Mercado de café: Nova York encontrou seu piso, por Rodrigo Costa

Publicado em 09/09/2019 04:43

As bolsas de ações encerraram a primeira semana de setembro com performances positivas, empurradas pela cessão da principal demanda dos protestantes em Hong Kong, o bloqueio do parlamento inglês contra uma forçosa saída do país da União Europeia, um governo de coalizão na Itália planejando aderir as regras orçamentárias da zona do Euro e a diminuição do depósito compulsório de bancos chineses.

No Brasil a reforma da previdência andou no Senado e depois de um crescimento de PIB melhor do que o esperado a sinalização da reforma tributária deu um folego para o Real – muito embora olhando para o índice do dólar (DXY) é difícil isolar o movimento.

Um interessante artigo da Bloomberg menciona que o subíndice das chamadas soft commodities, que contém café, açúcar e algodão, acumula quedas consecutivas de dez semanas, a perda mais longa em vinte e oito anos. Segundo a nota da agência, as tensões comerciais entres as duas maiores economias do planeta e ofertas amplas das matérias-primas são os principais motivos para a fraqueza.

O café robusta em Londres teve um tombo acentuado na semana, levando o contrato de novembro de 2019 daquela a bolsa a um nova mínima, e o contrato de segunda posição contínuo ao mais baixo patamar desde março de 2010.

Nova Iorque conseguiu se manter no estreito intervalo entre US$ 93.40 e US$ 98.50 centavos por libra-peso dos últimos quinze dias, respeitando inclusive a mínima recente mesmo quando o dólar negociou a R$ 4.20 no fim de agosto.

O fluxo de negócios na principal origem melhora quando a saca de café negocia acima de R$ 400.00, em geral, ainda que em termos de diferenciais de reposição pouco (ou nada) mude.

Para os demais produtores da América do Sul e Central os preços locais se mantem firmes, encarecendo o basis, parcialmente em função do pico da entressafra, mas também devido a boa  demanda.

Compradores internacionais, e mesmo os nacionais, estão atentos a qualquer melhora nas ofertas, e aqueles que precisam, não tem outra alternativa a não ser ajustar suas bases para honrar embarques ou para abastecer a necessidade das plantas torrefadoras.

Os estoques em portos da Europa subiram 256 mil sacas em junho para o mais alto nível desde junho de 2016, mas é de se esperar um interesse maior nestes inventários com os diferenciais no FOB tão firmes como estão.

As chuvas no Vietnã podem ter sido o motivo para o escorregão do robusta no terminal, enquanto as precipitações no cinturão produtor brasileiro estão sendo monitoradas para a abertura generalizada da florada, que então tornará necessário mais chuvas para firmar as flores.

Por ora a sensação de haver um potencial grande de produção para a safra 2020/2021 continua latente entre os operadores de café, muito embora as associações e cooperativas de produtores no Brasil alertaram, em uma nota conjunta, que o clima seco no começo do ano e o frio não provém condições para a colheita ser maior do que a do ano passado.

Assumindo que o período de turbulência macro diminua, principalmente para o Brasil – o qual sofreu bastante o impacto negativo da situação Argentina – eu imagino que o café arábica possa ter encontrado um chão, até porque os comerciais têm se mostrado bons compradores nas quedas, absorvendo as vendas dos fundos.

Por outro lado, não dá para ficar animado para ganhos significativos do contrato “C”, para digamos algo acima de US$ 110 centavos por libra, o que significa dizer que apenas novidades fundamentais nos tirará do intervalo enfadonho que temos negociado há algum tempo.

Uma ótima semana e bons negócios a todos. 

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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