Café: Com oscilação em NY e do dólar tivemos mais movimento no mercado físico brasileiro
Em nosso último boletim semanal, número 47, publicado na sexta-feira passada, dia 24, comentamos o trabalho elaborado pela OMPI - Organização Mundial de Propriedade Intelectual (em inglês WIPO - World Intellectual Property Organization), agência especializada da ONU para propriedade intelectual. O trabalho é um informe inédito sobre o valor adicionado que o café ganha graças à tecnologia, patentes e inovação. O estudo da OMPI confirma que os países produtores ganham bem menos com o grão do que os que importam a commodity, industrializam, registram patentes e comercializam o produto final.
Esse informe nos relembrou de dois artigos escritos há muitos anos atrás pelo economista e embaixador Rubens Ricupero. O primeiro, “Os cafezais de Hamburgo”, foi publicado no dia 7 de novembro de 1999 pelo jornal Folha de São Paulo. O segundo, “Os cafezais de Nova York”, foi publicado pela revista Globo Rural, em janeiro de 2001 (recolocamos os dois artigos em nosso site). Os artigos, escritos na passagem do século vinte para o vinte e um, já alertavam para o problema agora analisado pela OMPI.
Fica claro que nestes primeiros 17 anos do século 21, nossa cafeicultura só avançou (e avançou bastante) da “porteira” para dentro. Aumentamos a produtividade por hectare, melhoramos a qualidade e variedade de nossos cafés. Da “porteira” para fora praticamente não avançamos, continuamos no mesmo lugar. Vendemos café verde, commodity, entregue no costado do navio (FOB – Free on board). Mesmo o café solúvel, onde já é agregado algum valor, vendemos nosso produto como commodity, a granel. A colocação na embalagem final com a marca, e a distribuição ao consumidor, onde se agregam o maior valor, são feitas no destino, pelo importador.
Como já dissemos em nosso último boletim, em nossa opinião as lideranças da cafeicultura brasileira deveriam analisar em profundidade esse importante trabalho da OMPI e em 2018 usá-lo como ponto de partida para uma ampla revisão na política brasileira de café.
Nesta semana as cotações dos contratos de café na ICE em Nova Iorque oscilaram bastante e os com vencimento em março próximo encerram a semana acumulando saldo positivo de 200 pontos. O dólar também oscilou forte frente ao real e tivemos dias de mais movimento no mercado físico brasileiro, quando um número maior de negócios foi fechado. A quarta-feira, com bolsa e dólar trabalhando em alta, foi o dia de maior movimento no mercado físico.
Lotes da safra 2016 continuam com liquidez menor neste final de ano. O mercado procura lotes de boa qualidade a finos da safra 2017, mas o valor das ofertas não anima os cafeicultores a aumentarem o volume de lotes no mercado.
Até dia 30, os embarques de novembro estavam em 2.063.333 sacas de café arábica, 20.005 sacas de café conilon, mais 165.883 sacas de café solúvel, totalizando 2.249.221 sacas embarcadas, contra 2.336.738 sacas no mesmo dia de outubro. Até o mesmo dia 30, os pedidos de emissão de certificados de origem para embarque em novembro totalizavam 2.955.014 sacas, contra 2.942.720 sacas no mesmo dia do mês anterior.
A bolsa de Nova Iorque – ICE, do fechamento do dia 24, sexta-feira, até o fechamento de hoje, sexta-feira, dia 1, subiu nos contratos para entrega em março próximo 200 pontos ou US$ 2,65 (R$ 8,63) por saca. Em reais, as cotações para entrega em março próximo na ICE fecharam no dia 24 a R$ 544,98 por saca, e hoje dia 1, a R$ 558,32 por saca. Hoje, sexta-feira, nos contratos para entrega em março a bolsa de Nova Iorque fechou com alta de 105 pontos.