No MSIa: MAB dispara barragem de insanidades contra hidrelétricas
Quem tem acompanhado regularmente o tema das mudanças climáticas sem se deixar levar pelo alarmismo infundado que o caracteriza, pelo menos já ouviu falar de alguns dos incontáveis fenômenos que têm sido atribuídos ao “aquecimento global” supostamente causado pelas ações humanas. A lista é interminável e já atinge a casa alta das centenas, indo desde os mais conhecidos, como a elevação do nível dos oceanos ou o derretimento das calotas polares, a outros mais exóticos, como o aumento do número de ataques de tubarões, extinção do vinho Borgonha, aumento de ocorrências de doenças como AIDS, tuberculose e cálculos renais, expansão das ações das redes terroristas da Al-Qaida e do Talibã e até mesmo o aumento da prostituição em países pobres, entre muitas outras sandices.
Talvez, invejosos com a dimensão desproporcional da lista, os ambientalistas que combatem a construção de usinas hidrelétricas estejam trabalhando com afinco para ampliar a sua própria relação de efeitos negativos que possam ser atribuídos a elas. Neste particular, uma esdrúxula contribuição foi dada pela coordenadora do Coletivo de Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Esther Vital Garcia, que acusou os projetos hidrelétricos de aumentar os casos de prostituição e estupros de mulheres, nas suas proximidades.
Em um vídeo recentemente veiculado pelo canal da revista Carta Capital no Youtube (TV Carta), Garcia, que é chilena, dispara uma série de ataques estapafúrdios à construção de hidrelétricas no Brasil. Com alegações genéricas e sem apresentar qualquer evidência, ela afirma que “já foram construídas duas mil barragens, que já atingiram mais de um milhão de brasileiros. Segundo as contagens do MAB, 70% dessas populações não receberam nenhum tipo de compensação”. Em suas palavras, as empresas “criaram todo um aparelho legal para fazer esses empreendimentos, nos quais elas não colocam em seu custo de construção da barragem os custos sociais e ambientais”.
Uma de suas acusações é de que as construtoras de hidrelétricas, assim como o governo brasileiro, se aproveitariam da falta de instrução das populações afetadas pelas barragens, iludindo-as e negando-lhes o direito à informação: “É gente que é uma população que já mora na beira do rio, que sempre foi um pouco excluída do modelo de desenvolvimento nacional e que não tem, muitas vezes, um nível educativo que é capaz de compreender o que está acontecendo a si.”
A acusação é, no mínimo, irônica, já que organizações como o próprio MAB só conseguem manipular as populações ribeirinhas, justamente, devido à baixa instrução escolar predominante entre as mesmas.
Na sequência, ela passa a defender a tese de que as mulheres seriam vítimas de grandes impactos causados pela construção da hidrelétricas no interior do País, pois já estariam em “uma situação de desigualdade estrutural” (sic). E afirma:
Imagine uma barragem como Belo Monte. Quarenta mil operários em período de pico. (…) As próprias empresas pagam um bônus para eles trocarem serviços de prostituição. Está o canteiro de obras, a estrada cheia de prostíbulos, e as mulheres se prostituindo e um aumento da violência, estupros. Em Porto Velho, por exemplo, em Rondônia, aumentaram em três anos 200% os casos de estupros. Saíram casos também em Belo Monte, de mulheres em cárcere privado.
Para reforçar a argumentação, o vídeo inclui o depoimento de Silvana Tubin, apresentada como uma “atingida pela barragem de Itá”, no rio Uruguai:
Está sendo construída uma hidrelétrica chamada Baixo Iguaçu, então lá a gente está vendo de perto e está acompanhando o processo que vem sendo a violação dos direitos das mulheres: a prostituição, expulsão das mulheres de casa.
Atribuir o aumento de ocorrências de prostituição à construção de barragens ou, de resto, a qualquer obra de engenharia de grande porte, implica em uma má-fé de proporções amazônicas. O mesmo argumento poderia ser aplicado à abertura de estradas e rodovias, que serão percorridas diariamente por numerosos caminhoneiros. Ou à construção das novas cidades que surgiram no Centro-Oeste, nas últimas décadas, com a expansão da exploração dos Cerrados. Ou ao próprio processo de desenvolvimento, em um País ainda marcado por colossais níveis de desigualdade social – para cuja reversão, a médio e longo prazos, as oportunidades econômicas criadas pelos grandes projetos de infraestrutura são imprescindíveis, além de um projeto educacional sério.
Felizmente, a julgar pelos comentários de internautas que assistiram ao vídeo, muitos não se deixaram enganar pela falaciosa retórica da militante chilena. Um deles comentou:
Essa mulher com sotaque espanhol não tem cara que foi atingida por barragem nenhuma, ela tem cara de quem recebe grana de fora para se opor aos projetos de infraestrutura que podem alavancar o Brasil como potência global.
Um segundo comentarista questionou, com ironia e propriedade: “O aumento do estupro está ligado a construção da hidrelétrica ou à segurança pública local?”.
Ameaça aos peixes amazônicos
Outra contribuição à lista veio da ONG estadunidense Wildlife Conservation Society Brazil (WCS), que acaba de publicar um relatório afirmando que a construção de novas hidrelétricas na Região Amazônica seria uma grave ameaça aos peixes e às comunidades ribeirinhas da região. O documento foi publicado na Conferência Internacional Águas Amazônicas: Escalas, Conexões e Desafios, realizada em Manaus (AM), com a participação de outras 40 ONGs, entre elas a Nature Conservancy e a National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS).
O documento sustenta que a construção de barragens para a produção de energia tende a afetar a fauna aquática e, com base em modelos e projeções de computador, afirma que as mudanças climáticas podem alterar o regime de chuvas, abalando o equilíbrio dos rios e da cobertura vegetal amazônica.
O objetivo ostensivo do documento é fustigar os futuros projetos hidrelétricos na Amazônia como um todo, fazendo prognósticos a partir de seis deles: Pongo de Manseriche, Pongo de Aguirre, Tam 40, Inambari, Angosto del Bala e Robitas, situados no sopé dos Andes, na Colômbia, Peru e Bolívia. O documento afirma que, se construídas, essas usinas provocariam uma desconexão dos rios e uma redução dos sedimentos que alimentam a Bacia do Amazonas.
Segundo Carlos Durigan, diretor da WCS no Brasil,
os dados pesqueiros mostram que as espécies migratórias correspondem a quase 90% do pescado da região. A construção de barragens quebraria a conectividade dos rios, o que afetaria o ciclo de vida de centenas de espécies. E essas hidrelétricas reduziriam em 60% os sedimentos que abastecem os rios, o que comprometeriam a carga de nutrientes que abastece todo o ciclo ecológico da bacia, desde a sustentação da biodiversidade até as famílias que vivem ao longo dos rios (new.d24am.com, 21/05/2015).
O ativista demonstrou uma grande preocupação com a dieta dos ribeirinhos, afirmando que a redução dos peixes a ser supostamente provocada pelas novas hidrelétricas afetaria o consumo de proteína de 1,5 milhão de comunidades da região.
A solução apresentada por ele para o hipotético problema ictiológico seria identificar melhor a rota migratória dos peixes, das áreas de pesca e da frota pesqueira, entendendo-os como fenômenos imutáveis que deveriam ser protegidos a todo custo – o que, subentende-se, inclui a não construção de novas hidrelétricas, para gerar a energia imprescindível a qualquer esforço dos países amazônicos para elevar o nível de vida daquelas populações.
A WCS tem sede em Nova York e recebe recursos da Coca-Cola, Latam, Canon e da gigante energética ConEdison, entre outras empresas.
Como temos nos empenhado em demonstrar, para entidades ambientalistas como a WCS, a preservação do meio ambiente não passa de um instrumento político para uma autêntica campanha de “guerra irregular” contra o desenvolvimento das economias emergentes.