Café: Ajuda do Real mais "forte" durou pouco, por Rodrigo Costa

Publicado em 06/10/2019 08:34

O último trimestre do ano de 2019 começou volátil para os mercados acionários, depois o terceiro ter sido positivo para a maior parte dos índices globais.

A queda dos indicadores de produção de manufaturados americanos e da atividade de serviços fez o S&P500 afundar 4% em duas sessões, para recuperar metade das perdas na sexta-feira após os dados do mercado de trabalho apontar a menor taxa de desemprego desde dezembro de 1969.

Especula-se também sobre a crescente performance de Elizabeth Warren dentro do partido democrata, a qual promete ir atrás das empresas super poderosas do ramo de tecnologia.

Na Europa o impacto negativo para as bolsas foi maior com a guerra comercial ameaçando respingar no continente após a WTO dar ganho de causa aos Estados Unidos em relação aos programas de subsídios à Airbus.

O índice do dólar (DXY) recuou do seu mais alto patamar desde maio de 2017 em resposta ao aumento da expectativa do FED cortar os juros no fim de outubro.

O mercado de café em Nova Iorque teve grandes oscilações, subindo rapidamente junto com a valorização do Real, mas não conseguindo sustentar e encerrando a semana com US$ 1.90 centavos por libra-peso de perdas.

Fotos das floradas abrindo ou com os botões a ponto de desabrochar proporcionaram um alívio entre os que estavam preocupados com as condições das lavouras no Brasil, assim como o prognóstico de chuvas e boa umidade desencadeou mais vendas no terminal.

A movimentação do físico foi mais lenta e os diferenciais pouco mudaram, ainda que tenham sido reportados negócios incompatíveis com o custo de reposição.

No noticiário chamou atenção a divulgação da Cooxupé ter exportado em um único dia oitenta mil sacas de café, ou duzentos e quinze containers, uma marca que demonstra aos agentes internacionais os músculos da maior cooperativa do mundo – parabéns a todos os profissionais e amigos.

A Organização Internacional do Café anunciou um superávit de 4.05 milhões de sacas para o ciclo de 2018/2019, acima do superávit de 1.43 milhões de sacas da safra de 2017/2018. A entidade estima a produção total em 168.87 milhões de sacas, sendo 102.68 milhões de arábica e 66.04 milhões de robusta (tem algum erro de arredondamento no relatório).

Interessante notar o crescimento do consumo, estimado em 2.1%, para um total de 164.82 milhões de sacas, com a taxa de aumento de 2.4% entre os importadores e 1.3% entre os países produtores.

Assumido a manutenção deste percentual e a queda, principalmente, da produção do Brasil, as estatísticas de 2019/2020 devem mostrar um déficit significativo.

Boa parte dos profissionais de café, produtores, exportadores, comerciantes e torrefadores, se encontrarão na próxima semana na Basiléia, Suíça, para mais uma edição do jantar da Swiss Coffee Association.

Os mais otimistas para preço esperam ouvir notícias animadoras por lá, torcendo para eventualmente mudar o tom negativo que impera no mercado há alguns anos. Os pessimistas aproveitarão para ao menos socializar e trocar informações tentando talvez antecipar quando a maré virará.

Tecnicamente o contrato “C” fechou bem em cima do primeiro suporte, 98.90, que se não for respeitado pode levar as cotações para 97.25, 95.30 e então 93.40. A resistência mais próxima se encontra a US$ 103.00 centavos por libra.

Uma ótima semana e bons negócios a todos. 

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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