Café: Bolsa mantém alta e começa a destravar físico, por Rodrigo Costa
O Dow Jones fez uma nova alta histórica empurrado em grande parte por resultados positivos divulgados pelas empresas que compõe o índice e pelo apetite (ou falta de alternativa) dos fundos passivos que continuam alocando recursos para o mercado acionário, apesar dos múltiplos inchados.
O mercado de trabalho americano em julho criou mais vagas do que se esperava e em junho a revisão dos números oficiais foram ainda mais positivas, causando a reversão da queda do índice do dólar na sexta-feira – que aparentemente caminhava para romper os 91.919, menor nível desde o começo de 2015.
As commodities tentavam sustentar os ganhos recentes e perderam um pouco de força também no último dia da semana, influenciadas pela pausa na desvalorização da moeda dos Estados Unidos.
Dentre os componentes do CRB o suíno-magro, gado e suco de laranja subiram 3.64%, 3.08% e 2.77%, respectivamente, enquanto o açúcar demerara, a soja e o trigo caíram entre 4% e 5%.
O café em Nova Iorque finalmente voltou acima de US$ 140.00 centavos por libra, patamar que não víamos desde abril último (considerando a primeira posição) e sustentou os ganhos, dando esperanças em continuar a forçar a liquidação da posição vendida dos fundos.
O robusta em Londres ficou de lado e com isso a arbitragem alargou um pouco mais, para US$ 43.53 centavos por libra.
A movimentação do físico melhorou no Brasil causando um leve barateamento dos diferenciais na reposição e embora os compradores internacionais esperem ofertas mais baixas o volume de negócios aumentou, atraindo interesse de diversas direções no FOB e no spot.
A aproximação do fim da colheita da safra brasileira com rendimentos menores do que esperados fez com que um importante participante do mercado revisasse sua estimativa de produção de 56 milhões de sacas para 55 milhões de sacas, sendo 43 milhões de arábica e 12 milhões de conilon. Imagina-se que outras casas que trabalhem com um número alto como este devam também fazer um ligeiro ajuste, enquanto entre as que tem números menores a tendência deve ser manter inalteradas as estimativas.
Os estoques no destino por ora continuam subindo, como divulgado pela European Coffee Federation o aumento de 288,850 sacas em maio e como também temos acompanhado o incremento dos certificados do contrato “C” na ICE.
As exportações mais baixas no Brasil têm sido compensadas por embarques maiores da Indonésia, Colômbia e Honduras nos últimos meses, portanto quantitativamente falando praticamente não há preocupação de um suposto aperto em um ano deficitário por parte das indústrias dos países consumidores – por enquanto?
O terminal firme tem animado os altistas que apostam em novas coberturas dos especuladores, por estes ainda estarem vendidos em 14,735 lotes. Com a performance dos últimos três dias eu imagino que a posição já esteja ao redor de apenas 10 mil lotes líquido-vendida, ou quase 30 mil lotes a menos do recorde que vimos no fim de junho.
Ganhos ainda maiores são possíveis se os fundos decidirem ficar comprados no café, assim como em muitas outras commodities que tem estes participantes na ponta da venda, o que soa como música no ouvido de produtores, exportadores, importadores e até mesmo a indústria.
Engana-se quem pensa que os torradores queiram ver preços mais baixos, e não apenas por precisarem colocar diferenciais mais baratos nos livros, mas também pela dificuldade que sempre tem em operar um mercado de preços muito baixos.
Talvez seja este um dos pontos que tenhamos que tomar cuidado, pois o mercado raramente busca níveis que satisfaçam a “todos”.
Com os juros brasileiros estando em tendência de baixa, a bolsa subindo e o carrego (sempre) existir no arábica os produtores devem aproveitar a oportunidade e estender a pré-comercialização da safra 18/19, que a percepção geral aponta para um potencial de ser bem grande.
Uma queda de Nova Iorque abaixo de US$ 135.30 centavos pode acelerar uma realização mais aguda e uma alta acima de US$ 146.10 centavos deve atrair novos compradores.
Uma ótima semana e bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting