Estoque de café nos destinos atrai quem pode aplicá-los nos blends

Publicado em 05/02/2018 08:02

O mercado de trabalho nos Estados Unidos criou mais vagas durante o mês de janeiro do que se esperava e na semana em que o FED se reuniu mantendo o tom de ajuste do custo de dinheiro no país, os títulos soberanos caíram e provocaram uma tomada de lucros dos índices acionários.

Há muito tempo que não víamos uma queda de 2% do S&P500 ou do Dow Jones de 2.5% em um dia, volatilidade saudável para lembrar aos investidores do risco de olhar apenas para uma direção.

Em uma economia onde a empregabilidade é quase plena a expectativa inflacionária renova apostas em mais incrementos dos juros, ajudando o dólar a sair das mínimas de mais de dois anos.

As commodities poderiam se beneficiar de proteções contra a inflação, entretanto como o movimento de alta da maior parte delas foi acentuado desde meados de dezembro, o CRB, por exemplo, acabou encerrando a semana com baixa de 1.50%.

O café em Nova Iorque voltou a testar os US$ 120.00 centavos por libra, encontrando algum suporte no nível, mas inspirando poucas esperanças de altas significativas com a ausência de novidades no fundamento.

É de se imaginar que, por ora, o arábica deva respeitar o enfadonho intervalo que vem negociando há algum tempo, principalmente pelo posicionamento dos especuladores já ser relativamente grande no lado vendido e pela distância das cotações em atingir níveis que atraiam vendas dos produtores.

No cenário de ofertas firmes das origens os estoques no destino vão sendo utilizados, dado que há café mais barato disponível nos armazéns americanos, europeus e asiáticos do que os exportadores dos países produtores conseguem vender. Claro que algumas qualidades não são tão desejáveis, mas quem tem flexibilidade nos blends vai se adaptando enquanto aguarda preços melhores.

No Japão os estoques caíram 80,617 sacas em dezembro, totalizando 3,020,683 sacas, e os certificados das bolsas de Nova Iorque e de Londres também cederam nas últimas semanas.

Para o robusta a exportação de 3 milhões de sacas em janeiro do Vietnã, um bom percentual antecipado em função da proximidade das festividades do ano novo lunar, devem diminuir a taxa de utilização dos estoques da antiga LIFFE.

No arábica vimos os embarques de Honduras também recuperando, com 1,021,904 sacas exportadas em janeiro, enquanto no Brasil parece que o volume embarcado será similar ao de dezembro – nada tão representativo para cessar a queda dos inventários lá fora.

Em uma apresentação feita pela empresa de pesquisas Euromonitor foi dito que o consumo nos Estados Unidos está estagnado desde 2015 e assim continuará até 2022 – depois de acumular crescimentos anuais ao redor de 1% até 2014.

O dado é de certa forma preocupante, mas as importações-líquidas americanas não demonstram esta queda de consumo. Tem de se lembrar também que alguns segmentos novos são mais difíceis de serem mensurados/rastreados, como por exemplo o volume que se utiliza pelas micro-cafeterias e pelos micro-torradores espalhados pelo país.

O contrato de março precisa se manter acima de US$ 119.60 centavos para evitar uma nova venda de alguns operadores técnicos, que tentariam levar as cotações para baixo de US$ 118.30 centavos. As resistências estão todas emaranhadas entre US$ 122.50 e US$ 123.15, onde os fundos podem resolver cobrir algo de suas posições vendidas.

Uma ótima se semana e muito bons negócios a todos.

Rodrigo Costa*

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

Fonte: Archer Consulting

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