Café: Mesmo com alta de NY e do dólar o mercado físico teve mais uma semana difícil
A instabilidade nos mercados ao redor do mundo, com a expectativa de uma escalada nos juros americanos no decorrer de 2018, mexeu com as bolsas de valores, que caíram forte nesta semana, em um movimento de realização de lucros, depois da grande valorização das ações nos últimos anos. No Brasil, refletindo o que está acontecendo no mercado internacional, o Ibovespa caiu e o dólar continuou se valorizando frente ao real.
Nesse contexto, os contratos de café na ICE Futures US oscilaram bastante, mas fecham a semana acumulando alta. Os com vencimento em março próximo ganharam 145 pontos no período. A forte valorização do dólar frente ao real não foi suficiente para colocar as cotações do café em Nova Iorque no campo negativo.
O mercado físico brasileiro teve mais uma semana difícil, apesar dos compradores terem subido ligeiramente suas ofertas. Os preços oferecidos foram melhores, mas ficaram abaixo do que seria possível com a alta das cotações em Nova Iorque e do dólar frente ao real.
Os compradores mostram preocupação com o pequeno volume de lotes de café que aparecem no mercado, fazem ofertas para todos eles, mas as bases de preços que oferecem não estimulam os vendedores. Com o que resta da safra atual, teremos que cumprir os embarques já contratados até junho e também abastecer o consumo interno, que continua em alta.
Em um mercado como o do Brasil, maior produtor e exportador do mundo, além de segundo maior consumidor, negócios são fechados todos os dias, mas o volume está abaixo do que seria necessário.
Estamos ainda em meados de fevereiro, temos pela frente cinco meses de exportações e abastecimento do consumo interno com cafés da safra brasileira 2017/2018. A pergunta que está em todas as cabeças é se temos em mãos de produtores café suficiente para atender essa demanda.
A próxima safra 2018/2019, de ciclo alto, será maior que a atual, as chuvas estão ajudando no crescimento dos frutos, mas nossos agrônomos afirmam que não chegará aos números jogados no mercado por interessados em segurar os preços da atual safra 2017/2018.
Os próximos meses serão complicados para os negócios no mercado físico brasileiro. Os cafeicultores resistem em vender nas bases oferecidas pelos compradores porque elas não cobrem os aumentos dos custos de produção, em uma safra de ciclo baixo com menor volume de sacas produzidas para venderem e cobrirem seus gastos.
O CECAFÉ – Conselho dos Exportadores de Café do Brasil informou que no último mês de janeiro foram embarcadas 2 490 023 scs sacas de 60 kg de café,aproximadamente 6 % (156 561 sacas) menos que no mesmo mês de 2017 e 17 % (520 764 sacas) menos que no último mês de dezembro. Foram 2 327 600 sacas de café arábica e 11 320 sacas de café conilon, totalizando 2 327 600 sacas de café verde, que somadas a 160 766 sacas de solúvel e 1 657 sacas de torrado, totalizaram 2 490 023 sacas de café embarcadas.
Até dia 7, os embarques de fevereiro estavam em 188.435 sacas de café arábica, mais 12.221 sacas de café solúvel, totalizando 200.656 sacas embarcadas, contra 219.251 sacas no mesmo dia de janeiro. Até o mesmo dia 7, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em fevereiro totalizavam 565.387 sacas, contra 618.092 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 2, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 9, subiu nos contratos para entrega em março próximo 145 pontos ou US$ 1,92 (R$ 6,36) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 2 a R$ 511,13 por saca, e hoje dia 9, a R$ 532,98 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com baixa de 100 pontos.