CRB perto das mínimas do ano e dólar das máximas, por Rodrigo Costa
As eleições americanas confirmaram as expectativas dos democratas se tornar maioria na “câmara” e os republicanos manter maioria no senado, no último caso o partido do presidente ganhou mais cadeiras do que se imaginava.
Os mercados apostam em uma convergência nas medidas de investimento em infraestrutura da agenda de Donald e sem o risco de um suposto impeachment contra Trump o S&P500 e o DowJones subiram na semana, enquanto o Nasdaq cedeu em função dos resultados negativos de alguns papéis que compõe o índice.
O índice do dólar firmou para próximo das máximas do ano e as commodities namoram as mínimas de 2018 – não por coincidência.
Dentro os componentes do CRB o gás natural subiu 14% em cinco dias (chegada do inverno por aqui), o alumínio apreciou 1%, e todos as outras matérias-primas cederam, com perdas acima de 5% do café, do açúcar, da gasolina e do petróleo – o óleo, por sinal, caiu nas últimas dez sessões.
O Real perdendo força frente à aprovação de mais gastos orçamentários no Brasil e uma desconfiança sobre como se articulará o novo governo também trouxe estresse para o IBOVESPA, que cedeu 5.38% na semana.
O café, tanto em Nova Iorque como em Londres, não conseguiu se desvencilhar da realização das commodities e devolveu ganhos recentes, tendo o primeiro encerrado nas mínimas da semana.
Um dos principais fatores negativos para o arábica foi o enfraquecimento acentuado do spread dezembro/março com uma queda de 25% no final da sessão de segunda-feira e mantendo a fraqueza na terça-feira. Tecnicamente indica falta de interesse de recebedor, muito embora o assunto é mais denso pois envolve localização do inventário, qualidade, etc.
Os fundos vendo uma curva mais inclinada da estrutura (spreads) pouco se interessam em comprar o mercado, pelo contrário, pois é uma forte indicação de venda e, portanto, o terminal durante o restante dos dias não encontrou força para sustentar.
A influência macroeconômica é predominante no fim das contas, pois como mencionado dois parágrafos acima a pressão de venda foi generalizada para as commodities e para o café na ICE tem o agravante dos participantes estarem ativos rolando suas posições antes do período de entrega de dezembro.
A consolidação das cotações e o posicionamento dos comitentes dá a impressão do mercado estar próximo do “preço-justo”, provavelmente desenhando um intervalo de negociação entre US$ 110.00 e US$ 130 centavos por libra peso até alguma novidade aparecer.
Novidades podem vir de um fortalecimento do Real – ou uma enxurrada de vendas caso Bolsonaro e equipe não consigam se movimentar para aprovar as reformas necessárias em 2019 – ou mesmo sobre o clima, dado alguns institutos estarem falando de uma maior chance de ano com El Nino.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, USDA em inglês, revisou sua estimativa para a safra corrente brasileira para 63.4 milhões de sacas, próximo dos 63.5 milhões que tenho usado para exercitar o S&D mundial. Do total, 46.9 milhões de sacas são de arábica e 16.5 milhões de sacas são conilon, acima das 44.5 e 15.7 milhões de sacas, respectivamente estimavas no relatório de maio.
Tecnicamente a quebra dos 113.90 (base o contrato de março) deve animar os especuladores a voltarem a vender o terminal, enquanto uma movimentação acima de 121.70 cts pode animar novamente os altistas.
Não haverá comentário de café nas duas próximas semanas, volto a escrever no final de semana do dia 30 de novembro.
Bons feriados a todos (o Thanksgiving – Ação de Graças - é um dos principais nos Estados Unidos).
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting