Café: Com greve dos caminhoneiros o mercado físico ficou praticamente paralisado
A primeira frente fria deste outono chegou sobre as regiões produtoras de café do sudeste brasileiro no final de semana passada e assustou produtores e operadores do mercado. Não afetou de modo significativo os cafezais. Geou em baixadas e alguns cafezais foram chamuscados, com o frio alcançando até o cerrado mineiro. Ainda estamos em maio e a intensidade da frente fria assustou. Se a temperatura caísse um pouco mais teríamos tido perdas importantes.
Neste início do século 21, com o aquecimento global em evidência, o mercado só vinha se preocupando com os períodos de seca. A primeira frente fria deste outono alertou produtores e operadores sobre a possibilidade real de uma geada nas principais regiões produtoras do sudeste brasileiro. Sem estoques governamentais e com os privados próximos do final, uma geada abrangente seria um desastre para o Brasil, maior produtor, maior exportador e segundo maior consumidor de café do mundo, afetando o comércio mundial de café. Serviu para lembrar ao mercado que o frio é um risco menor que há algumas décadas atrás, mas ainda existe e pode causar estragos.
Outro acontecimento que mexeu com o mercado brasileiro de café esta semana foi a greve nacional dos caminhoneiros. Hoje já é o quinto dia da greve. Afeta seriamente a vida nacional e no mercado de café impede o transporte dos lotes comprados na semana passada e no início desta semana. Ontem e hoje o mercado físico de café ficou praticamente paralisado. Sem uma data para o término do protesto, compradores e vendedores estão adiando o fechamento de novos negócios. Com o governo à deriva, com uma articulação política desastrosa, a greve dos caminhoneiros cresceu rapidamente e não se enxerga como terminará.
Os acessos ao Porto de Santos permanecem bloqueados nesta sexta-feira, pelo quinto dia consecutivo, causando enorme prejuízo à economia brasileira e sérios transtornos à nossa exportação de café. O Porto de Santos é responsável por aproximadamente 85% das exportações brasileiras de café.
A combinação de chegada da primeira frente fria mais séria sobre os cafezais brasileiros com a escalada da crise política está deixando os cafeicultores ainda mais resistentes em vender nas bases atuais de preço, consideradas baixas e não representativas do atual quadro da cafeicultura nacional.
Até dia 24, os embarques de maio estavam em 1.160.512 sacas de café arábica, 17.754 sacas de café conillon, mais 89.232 sacas de café solúvel, totalizando 1.267.498 sacas embarcadas, contra 1.167.923 sacas no mesmo dia de abril. Até o mesmo dia 24, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em maio totalizavam 1.704.276 sacas, contra 1.744.915 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 18, sexta-feira, até o fechamento de hoje, dia 25, subiu nos contratos para entrega em julho próximo 240 pontos ou US$ 3,17 (R$ 11,61) por saca. Em reais, as cotações para entrega em julho próximo na ICE fecharam no dia 18 a R$ 583,15 por saca, e hoje dia 24 a R$ 583,39. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em julho a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 15 pontos.