Brasil e Nova Zelândia nas fronteiras do agronegócio, por Nadia Alcantara
O modelo da produção agrícola de sucesso consiste em um sistema inteligente e inovador, longe da ideia simplista e ultrapassada que distingue o lugar da fazenda e o lugar da tecnologia. Na Nova Zelândia, país que detém um terço da fatia do comércio global de lácteos, essa visão é política do processo produtivo. Visando apresentar este sistema, a Embaixadora do país no Brasil, Caroline Bilkey, convidou dois brasileiros do programa CNA Jovem – da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – para conhecer a Nova Zelândia.
A visita ocorreu em junho e, conforme o roteiro, o agrônomo Felix José Junior e a engenheira de alimentos Maria Luiza de Macêdo tiveram a oportunidade de conhecer uma das dependências da Fonterra, principal companhia de leite da Nova Zelândia; o laboratório de testes de leite MilkTest NZ, responsável pelo teste de qualidade de mais 90% da produção do país; e foram a uma fazenda modelo segundo a empresa de consultoria de alimentos QConz, além de visitarem universidades e regiões turísticas.
A iniciativa foi financiada pelo Fundo Estratégico da América Latina (LASF), do governo neozelandês, parte importante de um plano maior do país para incentivar as trocas, parcerias comerciais e educativas com todo o continente. A previsão é de que as atividades econômicas na América Latina cresçam e a Nova Zelândia entende que possui potencial para atender às demandas da região – sobretudo, no setor de agribusiness, comidas e bebidas, tecnologia e educação.
Recentemente, o ministro da Educação, Ciência e Economia da Nova Zelândia, Steven Joyce, esteve no Brasil para dar continuidade à agenda de engajamento. Em uma conferência sobre educação internacional em Cuiabá, o ministro destacou que o Brasil é um dos líderes de produção de carne bovina e busca aprimorar a sua produção de leite, enquanto que a Nova Zelândia lidera o mercado internacional de lácteos e quer aumentar a produção de carne. Sua principal mensagem foi a de que é estratégico para o governo neozelandês aumentar o intercâmbio de conhecimento entre os dois países, por meio de parcerias entre universidades e instituições de pesquisa.
Por outro lado, as relações comerciais entre os dois países vêm crescendo, sobretudo no setor de lácteos, com investimentos em torno de 300 milhões de dólares até o ano passado. No entanto, o Brasil ainda está no 42º lugar nas estatísticas de comércio bilateral da NovaZelândia – há potencial para muito mais. Se no Brasil, 40% do total das exportações correspondem ao agribusiness, na Nova Zelândia, as exportações deste setor somam 60%. As inovações do país em genética, sistemas de gerenciamento de pastagens, equipamentos agrícolas e sistemas de rastreabilidade, por exemplo, podem ajudar os produtores brasileiros a agregar valor.
Mais do que nunca, no mundo todo, é necessário produzir alimentos e incentivar a indústria do agribusiness. No Brasil, apesar da tensão econômica, o setor segue a todo o vapor e apresenta grande potencial para crescimento. Introduzir tecnologia e inovação, novos sistemas de gerenciamento e internacionalizar universidades e instituições de pesquisa são premissas fundamentais para aumentar a competitividade no mercado internacional. A colaboração mútua, tanto nos negócios quanto na ciência e educação, entre Brasil e Nova Zelândia é benéfica para ambos e promete expandir as fronteiras da pesquisa na busca por melhorias na qualidade, produtividade e inovação do agronegócio.