agribusiness e Diretor da França Junior Consultoria
www.francajunior.com.br e francajunior@francajunior.com.br
Fonte:
Flávio França Jr